No auge do seu prestígio político, o então senador José Richa parecia um candidato invencível na disputa pelo governo estadual em 1990. Seus adversários, Roberto Requião e José Carlos Martinez, figuravam na rabeira de todas as pesquisas. Até o momento em que Requião disparou um tiro mortífero: acusou Richa de ser beneficiário de três aposentadorias – todas legais, diga-se de passagem.
Richa mordeu a isca e usou o programa eleitoral para se defender da “acusação”. Com honestidade, confirmou as aposentadorias. “Sou aposentado, sim!” foi a frase fatal pinçada de sua fala e que passou a ser reverberada exaustivamente no programa do adversário Requião. Richa foi à lona e acabou em terceiro lugar, longe de disputar o segundo turno.
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Agora, 26 anos depois daquele fato histórico, pode ter se iniciado processo parecido. O secretário municipal de Governo, Ricardo Mac Donald Ghisi, ex-aliado de Requião e há muitos anos fiel escudeiro do prefeito Gustavo Fruet, jogou a mesma isca: acusou Rafael Greca, adversário de Fruet na disputa pela prefeitura, de ser aposentado pago pelo município com proventos de R$ 12 mil mensais. Com o agravante, diz Mac Donald em ação que move na Justiça para cassar o benefício e exigir devolução dos valores, que Rafael não cumpriu o tempo de serviço necessário para aposentadoria. Servidor do Ippuc, Rafael teria ficado anos sem dar expediente, à disposição dos gabinetes de Renan Calheiros e de Requião no Senado, mas com salários pagos pelo município.
Rafael, assim como Richa, mordeu a isca. Em nota, confirmou ser aposentado sim, embora tenha argumentado com um atenuante: o decreto que o pôs na inatividade foi assinado pelo prefeito Gustavo Fruet. Repete o José Richa de 1990, que provou a legalidade das próprias aposentadorias, mas não conseguiu convencer o povo a aceitá-las com naturalidade. O desgaste político foi fatal: perdeu a eleição e pôs fim à sua até então brilhante carreira de bons serviços prestados ao Paraná e ao Brasil.
Depende agora do marketing reeleitoral de Fruet fazer Greca carregar o fardo que derrotou Richa.
Trem lento 1
O ministro Luiz Felipe Salomão, do STJ, assinou despacho determinando que o Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná remetesse a Brasília os autos de um processo que envolve a falência da Ferropar – empresa privada que por alguns anos atuou como concessionária da estatal Ferroeste, ferrovia que liga Guarapuava a Cascavel. Sabem de quando é este despacho? É de 30 de novembro de 2011, isto é, de quase cinco anos atrás!
Trem lento 2
Durante esta meia década 15 outros ofícios foram enviados a cinco sucessivos presidentes do TJ repetindo os termos do primeiro até que – ufa! – os autos chegaram à 4ª Turma do STJ dia 9 passado. Com eles em mãos, o ministro relator Luiz Salomão poderá agora julgar o agravo de instrumento 976.413 por meio do qual a Ferropar contesta atos praticados pelo ex-governador Roberto Requião em 2007, que pediu a falência da empresa para cassar a concessão da ferrovia. A justiça é mesmo lenta – até mesmo na hora que só quase lhe basta apertar a tecla “enter” para encaminhar um processo eletrônico.
Primeiro Ibope
Contratada pela RPC, vem aí a primeira pesquisa do Ibope após a definição dos candidatos a prefeito de Curitiba. O instituto entrevistará 602 eleitores a partir desta quinta-feira (17) com término na terça-feira que vem (23), conforme prevê o registro protocolado no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) sob nº 04300/2016. Com base em um cenário ainda incompleto, o Ibope divulgou uma primeira sondagem em 11 de julho, prevendo empate técnico entre Rafael Greca (21%), Gustavo Fruet (18%) e Requião Filho (PMDB), distanciados um do outro dentro da margem de erro de 3 pontos porcentuais, para mais ou para menos. Essa pesquisa foi contratada pela Rádio e Televisão Iguaçu S.A./Rede Massa e questionou 805 eleitores entre os dias 2 e 6 de julho de 2016. O índice de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no TRE-PR sob o número PR05852/2016.
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