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Olho vivo

Exorcismo

O presidente da Assembleia, deputado Valdir Rossoni, transferiu para o Ministério Público a tarefa de descobrir quem escondeu tão bem a mãe-fantasma que habitava seu gabinete. Antes disso, demitiu o filho da mãe – o diretor que gozou de sua confiança nos últimos 20 anos, Altair Daru. Rossoni se mostra constrangido com o caso – logo ele que deu início à tarefa de exorcizar a Assembleia de seus fantasmas. Como o caso só foi revelado agora é coisa que se deve perguntar a alguns deputados que não rezam pelo mesmo breviário.

Óbito 1

Três dos 11 vereadores que já haviam assinado o requerimento de instauração da CPI dos Radares retiraram suas adesões: Denilson Pires (DEM), Jair Cezar e Professor Galdino, ambos do PSDB. As alegações que fizeram por escrito são um atestado de que a maioria dos 38 vereadores acha que a Câmara não precisa cumprir sua obrigação constitucional de fiscalizar os atos do Executivo. E que o melhor é continuar tratando apenas das irrelevâncias costumeiras. Na prática assinaram o atestado de óbito da CPI.

Óbito 2

Atestam também uma forte dose de ingenuidade: em suas justificativas para retirar as assinaturas, dizem-se crentes de que tudo será esclarecido espontaneamente por quem diz (1) não haver nenhuma irregularidade no contrato com a Consilux, e que (2) o município, apesar disso, está disposto a pagar milhões em indenizações.

Se a eleição para prefeito de Curitiba fosse hoje, Gustavo Fruet é quem seria o dono do cargo – segundo indicam duas pesquisas divulgadas ontem. Uma, sob encomenda da Gazeta do Povo e realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, dá a vitória para o ex-deputado (ainda tucano) com índices que variam entre 24,6% e 38,2% de acordo com os cinco cenários propostos aos entrevistados. O atual prefeito, Luciano Ducci, que seria o mais provável adversário de Gustavo, aparece com taxas variando entre 12,4% e 16,8%.

A outra, do Ibope, também apontou a vitória de Fruet sobre Ducci por 34% a 23%.

Que significado têm esses números a um ano e meio da eleição? Há muito chão pela frente a ser percorrido por quem pretende se candidatar. Mas as sondagens revelam que a distância entre os dois mais fortes contendores – não tão grande quanto se prenunciava – antecipa o aprofundamento de um quadro de clara polarização entre Fruet e Gustavo. Os diferentes cenários propostos por ambos os institutos incluem nomes ou de improvável participação direta na disputa eleitoral ou de grande fragilidade para concorrer contra os dois citados.

A senadora Gleisi Hoffmann, por exemplo, foi colocada pelo Paraná Pesquisas num dos cenários. Ficaria em segundo lugar (21%), perdendo para Fruet (24%) mas com o dobro das intenções favoráveis a Luciano Ducci (12%). Entretanto, segundo Gleisi afirma insistentemente, ela não pretende concorrer à prefeitura após ter cumprido menos de dois anos de seu mandato de senadora.

Num outro cenário, sem o nome de Gleisi mas incluído o do deputado Ratinho Jr., Gustavo desponta novamente em primeiro lugar (29%), seguido pelo próprio Ratinho (21%) e deixando Ducci para o terceiro lugar (16%). Não é provável, porém, que Ratinho, um jovem que mal completou 30 anos, abandone a ideia de ser vice de Gustavo para se aventurar numa disputa direta.

Há cenários em que aparecem também Rafael Greca (PMDB), o deputado federal Dr. Rosinha (PT) e os estaduais Tadeu Veneri (PT) e Fabio Camargo (PTB), mas ostentando índices irrisórios que só servem para confirmar a tendência da polarização Ducci-Fruet.

As questões maiores que as duas pesquisas despertam são outras. A primeira delas passa pelo destino partidário de Gustavo Fruet, ainda no PSDB, mas com toda a "pinta" de que não lhe resta alternativa senão procurar outro lugar para pousar, já que o aconchego do ninho tucano (tudo leva a crer) está mesmo reservado para Luciano Ducci, do PSB.

A menos – e esta é a outra questão levantada pelas pesquisas – que o governador Beto Richa acabe arbitrando em favor de Gustavo Fruet a destinação da vaga de candidato pelo PSDB em razão da preferência popular atestada pelo índices. Não é de se acreditar nessa hipótese, já que todos os seus gestos e palavras são de simpatia por Ducci. Portanto, o que se verá daqui para a frente, possivelmente, será um esforço ainda maior do governador para melhorar a performance do seu escolhido.

E a Gustavo, pressa para definir seu novo partido e para construir aliança tão grande quanto possível.

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