• Carregando...

O presidente do diretório curitibano do PSDB, vereador João Claudio Derosso, saiu muito satisfeito da reunião que teve ontem com o presidente estadual do partido, deputado Valdir Rossoni: segundo ele, nada mais o impede de confirmar a convenção municipal que convocou para o próximo dia 20, quando será certamente reconduzido à presidência. A realização da convenção esteve ameaçada de cancelamento por orientação superior, que pretendia nomear uma comissão provisória que seria comandada pelo grupo do ex-deputado Gustavo Fruet.

Ontem à noite, Derosso conduziu a escolha dos delegados zonais do PSDB de Curitiba em reunião realizada no Hotel Hara – um três estrelas que, às terças-feiras, em período de temporada do crustáceo, reúne tucanos emplumados em torno de animadas caranguejadas. O governador Beto Richa, além de Derosso, é um dos convivas dessas ocasiões festivas.

Os delegados, todos do grupo de Derosso, serão os eleitores da convenção do dia 20 – o que, em tese, representa uma garantia de que Gustavo Fruet não mais vai ser uma pedra a atrapalhar um projeto maior, de médio prazo, acalentado pelo atual e (previsivelmente) fututo presidente do diretório municipal.

O projeto, como se sabe, é levar o partido a apoiar a reeleição do prefeito Luciano Ducci no pleito do ano que vem, muito embora ele seja do PSB – legenda aliada do PT e ao governo no plano nacional, ao qual o PSDB faz oposição. Uma contradição que no Paraná, com a antiga "dobradinha" Richa-Ducci, não é levada em conta. A dobrada se manteria em 2012, agora com Derosso como vice na chapa de Ducci. Seria o "beijo da morte" para Gustavo Fruet, embora seja o nome mais forte do PSDB para disputar a prefeitura de Curitiba. Nessa caso, o ex-deputado seria forçado a procurar abrigo em outra sigla para enfrentar Ducci nas urnas.

De outras fontes, contudo, obtém-se a informação de que a situação não seria tão tranquila como quer aparentar o vereador João Cláudio Derosso. Para alguns interlocutores, o presidente estadual, Valdir Rossoni, teria dito que ainda acha possível preservar a presença de Gustavo Fruet no ninho tucano e, quem sabe, até fazê-lo candidato.

A solução, talvez, seja a de determinar (pela segunda vez em menos de um mês) o cancelamento da convenção convocada por Derosso. E, em seu lugar, nomear comissão provisória – conforme recomendação do senador Sérgio Guerra, presidente nacional tucano.

* * * * *

Casos arquivados

Num dos canais da televisão a cabo pode-se assistir a uma série que leva o título de "Casos arquivados". Ela retrata a atuação de grupos de policiais norte-americanos que se concentram no trabalho de descobrir a autoria de homicídios ocorridos há anos, às vezes décadas – crimes que à época ficaram sem solução em razão da deficiente tecnologia então disponível como auxiliar das investigações.

Já houve episódios que mostraram a identificação de autores de homicídios praticados há meio século graças à utilização de meios científicos hoje existentes. Exames de DNA, por exemplo. Um fio de cabelo, uma mancha de sangue, um vestígio de sêmen ou uma digital parcial são hoje muitas vezes suficientes para o esclarecimento de assassinatos. Claro, êxitos desse tipo só acontecem em lugares onde evidências e provas materiais foram devidamente preservadas.

Pois bem: tudo isso para lembrar que, anteontem, a Secretaria Estadual da Segurança Pública anunciou a criação do Honre – sigla para Homicídios não Resolvidos –, um grupo de investigadores que se dedicará a investigar casos não solucionados há mais de dois anos. Com isso, os demais policiais estarão liberados para atender a rotina de crimes que se renova a cada dia.

Veterano e experiente policial, delegado aposentado que ocupou cargos de relevância no sistema de segurança pública do Paraná, aprovou a ideia. Mas tem lá suas dúvidas sobre sua eficácia. Ele lembra dados da própria Secretaria de Segurança: menos de 30% dos homicídios praticados no Paraná têm sua autoria identificada; apenas 5% dos criminosos acabam condenados pela Justiça e colocados na cadeia. Índice tão baixo é explicado por deficiências na investigação e por inquéritos mal elaborados.

Isto significa – de acordo com o ex-delegado – que o Honre terá muito trabalho pela frente, já que 95% dos homicidas do Paraná estão soltos aí pelas ruas, impunes. E demonstra sua desconfiança quanto à preservação dos arquivos correspondentes aos crimes não solucionados – matéria-prima com que o Honre terá de trabalhar. O veterano policial pode ter razão: os arquivos das delegacias têm merecido condições melhores de "sobrevivência" do que os xadrezes onde os presos são depositados nas cadeias públicas?

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]