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Pontal do Paraná, cidade que receberá a chamada Faixa de Infraestrutura | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Pontal do Paraná, cidade que receberá a chamada Faixa de Infraestrutura| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Não se pode dizer que o Brasil é um país pobre em obras de infraestrutura porque os ecochatos não deixam. Não faz por outras razões que a Lava Jato explica e porque gasta demais com o custeio da própria máquina e não sobra dinheiro para investir. Os governantes têm preferido distribuir campinhos de futebol e inaugurar meios-fios nas cidades para agradar prefeitos que podem lhes servir de cabos-eleitorais no futuro. Ou ainda aprovar emendas parlamentares de efeito paroquial para não perder votações no Congresso, nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais.

Enfim, são muitos os ralos por onde escoam abundantes recursos públicos que em quase nada ajudam a transformar realidades e a pavimentar caminhos para o desenvolvimento econômico e social.

Mas a defesa ambiental também interfere, com a diferença que os movimentos sociais que buscam evitar perdas ecológicas irreparáveis devem ser respeitados. Caso contrário, salvo exageros, o Brasil já teria se transformado num grande deserto.

O Paraná é exemplo típico do descuido histórico em relação à preservação ambiental. A ação predatória que não encontrou limites resultou no desaparecimento quase completo – apenas para dar um exemplo – dos pinheirais que hoje só exitem como símbolo a enfeitar bandeiras.

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Tudo bem que isto aconteceu quando não havia consciência quanto à importância da preservação e os governos nem tinham estruturas de fiscalização. Pelo contrário, até incentivavam os desmates porque pinheiros, imbuias e perobas alimentavam serrarias, forneciam madeira nobre para exportação e se precisava de espaço para criar gado, plantar café e, mais tarde, mecanizar lavouras extensivas e mecanizadas.

Hoje, a mesma farra não acontece com tanta frequência. E quando acontece, ouve-se imediatamente a justa gritaria dos defensores do meio ambiente. Não fosse isso, a Escarpa Devoniana, um dos maiores patrimônios naturais do Paraná, já teria desaparecido. A simples e recente tentativa de reduzir sua extensão para que se abrissem espaços à exploração agropastoril foi barrada graças à ação de organizações não governamentais que se antepuseram à ameaça de destruição.

Neste momento, dois projetos importantes para o desenvolvimento do estado encontram resistência para serem levados avante. Tudo porque, não há dúvida, interferem e biomas que precisam ser preservados.

Um desses projetos é o da Faixa de Infraestrutura de Pontal do Paraná, um mega investimento que, além de uma rodovia de quatro pistas, inclui linhas de transmissão, linha férrea, canais extravasores etc. Tudo em cima de áreas de Mata Atlântica protegidas.

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) – o mesmo que queria permitir a destruição da Escarpa Devoniana – já deu parecer favorável. E uma polêmica audiência pública realizada esta semana em Pontal usou de truques para impedir que entidades de defesa ambiental se manifestassem.

A obra não é importante? Claro que é, principalmente para os empresários que pretendem construir o porto do Pontal do Poço e que só se viabiliza se tiver ligação com o interior do continente. O empreendimento vai trazer desenvolvimento econômico para o Paraná? É inegável.

Então, como encontrar o necessário ponto de equilíbrio entre as demandas da economia e a proteção ambiental?

Esta é uma questão que vai além do emocional e do fanatismo – às vezes quase religioso – que separa as duas partes. E exige de ambas o encontro de um consenso marcado pela racionalidade.

O país está cheio de exemplos em que a teimosia de setores de defesa ecológica foi responsável pela perda de centenas de vida humanas. Um dos casos mais famosos envolve a duplicação da rodovia Regis Bittencourt, entre Curitiba e São Paulo, na altura da Serra do Cafezal, já em território paulista. Toda a estratégica rodovia já tinha sido duplicada pelo governo federal – menos o trecho de 30 quilômetros de travessia da serra em razão, principalmente, de questões levantadas por ambientalistas – preocupados com a agressão à flora e à fauna, mas indiferentes em relação aos trágicos acidentes que se repetiam.

Delegada a uma concessionária sob a condição de que ela fizesse a duplicação do trecho, a obra demorou mais um pouco. Agora está quase concluída, depois que o custoso projeto passou pela aprovação ambiental.

Uma das medidas compensatórias para permitir a construção foi a obrigação aceita pela concessionária de fazer o plantio de espécies florestais nas extremidades da duplicação. A concessionária obedeceu e hoje, além da estrada, cuida também de 45 mil mudas de orquídeas, bromélias e palmitos transplantados.

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