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Perguntinha que o presidente da Federação da Agricultura do Paraná, Ágide Meneguette, deixou no ar, ontem, para uma plateia de 300 técnicos, juristas, empresários e ruralistas: “Vocês acham inteligente continuar pagando pedágio alto por mais 7 ou 8 anos, sem nenhuma nova obra, enquanto se discute com as concessionárias?”. Ele mesmo deu a resposta: o melhor para o Paraná é negociar desde já novas bases com as concessionárias e não ficar esperando o fim dos atuais contratos, em 2022, para só então pensar em novas e complicadas licitações.

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A crise é tão feia e as maneiras como têm lidado com ela têm sido tão desastradas que a presidente Dilma Rousseff e o governador Beto Richa têm medo de sair às ruas, a não ser quando acompanhados das respectivas claques. Ontem foi a vez do prefeito Gustavo Fruet, que enfrentou protestos de grevistas da Guarda Municipal e de taxistas revoltados pelo assassinato de um colega, além das faixas estendidas domingo, na Arena da Baixada, exigindo a liberação de mais dinheiro público para pagar dívidas que excederam aos compromissos para as obras do estádio que sediou quatro jogos da Copa.

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“Muita calma nessa hora”, repete para si mesmo o prefeito, que desenvolve um raciocínio pragmático: já não pode ser considerado como melhor o governante que mais aparece inaugurando obras; agora, segundo seu manual de sobrevivência, é aquele que cometer menos bobagens, que mantiver a rotina administrativa e que não gastar além do que pode. “Estes, segundo Fruet, serão os únicos a sobreviver ao precipício”.

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O precipício a que o prefeito se refere, no caso de Curitiba, é a queda brutal da receita tributária, sem contar verbas de convênio que a União e o estado deixaram de repassar. Sua esperança está em conseguir arrecadar R$ 500 milhões com o Refic (refinanciamento da dívida ativa), que lançou ontem no sindicato dos Contabilistas. “Tem R$ 5 bilhões de dívidas tributárias que os contribuintes não pagaram e que estamos cobrando na Justiça. Se, com o Refic, conseguirmos antecipar 10%, cerca de R$ 500 milhões, já podemos nos dar por satisfeitos para reequilibrar o caixa”, afirma. Se Fruet vai continuar podendo sair às ruas, aí são outros quinhentos.

A tradução do que disse o líder ruralista é uma só: é melhor prorrogar já os contratos de pedágio no Anel de Integração, mas desde que sejam atendidas duas condições básicas: redução significativa das tarifas e início imediato de novas obras.

A defesa de Ágide se contrapõe à postura de dois outros líderes empresariais do estado – os presidentes da Federação das Indústrias, Edson Campagnolo, e da Organização das Cooperativas do Paraná, Paulo Koslowski. Neste ponto, o G7 – grupo das sete maiores entidades de representação da iniciativa privada – se reduz a G5, pois basicamente os outros quatro membros se alinham com a polêmica prorrogação defendida por Ágide.

O assunto foi levantado ontem no Instituto de Engenharia do Paraná, que promoveu o fórum “Infraestrutura, uma saída para a crise”, com palestras de um consultor econômico (Raul Velloso), um professor da PUC/SP especialista em concessões públicas (Gabriel Galípolo) e do advogado e professor da UFPR Egon Bockmann. Os três defenderam a tese de que ainda demorará décadas para os governos conseguirem caixa para investir em infra-estrutura. Então, para o país não parar e a economia voltar a crescer, a saída é conceder à iniciativa privada, sob marcos regulatórios severos, a realização e administração de obras, principalmente rodoviárias e ferroviárias.

O governador Beto Richa pregou em campanha que negociaria com as concessionárias a redução das tarifas de pedágio e a antecipação das obras previstas para o final do cronograma. Não há sinal de que tenha obtido sucesso, a não ser alguns trechos de duplicação pelos quais quem vai pagar, de acordo com as escorchantes regras vigentes, é o usuário. Como politicamente é desgastante falar em prorrogação, Beto chega a negar ter pensado nesta hipótese.

Certo ou errado em sua tese de pregar a prorrogação já, o presidente da Federação da Agricultura é o único que põe a cara para bater. Diz ele que de uma verdade ninguém escapa: com a atual infra-estrutura rodoviária e sem melhorias visíveis a curto prazo, a economia do Paraná tende a parar e a continuar perdendo competitividade. Por exemplo: sem pista dupla em toda a extensão das BRs 277 e 376 já está ficando impraticável escoar por Paranaguá a produção das regiões Oeste/Sudoeste e Norte/Noroeste.

O problema é que não dá para esperar iniciativas dos governos estadual e federal com a rapidez que se exige.

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