Os dois presidenciáveis elegeram o Paraná para fazer campanha amanhã. Dilma Rousseff vem a Curitiba: participa às 11 horas de um ato que reunirá militantes dos setores da educação e cultura nas escadarias do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná e, em seguida, faz caminhada pela Rua XV de Novembro em direção à Boca Maldita. Serra escolheu Maringá e Ponta Grossa para carreatas às 11 horas e às 15 horas, respectivamente, sempre acompanhado do seu principal cabo eleitoral, o governador eleito Beto Richa.
Enquanto isso, desenvolve-se a guerra de destruição das biografias a que suas campanhas se dedicam com afinco neste segundo turno. Contra Serra, divulga-se agora um levantamento produzido por entidades sindicais que colocam o tucano como responsável por um prejuízo de R$ 32,5 bilhões para o Paraná.
Contra Dilma, o hit do momento no estado é a afirmação que ela fez no último debate de televisão, domingo, segundo a qual as fonteiras do estado estariam sendo guarnecidas por aviões não tripulados para flagrar contrabando e tráfico de drogas e armas. Seus adversários garantem que a candidata cometeu uma falsidade. E aproveitam para criticar também o baixo desempenho do PAC programa coordenado por ela no setor de saneamento básico: apenas 1% das obras previstas foi realizado.
O prejuízo que Serra causou
Os tais R$ 32,5 bilhões de perdas sofridas pelo estado de que falam as entidades sindicais (CUT e a APP, dentre outras) teriam sido provocadas por uma emenda à Constituição Federal de 88 apresentada pelo então deputado José Serra durante a Assembleia Nacional Constituinte. Ele conseguiu incluir na Constituição um parágrafo ao artigo 155, que estabelece que o ICMS incidente sobre a energia elétrica seja recolhido pelos estados consumidores e não pelos produtores de energia. Na visão dos críticos, a "Emenda Serra", como ficou conhecida, visava beneficiar São Paulo (maior mercado consumidor de energia do país) mas, em compensação, o Paraná (maior produtor) ficou impedido de arrecadar o imposto. O artigo fere a lógica do sistema tributário, segundo a qual os bens e serviços devem ser tributados na origem e não no destino. O cálculo é que nesses 22 anos de vigência da Constituição, o Paraná deixou de recolher em ICMS cerca de R$ 1,5 bilhão por ano, perfazendo o montante estimado em R$ 32,5 bilhões no período. O valor é superior ao orçamento do estado de um ano. O Movimento Pró-Paraná chegou a fazer campanha para revogar o dispositivo constitucional, mas foi vencido pela inércia dos governadores e da bancada federal, muito embora alguns poucos deputados paranaenses tenham se destacado para derrubá-lo: primeiro, Maurício Fruet, e, anos mais tarde, seu filho, Gustavo coincidentemente do mesmo partido de José Serra.
O avião e o PAC de Dilma
Contra Dilma Rousseff, seus críticos lembram que, no debate da RedeTV! do último domingo, a petista afirmou que o governo Lula investiu na vigilância das fronteiras, começando pela do Paraná com o Paraguai. Segundo ela, um Vant sigla para Veículo Aéreo Não Tripulado , operado por controle remoto e equipado com câmeras de alta sensibilidade, estaria sendo usado no combate ao contrabando e ao tráfico na área.
O jornal Folha de S.Paulo foi conferir e descobriu que o avião encontra-se estacionado há dois meses num hangar na cidade de São Miguel do Iguaçu (a 30 km de Foz). Serristas, como o senador Alvaro Dias, dedicaram-se ontem a repercutir a reportagem, segundo a qual a aeronave não é do governo, mas pertence a uma empresa israelense e serviu por apenas um breve período a título de demonstração. O que há é um projeto de compra de alguns Vants a partir do ano que vem, mas antes disso o Brasil precisará ainda treinar pessoal e desenvolver um sistema que torne o sistema funcional.
Além desse caso, deputados estaduais correligionários de Serra pegaram outra matéria de jornal para constranger Dilma Rousseff. No caso, uma produzida pela Gazeta do Povo em que se constata, com base em dados oficiais, que a promessa do PAC de investir R$ 1,5 bilhão em obras de saneamento básico no Paraná ficou reduzida a apenas R$ 16 milhões ou seja, 1% do valor projetado. Um requerimento de informações foi apresentado (mas não votado) na sessão de ontem da Assembleia, dirigido ao governo estadual, já que este participa com contrapartidas e execução das obras.
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