Confirmado: o presidente Lula "bateu o martelo" em favor da candidatura do senador Osmar Dias ao governo do Paraná. Vê nisso a única chance de dar à candidata da ministra Dilma Roussef votação exuberante no estado – principalmente se a esse projeto estiver também engajado o PMDB comandado por Requião.

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As fontes que confirmam esta informação acrescentam que o presidente deu ordem expressa para que as tratativas se acelerem e mostrou-se disposto a participar diretamente delas se necessário for. Mais ainda: Lula, que tem se servido ultimamente de interlocutores autorizados, já teria mandado tranquilizar o senador quanto à reciprocidade que ele e o PT estão dispostos a dar: não só quer a sua candidatura como prometeu participar ativamente da campanha, comparecendo a comícios, por exemplo.

A grande incógnita a ser removida diz respeito ao que Requião quererá fazer daqui para a frente. Para não perder a tão preciosa imunidade com a qual se prevenirá dos efeitos de dezenas ou centenas de ações judiciais que pesam contra sua pessoa física, ele precisa eleger-se senador. Mas sabe que terá dificuldades (já sem a caneta na mão) se depender apenas do fisiológico PMDB que comanda. A candidatura de Orlando Pessuti ao governo não representará para ele mais votos do que individualmente pode obter. Logo, o governador terá de ligar-se a uma das candidaturas presidenciais para ampliar suas chances.

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Lula trabalha com este dado e pensa que deixando Requião aliar-se a José Serra e sem o apoio do PMDB, a candidatura de Dilma, mesmo acompanhada por Osmar, sofrerá grande estrago. Daí o esforço do presidente e do PT para também atrair Requião – ainda que a contragosto.

O presidente não perderá a oportunidade de conversar sobre o assunto diretamente com o governador no próximo dia 22, quando cumprirá agenda em Londrina e Congonhinhas.

Os dilemas que ficam para o senador

O senador tem se manifestado pouco sobre a conveniência de declarar-se desde já ao lado PT. Mantém a irreversibilidade de sua própria candidatura e acompanha a distância a intensa movimentação de Beto Richa para sagrar-se candidato do PSDB – e, portanto, se conseguir este objetivo, ser seu adversário direto.

A prudência do senador se fundamenta, primeiro, na esperança que alguns tucanos têm lhe transmitido de que nem tudo está perdido. E que ainda há possibilidade de que Richa seja forçado a adiar seu projeto por quatro anos se a campanha de Serra também concluir – a exemplo de Lula – que é melhor que Osmar Dias não esteja do outro lado.

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A proposta de ganhar um ministério no governo Serra em troca de conformar-se apenas à reeleição ao Senado e, assim, deixar caminho livre para Beto Richa, ainda não entrou, nem de longe, nas cogitações de Osmar.

O segundo motivo a explicar a prudência do senador situa-se nas perdas que amargaria se optar pelo PT. Nesse caso, por exemplo, perderia o PPS, já absolutamente comprometido com Serra. Perderia também o DEM, outro partido de oposição ao governo federal e também vinculado ao projeto do PSDB. Além de muitos minutos nos programas de televisão, corre o risco de ficar também sem as estruturas desses dois partidos para somar-se à do PDT no interior.

Por último, Osmar teme causar fissuras em seu principal reduto eleitoral, o agronegócio, um segmento político e ideologicamente 180º graus em oposição ao PT em razão do apoio que este dá a grupos como o MST e às políticas ambientais contrárias à visão dos produtores rurais.

Consultado pela coluna, um conhecido líder rural, porém, não vê problemas na eventual opção do candidato em receber e dar apoio ao PT e a Dilma Roussef. Sabe que sua opinião ainda não é consensual dentro do agronegócio, mas argumenta com a realidade que o setor, segundo sua percepção, sentiu durante esses anos de Lula.

Dá quatro razões para considerar que não haverá prejuízo: a) o governo Lula não foi nem melhor nem pior do que os anteriores para os produtores rurais; b) os ministros que escolheu (Roberto Rodrigues e, depois, Reinhold Stephanes) sempre foram aliados do agronegócio, o que mostra a linha do governo; c) os agrados ao MST fazem parte da figuração petista; d) a ex-guerrilheira Dilma já se converteu ao jeito de ser do ex-sindicalista Luiz Inácio e, na presidência, não fará diferente, mesmo porque, sem o agronegócio, o país simplesmente para.

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Logo, para concluir, o mesmo líder rural diz que não haveria o que temer. Mas reconhece que não vai ser fácil convencer a "peãozada" de que o PT deixou de ser seu bicho-papão.