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Olho vivo

A volta 1

Absolvido pela CPI, o vereador João Cláudio Derosso já anunciou à sua tropa que voltará a ocupar a presidência da Câmara – da qual se licenciou em 22 de novembro, forçado por uma ação proposta pelo Ministério Público. Ele pretende reassumir o posto já no início do novo ano legislativo – ou seja, antes mesmo de se completarem os 90 dias de afastamento que requereu.

A volta 2

Embora sua atitude gere contrariedade até mesmo entre os que o defenderam das acusações de improbidade que pesaram contra ele, os vereadores pouco podem fazer. Terão de aguentar o provável desgaste eleitoral decorrente do retorno de Derosso – consequência óbvia da cumplicidade ou da omissão com que a maioria se comportou ao longo dos escandalosos meses de denúncias contra o presidente.

Mais iguais

Os 1.200 funcionários da Celepar, a companhia mista que cuida do processamento de dados do governo, estão felizes: não precisam recorrer aos precários serviços do SAS para cuidar da própria saúde. Eles (assim como seus dependentes) agora contam com a Unimed, segundo se pode ver na página 17 do Diário Oficial do dia 13 passado. Do D.O. consta a autorização do governador para que a Celepar contrate – sem licitação – os serviços da Unimed ao custo de quase R$ 3,5 milhões por seis meses. Beto Richa isentou a empresa de fazer licitação após examinar "os aspectos da conveniência e da oportunidade".

Pelos sinais já visíveis nos céus de Curitiba, nem mesmo os mais ingênuos observadores podem deixar de perceber a disposição do governador Beto Richa de colocar em jogo até os Rolex da coleção particular se isto for necessário para manter Luciano Ducci na prefeitura. Disposição que se acentuará no decorrer dos dez meses que antecederão a eleição municipal, em outubro.

Seu interesse é evidente: eleger o aliado na capital, maior colégio eleitoral do estado (30% do total), lhe será fundamental para vitaminar as próprias condições no confronto direto que terá com a máquina federal que, tudo leva a crer, estará muito empenhada em colocar a senadora Gleisi Hoff­mann no governo e em reeleger a presidente Dilma Rousseff.

Claro que não lhe escaparão da atenção outros colégios importantes, como Londrina, Foz do Iguaçu, Maringá ou Ponta Grossa – cidades nas quais a oposição também apresenta fortes candidatos – mas ganhar em Curitiba é mais do que eleitoralmente estratégico. É também uma questão, digamos, de honra.

De fato, neste sentido, Richa vai querer provar que estava certo na arriscada jogada de preterir um forte candidato do próprio partido (PSDB), o ex-deputado Gustavo Fruet, para, em seu lugar, apoiar o fiel e discreto aliado de outro partido, Luciano Ducci (PSB), de quem não teme sombra no futuro. Vai querer provar também, consequentemente, que a desfiliação forçada de Fruet do tucanato não causou prejuízos ao partido.

Dos preparativos para reverter o baixo desempenho de Ducci nas pesquisas realizadas durante o ano, segundo as quais a posição do prefeito variou modestamente entre o 2.º e o 3.º lugares, já constam algumas iniciativas importantes determinadas pelo governador. Exemplo disso foi a entrega a Ducci, dia desses, de R$ 45 milhões para asfaltar 105 quilômetros de ruas em Curitiba durante o ano eleitoral de 2012. Pode render bons votos também a isenção de ICMS incidentes sobre materiais de construção especificamente para baratear os custos da Cohab e acelerar a fila de quem espera a casa própria.

Mas tem mais, muito mais: a iniciativa em que Beto aposta mais fichas para ajudar Luciano Ducci a decolar nas pesquisas e levá-lo à vitória deverá acontecer em fevereiro – mês em que as tarifas de ônibus deveriam, em tese, sofrer reajuste. Dos atuais R$ 2,50, a passagem deveria aumentar para, no mínimo, R$ 2,80 – valor necessário para cobrir o déficit de quase 30 centavos por passageiro. Atualmente, a diferença está sendo subsidiada pela Urbs – situação que ficou insustentável desde o momento em que a empresa teve forte baque em suas receitas ao se ver proibida de arrecadar com multas de trânsito e vendas dos talões do EstaR.

Pois bem: o prefeito não vai elevar a passagem para o nível de equilíbrio, mas também não deixará de reajustar um pouquinho: a tarifa subirá apenas 10 centavos, chegando a R$ 2,60. Quem vai bancar a diferença de 20 centavos que ainda restará? Adivinhou? Sim, será o governo do estado, que repassará para a Urbs cerca de R$ 5 milhões mensais, segundo acertaram Beto e Luciano na semana passada.

Os eleitores que andam de ônibus agradecerão penhoradamente, assim como o fizeram em 2004 quando, como vice de Taniguchi e em breve interinidade, Richa congelou as passagens. O que, sem dúvida, o ajudou a ganhar a eleição de prefeito naquele ano.

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