Klemtz 1
Acossado durante a campanha por denúncias de que teria levado objetos da Casa Klemtz para sua chácara particular, o então candidato Rafael Greca conseguiu na justiça barrar a sindicância aberta pela Procuradoria Geral do Município e pela Fundação Cultural de Curitiba. Alegou motivos eleitoreiros dos adversários dispostos a desconstruir sua imagem.
Klemtz 2
Greca só abriria a chácara para a vistoria de peritos após a eleição, ganhasse ou não, segundo declarou, em seu nome, o advogado da campanha Walter Agra no dia 27 de setembro, quatro dias antes do pleito. Greca ganhou a eleição e tomou posse. É pertinente, então, perguntar não se, mas quando os peritos serão autorizados a verificar e desmentir a procedência irregular dos objetos históricos que decoram a chácara.
Não levem tão ao pé da letra o anúncio do governador Beto Richa de que estaria cogitando “fortemente” cumprir o mandato até o fim, abandonando, portanto, o projeto de disputar uma das duas cadeiras de senador em 2018. A declaração deve ser entendida apenas como uma tentativa de desarmar atuais aliados que possam se vir tentados a atuar no campo oposicionista se ele ficar sem caneta e fora do Palácio Iguaçu nos nove finais de gestão.
Entenda-se o surpreendente anúncio principalmente como um “recado” para a família Barros — a vice Cida Borghetti, candidata declarada ao governo, e ao seu marido, o ministro Ricardo Barros, operador político suficientemente ousado, pragmático e capaz de embaralhar o jogo sucessório se Richa estiver fora do Palácio.
Não é a primeira vez na sua carreira política que Beto Richa anuncia intenção de cumprir mandato até o fim. Em 2008, por exemplo, sua campanha à reeleição para prefeito de Curitiba teve como mote principal o slogan “Fica Beto Richa” visando a falsamente desarmar os espíritos dos que previam que a reeleição seria mero trampolim para disputar o governo. Para ser levado a sério, chegou a registrar em cartório a promessa de ficar prefeito até o último dia. A intenção, já então visível, era a mesma de agora: não enfrentar oposição antes da hora.
Claro que não cumpriu a promessa: em 2010, dois anos antes de concluir a gestão, candidatou-se ao governo estadual. Justificou-se: foi o povo que lhe pediu para disputar o governo. Ganhou folgado, enfrentando uma oposição desorganizada e fragmentada.
Em relação a 2018, a expectativa que Richa alimentava até anteontem era a de que renunciaria ao Palácio Iguaçu antes do fim do mandato para se candidatar ao Senado. E deu sinais de que sua preferência era a de integrar a chapa do ex-senador Osmar Dias, candidato a governador que detém até agora os melhores índices em todas as pesquisas.
Estes sinais de aproximação com Osmar produziram efeito colateral: a insatisfação de Cida Borghetti e do marido ministro, que se sentiram rejeitados por Richa e estimulados a entrar pesado no jogo. Ainda que fugaz, o poder de que Cida (e o marido) estaria investida por meros seis meses poderia ser um fator, se não fatal para o favorito Osmar Dias, perigoso para as pretensões senatoriais de Beto Richa. Ele teme que, com Cida no poder, venha a perder a máquina de cabos eleitorais que montou no interior do estado.
Então, o dia do imaginário “fico” que Richa anunciou na segunda-feira (16) não teria outro objetivo se não o de conter os ímpetos da família Barros. Embora o faça com muito maior antecedência, sua atitude lembra a de Alvaro Dias em 1990. Pronto para renunciar ao governo e se candidatar ao Senado, Alvaro viu seu vice, Ary Queiroz, montar uma equipe de “oposição”. O que o fez, apenas poucas horas antes, se recusar a assinar a carta-renúncia que lhe foi levada pronta pelo deputado Aníbal Khury. Alvaro desistiu, surpreendeu todo mundo e “ficou” até o fim.
Klemtz 1
Acossado durante a campanha por denúncias de que teria levado objetos da Casa Klemtz para sua chácara particular, o então candidato Rafael Greca conseguiu na justiça barrar a sindicância aberta pela Procuradoria-Geral do Município e pela Fundação Cultural de Curitiba. Alegou motivos eleitoreiros dos adversários dispostos a desconstruir sua imagem.
Klemtz 2
Greca só abriria a chácara para a vistoria de peritos após a eleição, ganhasse ou não, segundo declarou, em seu nome, o advogado da campanha Walter Agra no dia 27 de setembro, quatro dias antes do pleito. Greca ganhou a eleição e tomou posse. É pertinente, então, perguntar não se, mas quando os peritos serão autorizados a verificar e desmentir a procedência irregular dos objetos históricos que decoram a chácara.