O governador teve um pesadelo noite destas. Ele via uma fila enorme de eleitores que, diante da urna, olhavam as fotos de três candidatos, mas só podiam optar por dois. Uma das fotos era dele mesmo, Beto Richa; as outras, de Osmar Dias e Roberto Requião.

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Com o pijama encharcado pela sudorese, no pesadelo ele reviveu os dias de campanha, quando os programas de tevê dos adversários repetiam à exaustão as cenas da batalha do Centro Cívico, professores feridos, os momentos patéticos da dança de um secretário na porta do camburão de deputados, imagens da prisão do primo distante, do amigo co-piloto e fiscais da Receita...

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Assustado, ele teria acordado dona Fernanda para contar o sonho e pedir-lhe apoio para a decisão que lhe acorrera: desistir da candidatura ao Senado e ficar no Palácio Iguaçu até o último dia. O pesadelo, disse ele à mulher, despertara-lhe o pânico de ficar em terceiro lugar se tiver de enfrentar a dupla Requião e Osmar.

Beto descreveu o pesadelo também para alguns dos seus costumeiros assessores. Ouviu palavras de conforto e o esboço de um plano. Um dos áulicos deu-lhe ideia luminosa:

– Por que não fazer preventivamente um “acordo branco” com Osmar para evitar que ele dispute o Senado? Com isso, Beto concorreria só com Requião, mas como são duas as vagas, a segunda seria dele. Osmar ganharia estrutura para a campanha ao governo tendo como adversária uma “cristianizada” Cida Borghetti, a vice que a família Barros quer eleger governadora.

Richa teria gostado da ideia e prometeu meditar. Mas a simples hipótese já serviu para agitar as lombrigas do presidente estadual do PSDB e da Assembleia, deputado Ademar Traiano, que de pronto começou a pensar numa aliança com o PDT e, com isto, virar vice na chapa de Osmar.

Richa espera outras noites agitadas. Em meio a brumas surreais, surgirão ameaçadores rostos de gente parecida com o deputado Ricardo Barros e com o secretário Ratinho Jr. O primeiro é sábio operador de cordéis políticos em favor da família e o segundo imagina assumir a cadeira de deputado, eleger-se seu presidente da Assembleia e se cacifar para uma candidatura ao Senado.

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Esteves em Curitiba

Atualmente hóspede da Bangu I, o banqueiro André Esteves, dono do BTG, mantém milionário negócio com a prefeitura de Curitiba. O BTG, dono da Estre Ambiental (por si e por sua controlada Cavo), detém o monopólio dos serviços de coleta e destinação do lixo da cidade. O contrato com a Estre, no valor de R$ 600 milhões, foi firmado em novembro de 2010 pelo então prefeito Luciano Ducci.

olho vivo
Verdejante 1

O senador Alvaro Dias proporá nos próximos dias que o plenário do Senado aprove pedido de informações ao Tribunal de Contas da União sobre eventual cometimento de crime de responsabilidade também pelo vice Michel Temer. Em duas interinidades na Presidência, Temer assinou sete “pedaladas” – quatro em 2014 e três em 2015. Uma confirmação do TCU levaria o vice ao mesmo cadafalso do impeachment que ameaça Dilma.

Verdejante 1

De janeiro não passa a saída de Alvaro do PSDB para entrar no Partido Verde (PV). Alguns senadores e deputados deverão segui-lo para aproveitar a “janela da infidelidade” que valerá por 30 dias após a promulgação de lei neste sentido, aprovada semana passada. O senador paranaense já decidiu: será mesmo candidato a presidente da República.