"O Estado do Paraná está disposto a cortar o ICMS do diesel para a tarifa não subir onde não aumentou e para ser reduzida onde, ao meu ver, foi inflada de forma indevida."
A frase é do governador Roberto Requião. Foi dita na última sessão da "escolinha", terça-feira, ao anunciar sua disposição de zerar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços sobre o óleo diesel utilizado nos sistemas de transporte coletivo de todos os municípios. A alíquota é de 12% sobre o combustível.
Na prática, no caso dos ônibus de Curitiba, em quanto o preço da passagem seria reduzido? Pois é: quando se faz as contas, verifica-se que a medida proposta pelo governador vai significar R$ 0,04. Isto mesmo: quatro centavos! Com isso, ao invés de pagar os atuais R$ 2,20, o passageiro vai desembolsar R$ 2,16.
Funciona assim: na composição da tarifa, 25% do valor correspondem ao óleo diesel. Logo, como o combustível está custando hoje para a Urbs e para as empresas R$ 1,90 (arredondando), o seu peso (25%) sobre a tarifa é de R$ 0,475. Nesse valor do diesel estão embutidos os 12% do ICMS. Tirando o tributo, o diesel passa a custar menos R$ 0,04. É este o valor que será diminuído no preço final da passagem.
Insignificante
Não significa que a medida não seja boa. Só que, isolada, seu impacto é quase insignificante aliás, muito desproporcional ao alarde "discurseiro" com que foi anunciada na "escolinha".
Não é a primeira vez que isso acontece. Em julho de 2006, Requião e Beto Richa chegaram a assinar um convênio pelo qual o governo se propunha a fornecer diesel sem imposto para a prefeitura. Naquela ocasião, o governador, preocupado com a reeleição, buscava obter apoio do prefeito, até então indeciso entre Requião e Osmar Dias.
O governo tentou fazer uma licitação para comprar em grande volume o diesel necessário para abastecer a frota e surpresa! os preços ficaram maiores do que no posto da esquina. A licitação fracassou. Além disso, nesse meio tempo, o prefeito decidiu apoiar Osmar, adversário de Requião. Foi o suficiente para que a vontade de Requião em reduzir a tarifa de Curitiba fosse logo esquecida.
Interesses eleitorais
Voltou agora, quando todas as suas palavras, gestos e ações passaram a ter contornos de propaganda política. Mais ou menos como fez o prefeito Beto Richa quando queria ser eleito em 2004: como vice de Cassio Taniguchi, assumiu interinamente a prefeitura em 2003 e anulou um decreto de aumento da tarifa. Eleito com este discurso, depois de empossado decretou praticamente o mesmo aumento que havia anulado meses antes. Durante a primeira gestão, congelou o quanto pôde a passagem para só decretar aumento (de 15% numa só pancada) dias depois de empossado no segundo mandato para o qual foi reeleito.
Conclusão inevitável: parece que ninguém está olhando o transporte coletivo com a seriedade e a responsabilidade devidas. A passagem sobe ou desce, propostas de teor quase inócuo (R$ 0,05!) reaparecem de repente tudo ao sabor, como sempre, da proximidade de campanhas eleitorais e da intenção de manipular a opinião pública.
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Olho vivo
Naufrágio
Caiu o presidente do Conselho da Autoridade Portuária (CAP) do Porto de Paranaguá. A demissão de Washington Antunes de Abreu, nomeado há pouco mais de dois meses, foi publicada anteontem no Diário Oficial da União, por ato do ministro dos Portos, Pedro Brito. Desconhecem-se as razões, mas a comunidade portuária que vinha elogiando a conduta isenta de Washington suspeita de interferência política movida pelo governo do Paraná.
Distante
O BID só vai decidir em 2010 se concede mais um empréstimo para a prefeitura de Curitiba concluir a Linha Verde, confirmando a informação da coluna, ontem, sobre a demora do banco em tomar esta decisão. Demora que, talvez, tenha sido providencial, pois os projetos viários do prefeito Beto Richa que ontem se reuniu com técnicos do BID em Washington mudaram nos últimos tempos, implicando numa reengenharia das fontes de financiamento. O prefeito pretende "reservar" o BID como agente financiador do metrô.
Novos juízes
No próximo dia 13, o Tribunal de Justiça reúne seus 120 desembargadores para escolher novos juízes para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Concorrem membros da magistratura e advogados. Os escolhidos terão missão importante: são eles que vão atuar na eleição geral do ano que vem.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
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