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Na última quarta-feira, dia 5, deu-se como concluído e já está com o juiz da Vara de Inquéritos Policiais o Processo 2006.0012084-3. Ele é resultante de uma explosiva investigação que o Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos – o temível Nurce – realiza já há quase dez meses a mando do governador Roberto Requião. O inquérito é comandado pelo delegado Sérgio Sirino.

Até aí nada demais, não fossem as inconfidências que chegaram à coluna por meio de credenciadas fontes policiais de que, ligada ao processo, estaria para ser deflagrada a qualquer momento uma gigantesca operação contra as concessionárias do pedágio no Paraná.

Munidos de mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos pela Vara de Inquéritos, os policiais estariam prontos para invadir escritórios e praças de pedágio para apreender documentos e computadores. E, lógico, também para prender alguns dirigentes, que em seguida seriam apresentados à imprensa como troféus de guerra.

O Nurce teria reunido 600 horas de escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça, as quais conteriam indícios de fraudes contábeis nas concessionárias, principalmente na contratação de serviços junto a empresas terceirizadas – o que, na interpretação do governo, serviria para inchar artificialmente as tarifas.

A polícia teria identificado também um pretenso conluio entre as concessionárias, nos mesmos moldes daquele que, em 2005, serviu de mote para o lançamento da pirotécnica prisão de dirigentes da Associação Paranaense de Empresários de Obras Públicas do Paraná (Apeop).

Requião mandou apressar a conclusão da primeira fase do inquérito desde que a Justiça anulou, há dez dias, a lei estadual que concedia isenção para moradores de cidades onde se localizam as praças de pedágio. Por isso, até mesmo internamente, a ação policial vem sendo apelidada de Operação Vingança.

Operação Vingança 2

A revelação da montagem da "operação-vingança" pode levar o governador Roberto Requião a cancelá-la temporariamente, pois o pretendido efeito-surpresa acaba de ser quebrado. Mas era sua intenção festejar estrepitosamente uma vitória contra as concessionárias na "escolinha" de amanhã ou, na pior das hipóteses, na da semana que vem.

Pretendia repetir o foguetório de junho de 2005, quando a Polícia Civil descobriu um suposto esquema para fraudar licitações de obras públicas do governo estadual e das prefeituras de Curitiba e municípios do interior orquestrado pela Associação Paranaense dos Empresários de Obras Públicas (Apeop). Na ocasião, na operação batizada de "Grande Empreitada", 200 policiais civis foram empregados para prender 19 suspeitos, dentre os quais os principais dirigentes da entidade, empreiteiros e servidores públicos.

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Olho vivo

De volta – O deputado Valdir Rossoni, líder da oposição, já está de volta à praça depois de uma viagem de uma semana à China. Mais descansado do estresse do dia-a-dia na Assembléia, promete voltar à ativa hoje organizando uma pauta de assuntos que, segundo ele, vão causar muita dor de cabeça ao governo.

Dividendos 1 – Enquanto não acontece a Operação Vingança contra o pedágio, o governo continuará se ocupando nesta semana de um assunto que, por enquanto, tem lhe rendido bons dividendos – a briga contra o Ministério Público Estadual. Deverá ser o tema de abertura, de novo, da "escolinha" de amanhã.

Dividendos 2 – Enquanto isso, animado pelo sucesso das revelações que fez sobre aposentadorias milionárias obtidas por alguns promotores – segundo ele irregulares e ilegais –, o diretor jurídico da Paraná Previdência, Francisco Alpendre, faz debate público com Luiz Celso de Medeiros, diretor jurídico do Ministério Público. Será quarta-feira de manhã pela rádio Bandnews.

Em troca 1 – Edição de ontem do jornal O Estado de São Paulo ocupou-se do drama que 5.400 pescadores artesanais do Paraná vivem desde 2001, quando o rompimento de um poliduto na Serra do Mar provocou um desastre ecológico nas baías de Antonina e Guaraqueçaba. Desde então, sem meios de sobrevivência, esperam a indenização prometida pela Petrobrás.

Em troca 2 – A Petrobrás não se nega a pagar a indenização aos pescadores e a compensar os prejuízos ambientais. Está disposta, até, a financiar projetos no litoral, tudo calculado em cerca de R$ 4 bilhões – desde que, porém, em troca consiga na Justiça livrar-se da obrigação de reparar os prejuízos causados por um desastre anterior, muito maior – o histórico vazamento de petróleo cru que emporcalhou o rio Iguaçu em 2000.

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"A mídia tenta transformar o Brasil num mercado. Nós não somos isso, somos uma nação com mercado."

Do governador Roberto Requião, no Sete de Setembro, repisando a velha tese de que a imprensa é a culpada por todos os males.

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