Uma das razões apontadas pelo governo federal para justificar a suposta escassez de investimentos da União no Paraná é a de que o estado não tem projetos, não oferece propostas e, portanto, não tem o direito de chorar. O argumento foi muito usado para responder às seguidas reclamações de que o Paraná é vítima de discriminação.Ontem, na Assembleia, o deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB richista) voltou a reconhecer que, de fato, falta ao Paraná saber até mesmo o que deve pedir à União no tocante a investimentos estruturantes. E apresentou uma ideia de boa aparência, mas certamente de difícil execução.O parlamentar propôs que a Assembleia elabore uma "agenda de reivindicações" aos candidatos à Presidência da República, de tal modo que, quando vierem em campanha para cabalar votos dos paranaenses, levem daqui a visão do que exatamente o estado espera deles. Só discursos e tapinhas nas costas não resolvem.Romanelli tem razão, mas há uma dúvida mortal: se nem o Executivo, com suas estruturas de planejamento, tem clareza sobre o que o Paraná precisa, a Assembleia teria?
Olho vivo
Grevezinha 1
Em entrevista ao programa Roda Viva (TV Cultura), semana passada, o governador Beto Richa classificou de "grevezinha" a paralisação de dez dias que os professores da rede pública promoveram a partir do dia 23 de abril. Não ficou esclarecido se o diminutivo foi usado para medir a duração da greve (que Beto achou curta) ou se foi em razão da desimportância que ele atribuiu ao movimento que deixou 1 milhão de crianças sem aula.
Grevezinha 2
Hoje é dia de outra "grevezinha": policiais civis cruzam os braços por 24 horas em protesto contra a morte de um agente que tentou conter a rebelião e fuga de detentos em Colombo. Dois outros policiais foram feridos (um PM e outro civil). A paralisação prometida é de curta duração, mas o problema é grande: a morte do policial é decorrência da não resolvida superlotação das cadeias. O caso de Colombo não é único, é apenas exemplar: onde cabem 24 detentos, 84 se apertam nas suas celas.
No caixa único 1
No princípio, era a Banestado Reflorestadora; depois, em substituição, apareceu a Ambiental Paraná Florestas; e, por fim, desde janeiro passado, o que era uma sociedade de economia mista sujeita à Lei das Sociedades Anônimas, virou Instituto de Florestas do Paraná, uma simples autarquia porém muito rica em imóveis e áreas de reflorestamento. Tão rica que agora pode socorrer o caixa único do estado com a decisão do governo de vender boa parte de seu patrimônio.
No caixa único 2
Conforme edital, no próximo dia 26 o instituto promoverá a venda de oito fazendas, com área total de 12.700 hectares, situadas nos municípios de Castro, Doutor Ulysses, Cerro Azul e Ponta Grossa pelo preço mínimo de R$ 105 milhões. Se for bem sucedido na operação, o caixa único pode arrecadar até mais do que isso. Mas há uma dúvida não resolvida: contra atos de venda dos ativos agora pertencentes ao instituto pesam pelo menos cinco ações populares ainda não julgadas o que pode render aborrecimentos para os eventuais compradores.
Sinal amarelo
O ex-governador Orlando Pessuti está no Norte do estado onde visita a Exposição Agropecuária Comercial e Industrial de Maringá e continua os contatos com os convencionais do PMDB. Ele mantém a disposição de disputar a convenção estadual do próximo mês, mas antes de viajar emitiu um sinal para o seu partido: não tomará nenhuma decisão sem antes ouvir a posição do grupo de deputados estaduais e federais peemedebistas que pende pela aliança com Beto Richa.
No paralelo 1
O deputado estadual Péricles de Mello (PT), que se revelou um dos mais combativos membros da CPI do Pedágio, prepara um relatório paralelo ao oficial, que será apresentado pelo relator da comissão, deputado Douglas Fabrício, até o fim desde mês. Péricles parece não concordar com o ponto em que Douglas pretende centrar seu documento, que é o de recomendar a desoneração de impostos que recaem sobre pedágio como forma de baixar as tarifas. Desde a criação, os tributos embutidos na tarifa já renderam aos cofres públicos R$ 4,5 bilhões.
No paralelo 2
A visão de Péricles é diferente e radical: ele contesta a própria legalidade das concessões e dos aditivos que sobrevieram nos últimos 15 anos. O plenário da Assembleia é quem vai dizer qual dos relatórios será adotado, mas o presidente Valdir Rossoni já tratou de baixar a adrenalina da plateia: a CPI trabalhou bem, mas seu poder não ultrapassa o limite das sugestões e recomendações, disse ele.
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