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Na mitologia grega, Minotauro, touro com cabeça humana que resultou da ardente paixão da rainha de Creta por um touro branco, foi encerrado num labirinto mandado construir pelo rei traído pela esposa. Tão complicado era o labirinto que dele jamais Minotauro poderia sair sem ajuda externa.

Afora os aspectos pouco lisonjeiros da origem do monstro, o governador Roberto Requião está agora envolvido no mesmo drama que encafifou Minotauro – isto é, encontrar alguém que o ajude a encontrar a melhor saída do labirinto em que se encontra.

A melhor saída é aquela que lhe proporcione uma vitória tranquila e consagradora na eleição para o Senado no ano que vem. Isso não depende apenas dele, mas também de quem se dispuser a oferecer-lhe companhia segura e firme.

Requião tem diante de si pelo menos quatro alternativas para sair do labirinto. Com a ajuda dos assessores e palpiteiros de sempre, ele pensa que poderia ser incluído como candidato a senador sob qualquer dessas quatro hipóteses preferenciais:

• Firmar acordo (branco, se necessário for) com o candidato ao governo Osmar Dias (PDT) numa composição em que o candidato a vice seria do PT.

• Torcer pelo sucesso de um trabalho que vem sendo feito pelos conselheiros-políticos do Tribunal de Contas, Hermas Brandão e Heinz Herwig, para unir o PSDB ao PMDB. Nesse caso, o candidato a governador seria o prefeito Beto Richa com a vice destinada ao deputado Alexandre Curi.

• Apoiar oficialmente o candidato do seu próprio partido, isto é, o vice Orlando Pessuti, e "correr por fora" como candidato independente, de modo a não se contaminar com o previsível fracasso eleitoral de Pessuti.

• Tentar influenciar a seara alheia para que o PSDB opte pelo lançamento do senador Alvaro Dias para o governo – o mais palatável para o PMDB paranaense de todos os que já se anunciaram pretendentes ao Palácio Iguaçu.

Requião está disposto a pagar quem o ajudar com a moeda mais valiosa que guarda com segurança e mão de ferro na própria algibeira: a estrutura do PMDB espalhada e organizada em todo o estado – trunfo que nenhum outro partido dispõe. Trata-se de uma oferta que qualquer dos candidatos a governador reconhece como valiosa.

Mas voltando a Minotauro: diz a lenda que o monstro foi assassinado por Teseu, filho do rei Egeu, dentro do labirinto...

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Olho vivo

Recebíveis 1

Enquanto esteve na presidência da Cohapar, de 2003 a 2007, o deputado Luiz Claudio Romanelli diz ter conseguido entregar 18 mil casas populares e deixar outras 12 mil iniciadas. Eleito deputado, transmitiu o cargo ao ex-deputado Rafael Greca. Nesses dois últimos anos, a nova gestão teria conseguido fazer não mais do que cerca de 3 mil casas e também, afundada em dificuldades financeiras, não teria aberto perspectivas de recuperar o terreno perdido.

Recebíveis 2

Romanelli, no entanto, vem sendo citado como responsável pelo malogro do programa habitacional do governo do estado. Segundo fontes do setor, conforme relatado ontem nesta coluna, ele teria vendido "recebíveis" – isto é, prestações atrasadas ou a vencer – para outras instituições, o que teria deixado a Cohapar sem receita para abrir projetos novos. Essa seria, segundo a visão de alguns, a causa da grave crise financeira da companhia.

Recebíveis 3

Romanelli confirma que, de fato, negociou com o Ministério das Cidades e com a Caixa Econômica a "venda" de casas usadas, de mutuários inadimplentes, recebendo valores que permitiram à Cohapar construir outras e gerar renda nova. Ou seja, a Cohapar, ao contrário de perder receita, como se alega, teria até melhorado seus balanços, diz o ex-presidente. Vai daí que, mesmo sem se arriscar a criticar o sucessor Rafael Greca, os bons entendedores podem concluir pelas explicações de Romanelli que o suposto estado pré-falimentar da Cohapar seria resultante de má-gestão atual. Dúvida que só o próprio Greca ou o governador Requião poderia dirimir.

Controvérsias

O senador Alvaro Dias e o ex-conselheiro do TC Maurício Requião foram vistos jantando noite dessas num fino restaurante de Curitiba. O que teriam conversado? Há controvérsias. Mas, segundo testemunhas que acompanhavam um dos lados, o ágape serviu para Maurício dar a Alvaro uma boa notícia: o presidenciável José Serra teria afirmado ao grupo de peemedebistas que foi visitá-lo em São Paulo na semana passada (o próprio Maurício, Waldir Pugliesi e João Arruda) que a melhor composição política para favorecer a candidatura tucana seria com Alvaro Dias.

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