O auto-aplauso pelo ajuste fiscal empreendido pelo Paraná desde a chegada do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, tem custado alto preço para os paranaenses em geral. Tanto é que o maior índice de inflação se deu aqui: enquanto na média nacional a taxa ficou em 10,56%, em Curitiba e região a inflação foi a quase 12,6% em 2015.
A principal razão para a majoração dos preços no Paraná ter ficado acima da do Brasil foi a generalizada elevação da carga tributária. De um momento para outro, produtos de consumo popular que pagavam 12% de ICMS, passaram a ser incididos em 18%; alíquotas de 18% subiram para 25%.
O resultado é que a comida que chega à mesa dos paranaenses vem pré-temperada com impostos mais amargos – isso sem considerar que a elevação do dólar também pesa muito no preço dos alimentos. Pobres e ricos precisam comer, uns menos outros mais, mas quem acaba proporcionalmente mais sacrificado é exatamente aquele que conta centavos para manter a mesa da família.
Os mais ricos sofrem menos, mas também reclamam. Aqueles que, por exemplo, queiram afogar a tristeza numa garrafa de vinho sentem um certo gosto de vinagre. A razão? Mudança de critérios na imposição dos impostos sobre produtos sujeitos ao regime de “substituição tributária”. Caso dos vinhos que os comerciantes têm de comprar em outros estados.
Tomemos como base uma garrafa pela qual o varejista curitibano pagou R$ 100,00 ao atacadista paulista. Em novembro do ano passado, o rico apreciador de bons vinhos ia à loja e comprava a garrafa por R$ 165,00. Ele podia não saber, mas R$ 27,20 ele tomava em forma de imposto recolhido à Fazenda estadual. O resto referia-se a outros impostos e ao lucro.
Se o mesmo enófilo for hoje à mesma loja e comprar o mesmo vinho, ele pagará R$ 218,00, ou seja R$ 53,00 mais caro. Isto porque um decreto estadual do fim de dezembro passou a taxar o produto em R$ 57,70, valor ao qual se acrescem R$ 10,00 de IPI (antes isento). Culpas do secretário Mauro Costa e do ex-ministro Joaquim Levy.
Vergonha 1
A polêmica causada pela Associação de Bares e Restaurantes de Curitiba (Abrabar), que em nota pública reivindicou medidas de força para esconder os pobres que hoje se protegem sob marquises da cidade, faz lembrar um fato histórico.
Vergonha 2
Meados de 1983. Poucos meses antes, assumira a prefeitura de Curitiba o deputado Maurício Fruet. Para colher sugestões, convidou sábios do planejamento urbano, políticos e empresários para reunião no Hotel Caravelle. Entre os presentes, estava um deputado federal,dono de uma das maiores redes de lojas do país. Habituado a fazer o trajeto aeroporto-centro pela avenida das Torres, incomodava-o a vista que tinha da Vila Pinto. Achava que turistas também ficavam com má impressão.
Vergonha 3
Expôs então uma solução mágica ao prefeito Maurício Fruet – a construção de um muro alto para tirar a favela da visão dos passantes. Seria o “muro da vergonha”.
Na veia
A família Derosso não perdeu totalmente a majestade desde que João Cláudio deixou de ser vereador e todo poderoso presidente da Câmara por 15 anos. O sangue político continua correndo pelas veias de uma de suas irmãs, Mary Derosso, bibliotecária recentemente aposentada da Câmara com salário de R$ 28 mil. Agora ela é presidente do PHS-Mulher, dedicada a arregimentar militantes para as causas do Partido Humanista da Solidariedade.
Lixo
Além de energia em abundância, a Copel certamente também produz muito lixo. É natural. Mas ao contrário do que faz qualquer empresa e qualquer família, a Copel não paga a taxa de coleta de lixo, embutida no talão do IPTU.