Afinal, o metrô imaginado e prometido pelo prefeito Beto Richa seria uma obra municipal ou federal? A dúvida foi desfeita na última sexta-feira – quando, após audiência com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o prefeito anunciou que não teria condições de construí-lo sem recursos federais a fundo perdido. Isto é, metrô em Curitiba só se Lula pagar a conta de R$ 960 milhões – valor que corresponderia a 66% do custo total, estimado em R$ 1,44 bilhão.

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O galo cantou três vezes em pouco mais de um mês. A primeira vez em que a prefeitura ficou sabendo que não teria o dinheiro de graça veio pela boca da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A segunda, logo depois, veio através de Paulo Bernardo, em reunião realizada em Brasília com prefeitos e técnicos das 11 cidades-sede da Copa do Mundo. E a terceira aconteceu na sexta-feira, quando o ministro reafirmou a impossibilidade de destinar tantos re­­cursos do PAC para uma obra só, já que há demandas de outras capitais a serem atendidas.

Em novembro, na reunião de Brasília, Richa ouviu de Bernardo a proposta de que, se quisesse tocar a obra, o governo federal estaria disposto a financiar R$ 800 milhões, com 30 anos de prazo e a juros subsidiados – mas nunca a fundo perdido. Era a mesma posição de Dilma Rousseff, agora traduzida em valores e prazos.

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Logo, não haveria motivo para Beto Richa se surpreender quando o ministro reafirmou a proposta. Pelo contrário, tanto sabia que, um mês antes, a prefeitura até havia feito uma contraproposta, aumentando de R$ 800 milhões para R$ 960 milhões o seu pedido. Sur­­­preendente mesmo foi o que o prefeito disse na entrevista que deu logo após a reunião no seu gabinete na sexta: "Pensei que fosse a fundo perdido!"

Nessa mesma reunião, Ber­­­nardo voltou a aconselhar: que a prefeitura inscreva o projeto no PAC 2, a ser lançado no próximo governo. Até lá, quem sabe, torne-se possível a liberação de recursos a fundo perdido. Richa aceitou a ideia. O que significa que, se tudo der certo, o projeto só começará a ser reestudado a partir de 2011 – evidentemente, portanto, sem tempo para ser concluído (nem mesmo pela metade como já estava previsto) até a Copa de 2014.

A alternativa de emprestar dinheiro foi rechaçada pelo prefeito sob a justificativa de que não queria comprometer o futuro das finanças municipais – argumento, porém, que esconde o principal: a prefeitura está com sua capacidade de endividamento esgotada, como ficou demonstrado pela dificuldade em contrair empréstimo do BID para concluir a Linha Verde.

O metrô curitibano foi promessa da campanha de reeleição em 2008. E foi novamente prometido quando alguém inventou que jogos da Copa do Mundo só poderiam ser realizados em Curitiba se a cidade dispusesse do sistema de transporte subterrâneo. Pelo que se vê agora, a promessa baseava-se numa incerteza. Apostava em um fator que não dependia de ação própria. Apostava que, com a Copa, as exigências seriam abrandadas.

Não deu certo. Vai daí que veio o apelo à fábula de La Fon­­­taine, da raposa e as uvas: o prefeito anunciou também que, entre o metrô e as outras obras previstas para a Copa, preferirá executar as outras. As uvas estavam verdes.

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Olho vivo

Concurso 1

Tradicional foco de proliferação de gafanhotos e fantasmas que costumavam entrar pelas portas dos fundos, a Assembleia Legislativa pretende entrar numa nova era. Acreditem: as contratações futuras só serão feitas mediante concurso público devidamente elaborado e auditado por uma instituição universitária. A informação foi transmitida a esta coluna, juntamente com votos de Feliz Natal, pelo próprio presidente da Casa, deputado Nelson Justus, na sexta-feira.

Concurso 2

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A novidade é uma sequência das medidas tomadas há uma semana, quando a Assembleia aprovou a extinção de 664 cargos. Justus esclarece: esses cargos não estavam ocupados; logo, não geravam despesa. Mas, com a extinção, futuros presidentes não poderão fazer nomeações para ocupá-los. Mas, quando necessário, as vagas só serão preenchidas com concurso.

Pandemia

A Secretaria Estadual da Saúde prevê uma nova epidemia da gripe suína – a temível H1N1 – a partir de março. Motivo: o retorno das viagens de férias a locais onde a doença não foi contida e o reinício das aulas, fator que favorece o contágio. A revelação foi feita pelo superintendente da secretaria, médico Irvando Carula, na Comissão de Saúde da Assembleia. Como não há vacina para todos, anunciou que a prioridade para recebê-la será dos servidores. Ney Leprevost, o deputado que preside a comissão, vai endereçar amanhã ofício pedindo mais informações sobre como o governo está se preparando para enfrentar a nova onda.