Todos os meses, o Tribunal de Justiça do Paraná elabora a lista de processos com tramitação atrasada há mais de cem dias, nominando respectivamente cada um dos seus 120 desembargadores seguindo a tradicional ordem de antiguidade na magistratura. Essa relação é encaminhada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de controle do Judiciário.
Desde maio passado, durante sete meses seguidos, esta coluna utilizou-se da lista para fazer um ranking não pela ordem de antiguidade, mas pelo número de processos atrasados nas mãos de cada um deles, em ordem decrescente.
É claro que as publicações da coluna não tiveram nenhuma influência, mas a estatística demonstra que houve significativo avanço no período. O gráfico mostra que, em maio, o número de processos com mais de cem dias fora do prazo era de 4.499, dos quais 78% (3.538) de responsabilidade dos dez desembargadores mais atrasados. Em novembro, mês da última relação disponível, o total de processos na prateleira somava "apenas" 1.665. Os "dez mais" respondiam por 1.556 deles (93%).
De qualquer forma, apesar do aumento relativo de sua participação no total geral, foram os dez magistrados mais atrasados que determinaram o progresso: eles se desvencilharam de quase 2 mil processos empilhados, uma redução de 66% no número daqueles que dependiam da sua caneta. Na tabela acima, estão os nomes dos desembargadores com o respectivo número de ações acima dos cem dias toleráveis de excesso de prazo.
É preciso registrar também que entre maio e novembro cresceu o número de magistrados "zerados" isto é, que estão absolutamente em dia com o serviço. No início do período, eles eram 65, número que aumentou para 96 em novembro.
Os "grandes eleitores"
Prestígio não se transfere, diz a velha máxima. Mas o contrário pode ser verdadeiro. Por exemplo: pode-se acreditar que o governador José Roberto "Panetone" Arruda elegeria o seu sucessor se houvesse eleição hoje no Distrito Federal? O mais provável é que não. A taxa de rejeição a Arruda e a tudo quanto ele representa, esta sim pode se transferir a quem ele eventualmente apoiar.
É por isso que os institutos de pesquisa de opinião pública dedicam um capítulo de suas sondagens para medir o grau de aceitação ou rejeição dos chamados "grandes eleitores" líderes reconhecidos ou detentores de um poder que os torna influentes. Dois nomes estão nesta situação no Paraná o presidente Lula e o governador Roberto Requião, figuras certamente importantes para definir a opção dos eleitores.
A pesquisa Ibope da semana passada conferiu o poder de influência de cada um dos dois para saber em que medida os candidatos que apoiarem no Paraná serão beneficiados ou prejudicados. Embora não sejam exclusivos nem necessariamente determinantes para o resultado da eleição, os índices obtidos pela pesquisa foram os seguintes:
Se o candidato for apoiado por Lula, 75% dos eleitores poderiam votar nele; 17% não votariam de jeito nenhum. O saldo da aceitação ficou em 57%.
Já se o candidato for apoiado por Requião, 65% topariam votar nele, mas 25% não votariam de jeito nenhum. Saldo: 40% 17 pontos porcentuais abaixo dos consignados ao presidente.
Daí se conclui que o prestígio eleitoral de Lula e seu poder de transferir votos são, atualmente, maiores entre os eleitores paranaenses do que os do seu governador.
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