PM à espera da PEC
A Polícia Militar aguarda com ansiedade que o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Nelson Justus, promulgue a PEC 64 a emenda à Constituição Estadual aprovada em agosto passado (quando as eleições estavam próximas) que muda radicalmente o sistema de remuneração salarial da corporação. Muito embora represente um aumento de custo da ordem de 20% na folha, o novo sistema é considerado como o mais poderoso fator para a melhorar a eficiência da PM.
A PEC extingue o sistema atual, de soldos, e passa a remunerar o contingente pelo sistema de subsídios, sem os inúmeros penduricalhos hoje vigentes. O maior subsídio é o pago aos coroneis e ficará próximo ao valor do soldo que recebem hoje. Em escala decrescente, de oficiais a praças, passarão a ser remunerados com porcentuais do maior subsídio a exemplo do que já ocorre nas esferas da magistratura e até mesmo parlamentar.
Mas o mais importante não é isto. Mais importante é que, concomitantemente à implantação do sistema de subsídios, começa um processo de qualificação dos policiais. Nenhum novo praça o mais baixo nível da hierarquia será admitido na corporação se não tiver diploma universitário. Para oficiais, será exigida a formação em Direito. Para o coronel Elizeu Furquim, presidente da Associação de Defesa dos PMs (Amai) entidade que mais lobby fez para a aprovação da PEC , a emenda vai proporcionar um salto de qualidade nunca antes visto nos serviços de segurança pública do Paraná.
Muito embora tudo ainda dependa do resultado da eleição presidencial que será conhecido na noite de domingo já se discute o futuro dos políticos paranaenses na esfera federal. Se Dilma Rousseff vencer o pleito, devem se salvar algumas cabeças importantes que naufragaram na eleição estadual. Mas se for José Serra o ganhador, há chances também para outros paranaenses ilustres.
A eventual vitória de Dilma, por exemplo, poderá representar alguma compensação para o senador Osmar Dias derrotado no pleito para governador e para o governador Orlando Pessuti, que abdicou da própria candidatura a pedido de Lula para integrar a tropa de apoio à presidenciável petista. Diz-se que os esperam cargos que já lhes haviam sido prometidos desde o início das negociações para a formação da coligação PT-PDT-PMDB no estado em caso de derrota do grupo em nível estadual.
Para Osmar estaria reservado o Ministério da Agricultura no governo de Dilma Rousseff cargo que, pela experiência de vida, lhe cairia bem. Seria uma escolha natural, que não encontraria resistências em nenhum outro partido que fez parte da aliança nacional. E seria também um prêmio à lealdade e ao sacrifício do senador durante a campanha, incluindo nesta etapa de 2.º turno.
Osmar, contudo, tem dito que prefere terminar seu mandato no Senado e, em seguida, dedicar-se à profissão de agricultor. Quer cuidar das fazendas e esquecer da política. Terá de ser convencido a esquecer esta ideia se Dilma se convencer que precisa ter um paranaense em posição estratégica para compensar o governo estadual de oposição que se vai instalar no Paraná também em 1.º de janeiro.
Pessuti também estaria desde já incluído nos planos mas não apenas em sinal de agradecimento pela sua participação em favor de Dilma, mas sobretudo como peça importante para neutralizar o ciclotímico comportamento do senador eleito Roberto Requião. Este não conta com a simpatia da cúpula do PMDB (leia-se principalmente Michel Temer, vice-presidente de Dilma) e nem se considera que venha a proporcionar segurança para o governo no Senado.
Seria preciso prestigiar Pessuti e mantê-lo com poder de liderança sobre o PMDB paranaense. Para tanto, imagina-se que lhe possa ser destinada a diretoria de Itaipu reluzente posto hoje ocupado pelo petista Jorge Samek. Para este, pensa-se colocá-lo em outra posição proeminente. Presidência da Eletrobras, por exemplo.
E se der Serra?
Mas, se Serra ganhar a eleição de domingo? Esqueçam-se estes nomes para se pensar em outros. Um dos mais cotados para assumir posição de destaque no plano federal é o senador Alvaro Dias, por duas fortes razões. Primeiro, porque Serra e o partido reconhecem e o respeitam pelo desempenho parlamentar. Segundo porque, em razão das artes políticas, acabou preterido como candidato a vice-presidente na chapa de Serra.
Serra terá, antes, de pacificar as conturbadas relações de Alvaro com o governador eleito do Paraná, Beto Richa. Outro paranaense com chances numa eventual presidência tucana é o premiado deputado Gustavo Fruet. Candidato ao Senado, mostrou prestígio ao quase derrotar Requião. Serra já lhe teria acenado com sua bênção para disputar a prefeitura de Curitiba em 2012 e, para tanto, poderá ser chamado a ocupar uma posição estratégica no plano federal.