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Não houve telefonemas, telegramas, batidas de tambor nem sinais de fumaça do presidente Lula convidando o senador Osmar Dias para ser seu líder no Congresso Nacional. O que houve, até agora, foram meras sondagens feitas em fevereiro passado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e pelos senadores petistas Aloizio Mercadante e Ideli Salvatti sobre uma eventual disposição de Osmar em assumir o encargo se convidado fosse.

Essa situação foi descrita pelo próprio senador, ontem, aparentemente para acalmar a ansiedade que setores do PSDB vêm demonstrando nos últimos dias. Há, entre alguns tucanos paranaenses, os que torcem para que Osmar assuma logo a liderança de Lula e se abrace de vez com o PT – pois isto abriria caminho definitivo para a consolidação da candidatura do prefeito Beto Richa ou para o partido se preocupar apenas com a disputa interna com o outro pretendente ao governo do estado em 2010, o senador Alvaro Dias.

Osmar diz que sequer chegou a pensar se deve ou não aceitar o convite que, segundo seus emissários, Lula estaria propenso a fazer. Se vier a acontecer, antes de tomar uma decisão, o senador diz que vai primeiro consultar suas bases no Paraná para avaliar as consequências. "Por enquanto, não me passa pela cabeça – diz ele – tomar a iniciativa de romper a aliança que o PDT, o PSDB e os demais partidos firmaram em 2006 e referendaram em 2008." Até agora, provoca, os únicos que deram de-monstração de que preferem o desfazimento dos compromissos firmados há três anos são os tucanos.

Se Osmar mantém-se fleugmático e pragmático nessa questão, há visível exasperação em outros campos. Um deles é o de seus próprios seguidores, já desesperançados com a manutenção da aliança. Gostariam de uma definição logo. Ansiosos estão também os petistas que, sem candidato próprio viável e precisando de reforço para alavancar no Paraná a candidatura presidencial de Dilma Roussef, gostariam de cooptar Osmar Dias o quanto antes.

Campanha

Indiferente a tudo isso, o senador dá o pontapé inicial de sua campanha neste sábado, em Foz do Iguaçu. Reúne políticos todos os partidos e lideranças comunitárias do Oeste para começar a formulação do que chama de "Projeto Paraná" – um plano de governo com o qual pretende conquistar mentes e corações.

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Mistérios e acasos nas licitações da PMC

Há um traço comum nas malfadadas licitações promovidas pela prefeitura de Curitiba: lançado o edital ou mesmo depois de abertos os envelopes, sempre há uma empresa "concorrente" que recorre à Justiça para impugnar a licitação. Oh! que pena! Diante disso, a prefeitura vê-se obrigada, então, a manter as mesmas empresas que já prestavam o serviço até que a Justiça decida o que fazer.

Aconteceu assim, por exemplo, quando da concorrência para contratar duas empresas encarregadas de coletar dejetos vegetais. Uma das participantes impugnou o resultado e a prefeitura, para evitar uma "calamidade pública", "teve" de manter as antigas firmas que já prestavam o serviço – no caso, a Laine Manutenção de Áreas Verdes e a Viaplan Engenharia – a primeira de parentes próximos do presidente da Câmara Municipal, vereador João Cláudio Derosso, e a segunda de parentes do secretário municipal de Governo, Rui Hara.

Investigação

Será que esses recursos à Justiça não teriam exatamente o propósito de provocar a prorrogação dos antigos contratos, beneficiando as mesmas empresas detentoras de contratos antigos? Essa é uma questão que o Ministério Público investiga. Uma ação civil pública deve ser protocolada para desvendar esse mistério, tomando como exemplo típico o caso da concorrência que envolve a contratação do serviço de radares de trânsito de Curitiba.

O contrato vigente é com a empresa Consilux, inúmeras vezes prorrogado em anos anteriores. No mês passado, a prefeitura lançou edital para o mesmo serviço, para o qual se inscreveram várias empresas, dentre as quais a própria Consilux e outra, de nome Fiscal Tecnologia e Automação Ltda., com sede no bairro do Portão.

Pois não é que a Fiscal entrou na Justiça antes mesmo do resultado? Graças ao processo 35879, que impetrou na 3ª Vara da Fazenda Pública, a Fiscal conseguiu paralisar a licitação e a prefeitura "teve" de prorrogar o contrato com a Consilux por tempo indeterminado, isto é, até que a Justiça se pronuncie definitivamente.

Agora, o melhor: o advogado que representa a Fiscal é Fernando Vernalha Guimarães, que por coincidência é (ou foi) também advogado da Consilux em vários processos que correm em outras instâncias. Seria um mero acaso? Este detalhe – mesmo advogado trabalhando para empresas que concorrem entre si – chamou a atenção do MP.

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