Olho vivo

"Sucesso"

Durante o carnaval foram contados 48 casos de homicídio em Curitiba e região metropolitana. Ontem, o governo festejou a solução de cinco casos – pouco mais de 10% do total de ocorrências no período. A propósito: a Polícia Civil, em greve, manterá em serviço apenas 30% de seu efetivo.

Projetos? 1

Quantos projetos importantes foram apresentados pelo governo estadual ao federal para reivindicar recursos? Não há lembrança de que isso tenha ocorrido nos últimos sete anos. Nem mesmo reivindicações mais banais, como o asfaltamento da Estrada da Boiadeira, há décadas esperando por solução, foram nem sequer endereçadas. Coisas assim ficaram por conta de alguns parlamentares, isoladamente, que não contaram com apoio e/ou coordenação do governo.

Projetos? 2

Daí a presença tão pequena do Paraná no orçamento da União, como lembrou ontem o deputado Alex Canziani. Na condição de coordenador da bancada de deputados federais paranaenses, no ano passado procurou o chefe do escritório do Paraná em Brasília, Eduardo Requião, para iniciar entendimentos nesse sentido. Foi a primeira, única e infrutífera conversa. Eduardo estava mais preocupado em transformar a sede da representação em estúdio de televisão e sucursal da TV Educativa.

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29 de junho de 2006. Nessa data, o PSDB estadual realizava a histórica convenção pela qual o partido apoiaria a reeleição de Requião para o governo e, em troca, ganharia a posição de vice-governador na pessoa do então deputado tucano Hermas Brandão. A proposta foi aprovada por uma diferença de apenas quatro votos.

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O resultado poderia ser um pouquinho diferente se um dos convencionais não estivesse ausente: era o senador Alvaro Dias, que viajara às pressas para Maringá, em companhia do irmão Osmar, para o velório do pai, Silvino Dias.

Cinco dias depois, a convenção foi anulada por ato do então presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, por achar absurda a coligação com o PMDB de Requião. A partir daí, o PSDB entrou na numerosa aliança de apoio a Osmar Dias, do PDT, derrotado depois por 10 mil votos por Requião.

A história parece se repetir. Na segunda-feira, dia 22, o PSDB realiza reunião para "oficializar o nome do pré-candidato ao governo do estado", conforme o convite que o partido distribuiu a filiados e amigos. Não se trata de convocação, que teria de seguir o rito determinado pela legislação – publicação de edital em jornais, prazos etc. – mas de simples reunião, talvez festiva, no Hotel Bourbon.

De novo, Alvaro Dias não estará presente por "culpa", entre outras razões, do falecido pai. É que no mesmo dia a prefeitura de Maringá inaugura escola pública que leva o nome de Silvino Dias. E, de novo, terá a companhia do irmão Osmar, outra vez candidato ao governo contra as mesmas forças que enfrentou em 2006 – mas agora sem contar com o PSDB.

Aliás, invertidas as posições, tenta-se agora a ressurreição da coligação que não deu certo em 2006 – isto é, entre PSDB e PMDB. Além de deputados peemedebistas que preferem Beto Richa a Orlando Pessuti, trabalha por esta aliança um dos personagens de quatro anos atrás – o próprio Hermas Brandão, hoje conselheiro do Tribunal de Contas nomeado por Requião em 2007 e, nas horas vagas, conselheiro e articulador político do prefeito-candidato.

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Reina insegurança nos arraiais tucanos para esta reunião de segunda-feira. Embora no convite não sejam citados os nomes dos candidatos que pretendem disputar o governo pelo partido, é tão evidente quanto a claridade do sol que tudo foi preparado para "oficializar" Beto Richa.

Ocorre que esta era ainda – pelo menos até ontem – uma incumbência que foi delegada ao presidenciável tucano José Serra. Caberia a ele, conforme ficou acertado há duas semanas em São Paulo, estudar e definir aquela que, na sua avaliação, seria a candidatura eleitoralmente mais conveniente para a disputa que vai travar com Dilma Rousseff. Ao que se sabe, Serra nada decidiu – e se não decidir até segunda-feira, o PSDB estadual deveria mesmo promover o lançamento de Beto à revelia do presidenciável?

Era esta pergunta que, ontem, atazanava a cabeça de alguns dirigentes tucanos paranaenses. E já havia, até, quem estivesse pensando em cancelar a reunião ou, realizando-a, não oficializar ainda o nome de Beto. Se acontecer isso, será a quarta tentativa fracassada desde o dia 8 passado.