Nunca antes na história da sucessão estadual o céu esteve assim do jeito que os brigadeiros gostam – azul claro, sem nuvens, sem previsão de tempestades e com quase nenhum tráfego. É assim que o enxerga o ex-senador Osmar Dias (PDT), que esta semana se autolançou candidato à sucessão de Beto Richa em 2018, sem ver no horizonte desafiantes de peso.
Nesta quarta-feira de Finados, reunido com alguns jornalistas, Osmar aparentou tranquilidade quanto às suas chances de, após duas tentativas frustradas de decolagem (2006 e 2010), enfim aterrissar no Palácio Iguaçu. Diz que o silêncio a que se impôs nos últimos seis anos, período em que ocupou uma vice-presidência do Banco do Brasil, lhe fez bem.
Neste período, aviões de carreira ficaram capengas ou, no mínimo, tornaram-se menos operantes na concorrência com Osmar:
• O irmão, senador Alvaro Dias, está decidido a disputar a Presidência, o que significa que não se repetirá em 2018 o fraternal embate em torno de um mesmo objetivo eleitoral como ocorreu no passado.
• A família do ministro Ricardo Barros se desidratou nas eleições municipais: o irmão Silvio perdeu em Maringá para um pedetista, Ulisses Maia, apoiado por Osmar; e a filha Maria Victória teve desempenho abaixo do esperado na disputa pela prefeitura de Curitiba. Com isso, a mulher, a vice-governadora Cida Borgheti, perdeu vitamina para disputar o governo, ainda que venha a sentar na cadeira de Richa nos nove meses finais da gestão se o governador decidir candidatar-se ao Senado.
• Ratinho Jr. (PSD), que poderia fazer sombra a Osmar, já estaria mais inclinado a disputar o Senado e não o governo, como sonhava.
Dúvidas ainda sobrevoam o cenário. A principal é saber como serão montadas as alianças e as chapas em razão da possível redução dos atuais 35 partidos para no máximo oito a partir da reforma política. O PDT, diz Osmar, sobreviverá e até se tornará maior ao absorver algumas legendas ameaçadas de naufrágio. Tudo isso lhe facilita a montagem de uma chapa competitiva de candidatos a senador – com Ratinho Jr. e Gustavo Fruet, por exemplo. Já aceitar uma aliança com Beto Richa, outro candidato a senador, como propõem alguns palacianos, ainda é uma ideia povoada de reticências.
O projeto de Greca para os primeiros dias
O prefeito eleito de Curitiba, Rafael Greca, prometeu não repetir o pândego comportamento de entoar a cantiga do Chapeuzinho Vermelho quando chegar nesta quinta-feira, às 11 horas, para seu primeiro encontro com Gustavo Fruet. Também não levará cestinha de frutas. Fruet, por sua vez, promete não fazer papel de Lobo Mau, mas mostrará que as realidades atuais são diferentes daquelas de 30 anos atrás quando Greca foi prefeito. Com isso, ele poderá ter melhor noção sobre se suas promessas de campanha serão mesmo factíveis.
De qualquer forma, já existe uma certeza politicamente bem arquitetada. Bafejado pela sorte de ter se convertido à devoção por Beto Richa bem na hora em que este se mostra empenhadíssimo em recuperar prestígio na capital (é reprovado por 70% dos curitibanos) e contando com sua prestimosa ajuda, os primeiros meses de Rafael serão marcados por medidas de apelo muito popular:
• a reintegração do transporte metropolitano com a já anunciada ressurreição do subsídio estadual. Custará cerca de R$ 150 milhões por ano caso Rafael e Beto desejem unificar a tarifa dos municípios vizinhos a valor idêntico ao cobrado em Curitiba.
• o FDU (Fundo de Desenvolvimento Urbano) despejará recursos para asfaltamento e revitalização de ruas. Durante quatro anos, as verbas foram negadas a Curitiba e distribuídas no interior.
• bem propagandeados mutirões de saúde e limpeza urbana darão a sensação de que os problemas das duas áreas estarão resolvidos;
• os pobres moradores de rua (que visivelmente já diminuíram desde o fim do 1º turno) receberão atendimento. Greca será fotografado e filmado em incursões noturnas, empenhado em amparar os desvalidos.
• Quanto ao resto só com mais tempo para perceber os efeitos.
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