É aquela velha história: "Se a eleição fosse hoje..." Mas não é hoje, será dentro de 40 dias, período em que o andar da carruagem pode sofrer drásticos solavancos. De qualquer modo, a pesquisa Ibope/RPC TV divulgada ontem confirma, com números diferentes, a ordem de favoritismo dos três principais candidatos já apontada pelo Datafolha há dez dias: Beto Richa (PSDB) continua à frente, seguido de Roberto Requião (PMDB) e, à boa distância, Gleisi Hoffmann (PT) em terceiro lugar.

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Embora não se deva fazer comparações entre resultados de institutos diferentes, o Ibope foi mais generoso do que o Datafolha com o candidato à reeleição: Beto aparece agora bastante distanciado de Requião, seu principal rival. No Datafolha estavam tecnicamente empatados (39% a 33%), mas no Ibope a margem de erro não socorre o candidato do PMDB: 43% a 26%. De um instituto para outro, Gleisi melhorou um pouco: tinha 11% no Datafolha e pontua 14% no Ibope.

Historicamente recordista nos índices de rejeição, Requião é apresentado pelo Ibope como incapaz de conquistar os votos de 30% do eleitorado. Isto é, quase um terço dos 7 milhões de eleitores afirmam que se recusarão a clicar o nome dele na urna. Beto e Gleisi estão empatados neste quesito: ambos são rejeitados por 20% dos votantes.

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Então, procuremos entender o que esses números disseram "se a eleição fosse hoje". Eles disseram que Roberto Requião só tem chances de disputar com seus adversários os 70% de eleitores que não necessariamente o rejeitam. O que quer dizer que ele terá de dividir este bolo com os outros dois, o que quer dizer ainda que as possibilidades de crescimento de sua candidatura são pequenas. Requião já teria chegado ao seu limite? As próximas pesquisas talvez ofereçam a resposta.

Há um outro ponto na pesquisa Ibope que merece ser citado: embora 43% dos entrevistados se digam dispostos a reeleger Beto Richa, só a metade do eleitorado confia nele e 41% não confiam. Tais índices não lhe sorriem e podem custar-lhe a eleição em primeiro turno.

Seus problemas podem aumentar com as dificuldades de Aécio Neves. O neto de Tancredo estava em primeiro lugar no Datafolha, mas o fator Marina causou-lhe estragos: agora, pelo Ibope, Aécio (24%) ocupa o terceiro lugar no Paraná, perdendo para Marina (29%) e Dilma (28%). Richa terá de carregá-lo ou despencar junto. Ou vice-versa...

Do mesmo sofrimento padece Gleisi Hoffmann. Se esperava alavancar sua candidatura com a ajuda de Dilma Rousseff, o sonho se esvai em razão da presença de Marina Silva (PSB) na disputa presidencial. Sua abrupta aparição no palco sucessório (em substituição a Eduardo Campos) causou mais estragos no estado para Aécio do que para Dilma, mas a presidente também não passa incólume. O que, sem dúvida, afeta Gleisi.

Marina Silva ainda é um mistério. Manterá o alto grau de preferência que conquistou na chegada ou vai cair à medida que seu discurso for compreendido como a voz do atraso? Por ela, o Paraná seria transformado numa grande reserva indígena, assim como, por ela, hidrelétricas não seriam construídas para que bagres não sejam ameaçados de extinção. Por ela, a agricultura voltaria aos tempos do arado.

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As chances de Gleisi: Marina cair, Beto enroscar-se com Aécio e Requião fazer mais jus à rejeição histórica – tudo ao mesmo tempo nestes próximos 40 dias. É mole?

Metodologias

A pesquisa Datafolha, encomendada pela RPC TV e pelo jornal Folha de S. Paulo, foi realizada entre os dias 12 e 14 de agosto. Foram entrevistados 1.226 eleitores em 46 municípios do estado. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) sob o número 00014/2014 e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00358/2014.

A pesquisa Ibope, encomendada pela RPC TV (Sociedade Rádio Emissora Paranaense Ltda). Foram entrevistados 1.008 eleitores entre os dias 21 e 25 de agosto. A margem de erro é de três pontos porcentuais para mais ou menos com um intervalo de confiança de 95%. O Registro no TSE tem o número PR-00024/2014.

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