Olho vivo
Simbólico
Depois de repetidamente anunciado pelo candidato Ratinho Jr. como seu supersecretário municipal de Segurança, o deputado Fernando Francischini foi "demitido" ontem. Uma nota oficial da coligação Curitiba Criativa diz que o convite não passou de um "gesto simbólico do candidato Ratinho Júnior para indicar à população da cidade (...) a prioridade que a questão da segurança terá em sua eventual administração". A nota desmente também todos os demais boatos quanto à suposta indicação pelo candidato de nomes para ocupar cargos na administração municipal.
Competitivo 1
No Salão do Automóvel que se realiza em São Paulo, pelo menos nove montadoras europeias e asiáticas anunciaram que instalarão fábricas no Brasil nos próximos anos. Alguma no Paraná? Não, não surgiu no evento nenhum indicativo de que o estado venha a sediar qualquer das novas unidades previstas uma total inversão da expectativa criada na década de 90 de que o Paraná, ao atrair as gigantes Volkswagen e Renault, se transformaria definitivamente no segundo maior polo automotivo do país.
Competitivo 2
Ao contrário, alguns anunciados investimentos que o governo estadual negociava com várias montadoras acabaram sendo desviados para outros estados. A indústria chinesa de caminhões Sinotruck foi parar em Lajes, Santa Catarina. Ficou também com os catarinenses a BMW, famosa fabricante alemã de carros de luxo. A Nissan, que funciona na unidade da Renault em São José dos Pinhais, levará para a nova fábrica que constroi em Resende (RJ) o investimento de US$ 2,6 bilhões para a produção de novos modelos. Pelo menos no setor automotivo, o programa Paraná Competitivo, lançado por Richa no início do governo, parece insuficiente para levar o estado a levar vantagem sobre os outros.
A fase pancadaria da campanha de segundo turno das eleições de Curitiba nem sequer chegou a fazer cócegas: o comportamento do eleitorado em relação à intenção de votar em Gustavo Fruet ou em Ratinho permaneceu inalterado durante a última semana, apesar dos dois debates televisivos ocorridos no período e da elevação do tom agressivo que a campanha ganhou.
Segundo o Datafolha/RPC divulgado ontem à noite, Fruet manteve os mesmos 52% que o instituto lhe dava no dia 18 e Ratinho caiu um insignificante ponto, de 36% para 35%. Faltando apenas quatro dias para a eleição, 17 pontos separam agora um candidato do outro o que induz à percepção de que o quadro favorável a Gustavo já está consolidado.
Não é o que pensam os estrategistas de Ratinho Jr., que, nesta undécima hora, ainda imaginam ser possível uma "virada". E que a melhor receita para provocá-la é aumentar ainda mais a pancadaria contra o adversário o que começou a ser feito ontem com o lançamento de uma série de oito novos comerciais de 30 segundos, nos quais são acentuadas as supostas incongruências de Fruet, que de opositor ao PT passou para a posição de seu aliado.
A radicalização de última hora teria sido determinada pelo pai do candidato, o apresentador Ratinho, contra a opinião de alguns marqueteiros, assessores e conselheiros que acompanharam Ratinho Jr. desde o início de sua caminhada. Eles preferiam manter a fórmula "paz e amor" que fez sucesso no primeiro turno e que, desafiando todas as expectativas, levou o candidato a suplantar adversários politicamente muito mais fortes e apoiados por máquinas poderosas. E a conquistar os votos de um terço do eleitorado curitibano.
Entretanto, a primeira pesquisa Datafolha, do dia 18, indicou que a candidatura estava estagnada no mesmo índice registrado pelas urnas uma semana antes, ao passo que a intenção de voto em Gustavo duplicou de 27% na eleição para 52% no Datafolha. Logo, algo precisaria ser feito para recuperar o fôlego perdido e a opção foi pela radicalização da propaganda nos intervalos da programação das televisões e de um maior enfrentamento de Ratinho Jr. contra Gustavo nos debates e entrevistas.
Fora o programa eleitoral e os comerciais permitidos até esta sexta-feira, Ratinho Jr. ainda pode contar com mais uma chance para provocar a "virada" o debate de amanhã à noite na RPCTV.
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*O Datafolha ouviu 1.185 eleitores em Curitiba nos dias 23 e 24. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. Registro no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) número 704/2012. No primeiro Datafolha, foram ouvidos 1.267 eleitores entre os dias 17 e 18. A margem de erro também é de 3 pontos e o registro no TRE-PR é: 00679/2012.
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