Olho Vivo

Doentio

Colocaram um ex-policial militar para dirigir o hospital da Lapa. O regime disciplinar passou a seguir as regras dos quartéis, das quais, além dos funcionários, nem os pacientes escapam: a ordem lá é dar alta aos doentes que se mostrarem indisciplinados. A denúncia é feita pelo Sindicato dos Servidores da Saúde, que foi impedido, na semana passada, de fazer uma manifestação no local e de distribuir um jornal que apontava a crítica situação.

Equívoco?

O chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, do alto dos 40 anos em que serviu como conselheiro do Tribunal de Contas, acredita que o juiz que impede Maurício Requião de voltar ao Tribunal cometeu um equívoco. O magistrado alegou que o processo de nomeação ocorreu antes da declaração da existência da vaga decorrente da aposentadoria do conselheiro Henrique Neugeboren. Iatauro não concorda e diz que "a vacância ocorreu no momento em que o então titular do cargo completou 70 anos e atingiu a compulsória, 24 dias antes da escolha."

Tá difícil

O governo vai terminar e o governador Requião provavelmente não conseguirá cumprir outra de suas promessas: a de desalojar da Sanepar o sócio privado Dominó. Na semana passada, o STJ negou novamente a intenção do governo de fazer assembleia para aumento de capital até o julgamento do mérito da ação. Requião pretendia diminuir a quase zero a participação da Dominó na empresa.

CARREGANDO :)

De um policial civil que leu ontem "O caos na Polícia Científica", a coluna recebeu por e-mail o seguinte comentário: "Sou policial civil e gostaria de esclarecer alguns fatos: o caos não é na Polícia Científica, o caos está em toda a segurança pública do estado do Paraná. Infelizmente o que ocorre na Científica é muito pior do que se possa imaginar: quando há um furto ou um roubo, um perito deveria comparecer ao local para colher as digitais e possíveis provas, mas como é sabido, isso não acontece."

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O policial que escreveu – mantido no anonimato para que não sofra as represálias de que colegas seus já foram vítimas – dá mais uma pista sobre as razões da baixa taxa de sucesso na elucidação dos crimes. Não se tira digital nos lugares assaltados? Não é esta uma atitude primária, rudimentar, que deveria ser rotineira?

Deficiências aumentam o desprestígio e favorecem a criminalidade

Fica claro, assim, entre tantas outras razões, o porquê da descrença da população na segurança pública. A maioria das vítimas sequer se aventura a procurar uma delegacia para registrar um B.O.. Primeiro, porque sabe que o resultado será certamente nulo; segundo, porque teme uma eventual vingança dos autores do delito; terceiro, porque o atendimento na delegacia é simplesmente péssimo: ora faltam compuradores, ora o sistema está fora do ar, as instalações são péssimas e desconfortáveis, o ambiente é pesado, os funcionários, impotentes para resolver o problema.

Quando agentes e investigados saem a campo, enfrentam perigos para os quais não encontram proteção. Os poucos e insuficientes coletes à prova de bala que têm à disposição estão, em sua maioria, com seu prazo de validade vencido. Sair às ruas nessas condições para arriscar a vida por R$ 1, 7 mil e um seguro merreca para a família? Ainda assim, muitos enfrentam essa situação – que só as autoridades não veem.

O resultado final dessa soma parcial de descalabros é o crescimento da impunidade. Segundo relatório oficial da Secretaria da Segurança – disponível para consulta no site da própria pasta – foram registrados (registrados!, frise-se) quase 200 mil casos de furtos e roubos no Paraná em 2008. Isso significa que, de cada grupo de 100 mil paranaense, pelo menos 2 mil foram furtados ou roubados no ano passado. Frise-se de novo: esses dados se referem exclusivamente ao casos registrados, quando se sabe que a grande maioria não é.

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O relatório é omisso quanto aos resultados obtidos para devolver os bens às vítimas e/ou identificar e prender os delinquentes. Mas, se nos casos de homicídios – crime, portanto, muito mais grave – só 30% dos assassinos chegam a ser identificados (mas não necessariamente presos), o que dizer dos roubos e dos simples furtos?

O fruto dessa cadeia de ineficiências só pode ser o desprestígio da polícia junto à população, a impunidade generalizada e o crescimento exorbitante da criminalidade. É muito grave a situação.