Embora espremidas entre o processo de impeachment de Dilma Rousseff; a administração interina tatibitate de Michel Temer; a crise que levou Eduardo Cunha à renúncia da presidência da Câmara; o trem-fantasma da Lava Jato; e a proximidade das Olimpíadas – avançam nos bastidores as articulações para a eleição de prefeito de Curitiba.
Como se verá pelo andar da carruagem nas últimas semanas, nada se pareceu com o silêncio dos inocentes ou com a paz dos pântanos:
• Confirmou-se a previsão de que iria para o brejo a candidatura de Luciano Ducci (PSB). O ex-prefeito agora já é um a menos na disputa após constatar que seu principal cabo eleitoral, o governador Beto Richa, batera em retirada;
• Rafael Greca, animado com sinais de que estaria na posição de favorito para impedir a reeleição de Gustavo Fruet, busca apoios partidários para engordar a raquítica fatia que seu nanico PMN lhe garante. Quis trazer o PSB de Luciano para seu redil, mas os deputados que desembarcaram do PMDB e viraram “socialistas” prometem entornar o caldo;
• O mesmo ânimo já levou Greca a montar uma equipe de “notáveis” para organizar a campanha e arrecadar fundos. Dela fazem parte Giovani Gionédis (o ex-secretário da Fazenda de Jaimer Lerner que conduziu a venda do Banestado), o construtor Edenilson Rossi, dono da empreiteira Sial (aquela que alicerçava com propinas a construção do anexo do Tribunal de Contas), e o vereador Chico do Uberaba (aquele que disse pagar para trabalhar).
• Dia desses Greca e equipe bateram na porta errada: foram pedir apoio ao senador Alvaro Dias – agora cacique do Partido Verde. Saíram de mãos vazias.
• A Rede Massa (leia-se deputado Ratinho Jr., secretário estadual e dono do consórcio PSC-PSD) encomendou Ibope para este fim de semana. Ratinho não é candidato a prefeito; pensa em 2018, Senado ou governo. Por isso, quer saber que chances tem de eleger prefeito o aliado deputado Ney Leprevost (PSD). Estaria disposto a rever o apoio se os números não forem bons.
• Pelo PT, o atuante deputado Tadeu Veneri tem consciência de que, nos dias atuais, seu partido só atrapalha. Mas, candidato, assume a liderança isolada da legenda, que antes dividia com o grupo da senadora Gleisi Hoffmann, garante a reeleição à Assembleia ou disputará vaga federal.
• A deputada Maria Victoria, candidata do PP, entra na cota das ambições do pai, o ministro da Saúde Ricardo Barros. Já tendo conquistado boa penca de partidos a apoiá-la, marca território em Curitiba em favor da mulher, a vice-governadora Cida Borgheti, na disputa para a sucessão de Richa em 2018. Eleger o irmão Silvio em Maringá e o correligionário Marcelo Belinati em Londrina fazem parte da estratégia.
• Gustavo Fruet quer a reeleição, mas encontra dificuldades para agregar outras legendas ao seu diminuto PDT. Dá como certas o PV, o PTB e o PPS, mas a preocupação maior é como responder aos críticos de sua administração.
OLHO VIVO
O Tribunal de Justiça adiou a sessão do Pleno (120 desembargadores), marcada para segunda-feira (11), em que tomaria uma decisão importante: a de reduzir de 25 para 11, 13 ou 15 o número de membros do Órgão Especial. Este colegiado julga casos de maior repercussão, geralmente envolvendo figurões com foro privilegiado – deputados, por exemplo.
O deputado Nelson Justus há meses é o primeiro da fila em julgamento pelo Órgão Especial, que só realiza sessões a cada 15 dias. A denúncia contra ele (irregularidades na Assembleia) já foi aceita. Um desembargador (Wellington de Moura) pediu vista na primeira sessão; na terceira, outro magistrado (Dartagnan Serpa) fez a mesma coisa. Se mais 22 também pedirem vista e descontados os recessos, o julgamento de Justus será mais arrastado do que o do deputado Eduardo Cunha na Câmara Federal.
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