O inusitado interesse do governo estadual de investir na construção de duas rodovias no litoral do estado gera desconfiança quanto a uma pretensa promiscuidade entre o público e o privado. As estradas visariam a beneficiar empreendimentos portuários privados – o Ponta do Poço, em Pontal do Sul, e o Ponta do Félix, em Antonina. Sem elas, os terminais ou não se viabilizam ou não se expandem como querem seus donos.

CARREGANDO :)

Acontece que as duas estradas cobram um altíssimo preço ambiental, mas o caso mais preocupante é o da rodovia que pretende ligar diretamente a BR-277 a Antonina sem passar, como é hoje, pela histórica Morretes. O problema é que ela rasga áreas de mangue, destroi sambaquis e corta trechos expressivos de Mata Atlântica.

Não é projeto novo. Foi pensado no ano 2000, ainda no governo Lerner. Mas já na ocasião, os estudos de impacto ambiental deixavam claro que o dano seria irreparável. O caso foi parar na Justiça Federal que impediu a construção por julgá-lo prejudicial à sociedade e ao meio ambiente e por falta de justificativa econômica plausível.

Publicidade

Agora, no apagar das luzes do governo Beto Richa, a obra foi ressuscitada. Com estudos patrocinados pela empresa que explora o Ponta do Félix, que contou com estranha anuência e colaboração do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o velho Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) foi maquiado para que, com a inclusão de uma nova tecnologia, a obra passasse a ser supostamente menos danosa.

A nova tecnologia, nunca usada no Brasil e pouco experimentada no mundo, propõe a construção sobre pilotis de uma ponte de 300 metros de comprimento sobre o rio Nhundiaquara. Só o fato de a nova tecnologia ser dominada por algumas poucas empresas já faz os ambientalistas imaginarem a existência de intenção de direcionar a construção.

A ponte, no entanto, não resolve o restante dos problemas. O traçado da estrada, de 13 quilômetros, continua sendo o mesmo que foi já foi proibido pela decisão da Justiça Federal. Tanto o Ministério Público Federal quanto o Estadual buscam, via cumprimento da sentença, impedir o licenciamento, mas o governo do estado, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), não só insiste em manter o projeto como quer lançar o quanto antes o edital de licitação. Organizações ambientais, como as conhecidas SPVS e Hub Verde, entraram também na briga judicial.

O interesse do estado para executar a obra coincide com o contestado licenciamento para a construção de um grande pátio de estacionamento de caminhões à beira da BR-277, bem nas proximidades de Paranaguá e do acesso à nova rodovia (se sair). Esse empreendimento – já suspenso por ordem judicial também em razão de problemas ambientais – rendeu ao governador Beto Richa um inquérito da Procuradoria-Geral da República autorizado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Havia indícios de que a dona do projeto, a Green Logística, contemplaria interesses econômicos da família Richa – acusação que o governador já contestou.

Foro & abuso 1

Será nesta sexta-feira (26) o painel sobre dois projetos polêmicos que tramitam no Congresso: Prerrogativa de Foro e Abuso de Autoridade. Promovido pelo Instituto dos Advogados do Paraná e coordenado pelo advogado Francisco Zardo, o evento contará com a participação dos juristas René Dotti e Hélio Gomes, além dos procuradores Rodrigo Chemin Guimarães e Carlos Fernando Santos Lima, este último integrante da força-tarefa da Lava Jato.

Foro & abuso 2

Autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que extingue o foro privilegiado, o senador Alvaro Dias fará palestra sobre o tema às 14 horas. O painel ocorrerá a partir das 10h no Centro de Eventos da Fiep (av. Comendador Franco, 1.341), com ingressos a R$ 50,00. Informações e inscrições pelo fone 3224-3213.

Publicidade