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Onde erramos? Essa foi a pergunta que estava atrás de uma resposta, ontem, no fim da tarde, quando todo o estado-maior da campanha de Osmar Dias se reuniu no comitê central – com a presença do candidato. O encontro foi a portas fechadas, mas, segundo vazou um reticente participante, deu-se nele uma espécie de catarse coletiva, mas tudo em "alto nível" e sem "caça aos culpados", esclareceu.

A preocupação com o quadro adverso que as pesquisas vêm demonstrando motivou o encontro. O diagnóstico foi abrangente. Discutiu-se desde a eficácia do programa de televisão até a adequação do discurso do próprio candidato e dos demais integrantes da chapa majoritária. No fim, o consenso: muita coisa precisa mudar nesses 30 dias que antecedem a eleição para reverter o quadro sombrio.

O que exatamente vai mudar não foi revelado. Sabe-se, porém, que vai se manter a aposta no poder de transferência de Lula. Se funciona para Dilma, por que não haverá de funcionar para Osmar? – perguntaram-se os generais e coronéis da campanha. Por isso, a partir de agora – esta teria sido uma das decisões –, Lula estará mais presente nos programas de tevê do horário gratuito.

Aliás, nesta quinta-feira, o presidente cumprirá agenda em Foz do Iguaçu – mas depois do expediente e dos compromissos oficiais estará num palanque ao lado de Dilma e Osmar Dias. Câmeras e microfones gravarão também depoimentos especiais de Lula para uso intensivo na propaganda de rádio e televisão.

Além de Lula, outro convocado a participar mais diretamente da campanha foi o governador Orlando Pessuti. Acredita-se que ele poderá contribuir para a provocar uma virada nas expectativas. Números do Ibope (*) foram compulsados por alguns estrategistas para embasar suas esperanças.

Segundo o instituto, na pesquisa divulgada no fim de semana, a aprovação de Pessuti no Paraná atinge índices elevados: 79% dos entrevistados classificaram seu governo como ótimo (6%), bom (42%) ou regular (29%). A taxa obtida é semelhante à de Requião nos seus melhores momentos. Ontem mesmo, no seu retorno dos Estados Unidos, Pessuti se reuniu com mais de uma centena de prefeitos. Em seguida, chamará às falas alguns deputados da base.

• Ibope: encomendada pela RPC, a pesquisa ouviu 1.008 eleitores entre 23 e 25 de agosto e está registrada no TRE sob nº 25671/2010. Margem de erro de 3 pontos.

Olho vivo

Transferência 1

Essa coisa de transferência de votos é coisa que precisa ser melhor estudada. Lula transfere prestígio e votos para Dilma, mas não consegue o mesmo com seu candidato ao governo de São Paulo, o petista Aloizio Mercadante, que figura num distante segundo lugar diante do oponente tucano Geraldo Alckmin. Em Minas Gerais, o candidato apoiado pelo presidente, o ex-ministro Hélio Costa, começa a perder terreno perigosamente para Antonio Anastasia, apoiado por Aécio Neves.

Transferência 2

O comportamento do eleitor não segue a mesma matemática. É o que se vê também na eleição para o Senado, no Paraná. Os candidatos Roberto Requião e Gleisi Hoffmann, que pertencem à coligação de Osmar Dias e são apoiados por Lula, têm mais votos entre os que se declaram eleitores de Beto Richa. Eles despontam com 48% e 46%, respectivamente, ao passo que o tucano Gustavo Fruet, da chapa de Beto, consegue 28% entre os eleitores deste, segundo aferição do último Ibope/RPC.

Transferência 3

O desconhecimento de que Fruet é o candidato apoiado por Beto Richa pode ser uma das causas do índice menor que obtém. Mas também pode haver outra causa: Beto Richa também não consegue transferir votos para quem apoia. Por isso, Fruet diversifica: nesta quinta-feira fará campanha em Cianorte, Paranavaí e Campo Mourão na companhia – de quem? – de Alvaro Dias que, embora tucano em membro da coordenação da campanha de José Serra à Presidência, não trabalha para a eleição de Richa. Só para Gustavo.

Verdade?

Quantos prefeitos tem o Paraná? Oficialmente, são 399 – lógico, o mesmo número de municípios. Mas os candidatos ao governo continuam fazendo contas diferentes – cada qual contabilizando apoios que, somados, elevam a quantidade de alcaides para bem mais do que o possível. Como se espera que os candidatos digam estritamente o que consideram verdade, o mais provável é que tem muito prefeito mentindo para eles.

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