Estão usando um misturador de vozes nessa pré-campanha para a prefeitura de Curitiba. Quem está de fora não entende mais nada afinal, os interlocutores que estão de um lado falam a língua do outro e o outro de um terceiro. E assim por diante. Não é grego, não é latim e também não é sânscrito, pois as palavras são inteligíveis, mas as mensagens que propagam chegam confusas aos ouvidos leigos isto é, a nós pobres eleitores.
Vejamos: o prefeito Luciano Ducci, candidato à reeleição graças às artes e ao apadrinhamento político de Beto Richa, tem-se dedicado ultimamente a falar bem da presidente Dilma e de Lula. Ele se justifica: seu partido, o PSB, faz parte da tal base aliada do governo petista que manda no país; portanto, é natural que ele trate bem os dois líderes. Entretanto, é ao lado de Beto Richa, do PSDB, partido de oposição ao governo federal, que Ducci mais gosta de ser fotografado e de trocar juras de fidelidade.
Gustavo Fruet não escapa dessa. Fez fama nacional quando, no PSDB, foi um dos líderes da CPI que desvendou a trama do "mensalão" patrocinado por figuras do PT e do governo Lula. Hoje, no PDT após ser obrigado a deixar o tucanato, esforça-se para explicar a aliança com o PT. É difícil entender o idioma.
Já no PMDB, o ex-deputado Rafael Greca, embora esteja definido como pré-candidato desde o ano passado, após ser aprovado por 8 em cada 9 militantes que participaram do último encontro municipal da legenda, tem de aguçar sua audição poliglota nela incluído o Latim eclesial mas ainda assim não consegue entender o movimento de correligionários que pretendem entregar a legenda no colo de Luciano Ducci e renunciar à candidatura própria.
Nessa torre de Babel habita também o candidato do PSC, Ratinho Jr., que nas últimas eleições esteve ao lado do PT no Paraná e, no plano federal, permanece junto com o governo desde os tempos de Lula. Os poucos segundos de que sua legenda dispõe no horário eleitoral gratuito não sustentariam uma campanha solitária. Precisa agregar outras siglas para esticar esse tempo. Ainda que seja recordista de votos nas eleições para deputado, sua voz também não é entendida. Parece clamar no deserto.
Resumo da história: essa mistura de vozes não tem nada a ver com ideologias, doutrinas, posições políticas coerentes com o passado ou com o futuro. As vozes mais confundem do que explicam.