Não faltou letra nem vírgula na afirmação que o presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, fez ontem diante dos microfones de uma emissora de rádio de Cascavel: o senador Osmar Dias já aceitou ser candidato à reeleição na chapa liderada pelo ex-prefeito Beto Richa. Falta apenas o anúncio oficial, o que deve acontecer por meio de uma entrevista coletiva a ser realizada antes da convenção do partido, marcada para sábado, informou.
Não faria mal a ninguém, todavia, que, diante dessa notícia, o senador a confirmasse ou desmentisse antes mesmo do toque das vuvuzelas tucanas. Afinal, ele é o único dos personagens diretamente envolvidos na sucessão estadual que ainda não disse, definitivamente, o que pretende fazer.
A declaração de Rossoni foi muito segura, feita na medida para não deixar nenhuma dúvida. E se não há margem para colocar sob suspeita a afirmação do presidente do PSDB, há margem para se desconfiar que o senador Osmar Dias fala para um lado o que não fala para o outro. Para um lado, diz que só quer se reeleger senador e para o outro que ainda não desistiu de ser governador?
Há motivo de preocupação diante da desconfiança: o outro lado, no caso, é nada menos que o presidente Lula e o resto da turma do PT, que sempre sob a condição de que Gleisi Hoffmann não será candidata à vice ainda se esforça para viabilizar uma aliança com o PDT com o poderoso reforço do PMDB, de modo a dar o tal palanque forte para Dilma Rousseff no Paraná.
Convenhamos: deixar o presidente da República empenhado nessa tarefa já tendo se decidido por outro caminho é, no mínimo, desrespeitoso. Mais ainda quando se sabe que a arquitetura desse palanque envolve outra grave decisão a de que o atual governador do Paraná, Orlando Pessuti, desista da ideia de disputar a reeleição.
Supondo-se que Osmar Dias não cometeria a descortesia com Lula, conclui-se que o senador de fato não deu nenhuma palavra definitiva ao PSDB, ao contrário do que afirma o deputado Valdir Rossoni. Pode-se supor, portanto, que o senador ainda está à espera que Pessuti renuncie à candidatura.
Então, para finalizar, como interpretar a afirmação de Rossoni de que Osmar já está no colo do PSDB? Seria apenas uma ardilosa forma de confundir as cabeças e semear a cizânia no campo petista?
Só mesmo o senador Osmar Dias para sanar essas dúvidas. Ninguém mais.
Olho vivo
Incompleta 1
Você se lembra que o governo pagou R$ 30 milhões para dragar o Canal da Galheta, não lembra? Fizeram o serviço e se divulgou que, a partir de então, o Porto de Paranaguá recuperaria a capacidade de receber navios maiores e com carga completa. Que nada! Dragaram o canal, mas deixaram o cais com os berços de atracação com a mesma profundidade insuficiente. Assim, mesmo que navios maiores entrem no porto, não podem atracar.
Incompleta 2
Diante disso, a Marinha acaba de emitir ordem para que o problema seja resolvido dentro de no máximo 90 dias. Caso contrário, poderá baixar novas restrições à navegação em Paranaguá. De novo, diante da "urgência" da situação, prevê-se a contratação de uma nova dragagem em regime de emergência isto é, sem o incômodo de ter de se contratar uma empresa por demorado processo de licitação.
De papel 1
O deputado Rafael Greca, ex-prefeito de Curitiba, ocupou a tribuna da Assembleia, ontem, para fazer a correlação entre os acidentes envolvendo ônibus (dois por dia, em média) com a falência do modelo viário e de transporte coletivo implantado na cidade a partir da década de 60. Segundo ele, a falência se deve à omissão dos prefeitos que o sucederam Cassio Taniguchi e Beto Richa , que não investiram no sistema, de modo que ele pudesse acompanhar o crescimento da demanda.
De papel 2
Lançado na política por Jaime Lerner e dele distanciado desde que preferiu se aliar ao ex-inimigo Roberto Requião, Greca concorda com o antigo padrinho: metrô não é a melhor solução para o transporte coletivo de Curitiba. "Os metrôs de papel que eles inventam só servem para enriquecer as consultorias que contratam para fazer os projetos", disse.
Sorriso
O governador Orlando Pessuti passou o fim de semana em São Paulo para submeter-se a uma cirurgia bucal. Nem por isso deixou de falar bastante ao telefone com gente importante interessada em tirá-lo da disputa pelo governo. Sorridente, disse não aos interlocutores.
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