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Neste finzinho de 2013, o Instituto Paraná Pesquisas prospectou as tendências do eleitorado sobre em quem votar para governador em 2014. Todos os números estão na edição do último domingo desta Gazeta, jornal que encomendou a sondagem.

Os índices aferidos não são surpreendentes para um período ainda tão longínquo do 5 de outubro do ano que vem, data em que mais de 7 milhões de eleitores acorrerão às urnas. O governador Beto Richa (PSDB), candidato à reeleição, aparece sempre como franco favorito – o que é natural considerando-se principalmente sua maior exposição perante a opinião pública em relação aos demais candidatos. Cientistas políticos notam que candidatos à reeleição sempre aparecem melhor que os adversários nas primeiras sondagens de opinião.

Três cenários foram testados e nos três Richa aparece bem à frente da ministra Gleisi Hoffmann e do senador Roberto Requião, cotados como os mais prováveis candidatos, respectivamente, do PT e do PMDB. Quando ambos (Requião e Gleisi) aparecem juntos na disputa, a eleição poderia seria decidida em segundo turno, mas Richa seria reconduzido ao Palácio Iguaçu já no primeiro turno se o PMDB substituir Requião pelo ex-governador Orlando Pessuti. Com Gleisi e Requião na peleia, Richa faria 43% dos votos, mas os outros dois fariam, respectivamente, 23% e 19%, somando 42%.

Dadas as tendências atuais apontadas pela sondagem, ganha força o "fator Requião". Para Beto Richa, é importante alijá-lo da disputa, pois as aparências indicam que sua vitória sobre Gleisi Hoffmann lhe seria mais fácil. Por outro lado, as chances de a ministra chegar a um confronto com Richa no segundo turno dependeriam da candidatura de Requião.

Pessuti também é "fiel"

Como assinala o Instituto Paraná Pesquisas, o senador e ex-governador (por três mandatos) Roberto Requião é o fiel da balança. A "cara" da eleição muda radicalmente com ou sem sua presença – e por isso mesmo todas as articulações que neste momento se processam nos bastidores se voltam para sua polêmica figura.

Para Richa, é claro o interesse de atrair o PMDB e influenciar sobre o resultado da convenção do partido. Mas, nesse caso, ele enfrentará outro "fiel da balança" – o ex-governador Orlando Pessuti, "dono" de estimados 20% dos votos dos convencionais peemedebistas. Os outros 80%, calcula-se, dividem-se igualmente entre a bancada de deputados estaduais (que prefere levar o partido a se aliar a Richa) e o comando de Requião, que o quer candidato. Logo, seriam os 20% de "pessutistas" que, em tese, terão o poder de traçar o caminho a ser tomado pelo PMDB.

Por outro lado, afigu­ra-se como vital para o PT de Gleisi Hoffmann que o PMDB tenha, preferencialmente, candidato próprio ou, secundariamente, que componha sua aliança. Assim como imagina Beto Richa, o PT também não descartaria a possibilidade de oferecer a posição de vice a um peemedebista.

Reprise de 1990?

O "fator Requião" impõe receios para os dois lados. Se conseguir apoio para ser candidato, o senador pode ser tentado a reprisar a mesma estratégia que o elegeu governador pela primeira vez, em 1990. Naquela eleição, eram três os candidatos mais competitivos – pela ordem de preferência nas pesquisas, José Richa, José Carlos Martinez e ele, Requião, num modesto terceiro lugar, aparentemente sem chances para nem sequer chegar ao segundo turno.

A estratégia consistiu em destruir a biografia intocável de José Richa, na época senador e respeitado ex-governador. De tanto bater, atacando sobretudo as aposentadorias de que já gozava o adversário, Requião fez o prestígio de Richa decair para a terceira colocação no primeiro turno. No segundo, que disputou com o "imbatível" Martinez, Requião assestou contra ele todas as suas baterias até abatê-lo sob acusações de grilagem de terras. Para tanto, serviu-se do fictício "Ferreirinha", que encarnava papel de pistoleiro que prestara serviços à família Martinez.

O senador Roberto Requião parece já estar ensaiando o mesmo roteiro. Elegeu Beto Richa como sua opção preferencial e não passa um dia sem desferir críticas mordazes à administração estadual. Mantido o estilo, suas críticas poderão ser potencializadas durante os horários de propaganda eleitoral, assim como fez em 1990.

A diferença que o separa de 23 anos atrás é a rejeição que acumulou no período. O Paraná Pesquisas mensurou em 28% o número de eleitores que não votaria em Requião de jeito nenhum. É a maior rejeição entre os três principais candidatos – o dobro da atribuída a Beto Richa (14%) e bem superior à de Gleisi Hoffmann (11%).

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