Fachin 1
Só mesmo uma razão antirrepublicana poderá impedir que o jurista paranaense Edson Luiz Fachin torne-se ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Como jurista de reconhecida competência e como homem detentor de caráter absolutamente íntegro, não há nenhuma razão para que sua indicação pela presidente Dilma Roussef seja desaprovada pelo Senado.
Fachin 2
Entretanto, há riscos que atendem pelo nome de Renan Calheiros, presidente da Casa, e que, ultimamente, tem se dedicado (na companhia do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha) a jogos de pressão política contra a presidente. Renan e Cunha, ambos do PMDB, empenham-se em luta sangrenta contra a hegemônica presença do PT no governo – embora demonstrem mais interesse por cargos do que por programas de governo.
Fachin 3
Fachin é identificado por setores do PMDB como simpatizante do PT – ponto “negativo” contra sua nomeação para o Supremo na suposta visão de Calheiros – que não tem poderes para dar a palavra final, mas comanda cordeis políticos internos que teoricamente podem levar a maioria dos senadores a rejeitar a indicação do jurista. A possibilidade é remota mas não impossível.
Fachin 4
Se agir assim, Renan Calheiros terá, no entanto, prestado um de seus piores serviços à República. Estudioso, equilibrado, equidistante e honesto, o professor Luiz Edson Fachin reúne todas as condições para exercer com isenção e competência a função de ministro da mais alta Corte de Justiça do país – e num momento histórico da vida nacional que mais precisa de homens como ele.
O governo do estado encaminhou ao Ministério da Previdência o polêmico projeto que promove alterações na Paranaprevidência e que já está em regime de tramitação urgente na Assembleia. O ministério pode aprovar, desaprovar ou determinar modificações, superficiais ou profundas. Pode levar alguns dias ou até meses para dar seu parecer.
Imaginemos, no entanto, que ocorra a mais drástica situação, isto é, a desaprovação do projeto por estar em desacordo com a legislação federal que normatiza o funcionamento dos fundos de pensão do serviço público. Alguém já perguntou com que consequências o Paraná arcaria? Seria melhor o governo estadual tomar a cautela devida antes de obrigar seus deputados a aprovar o projeto com a pressa que deles exigiu.
A consequência de uma eventual desaprovação é o estado se tornar inadimplente em relação a obrigações constitucionais, às determinações da Lei de Responsabilidade Fiscal e às próprias normas que regem os sistemas previdenciários oficiais. A desobediência pode trazer resultados nefastos: o estado perderá o direito de contrair empréstimos, firmar convênios, receber repasses federais...
Não é uma situação nova. Nos primeiros anos do segundo governo Requião, várias normas foram descumpridas e o estado só não foi penalizado (em razão das irregularidades na Paranaprevidência) graças a uma liminar do STF, cujo mérito ainda não foi julgado. Requião, por exemplo, isentou ilegalmente os aposentados de contribuição, assim como não acrescentou 1% na alíquota devida pelos servidores com salários maiores que o teto do INSS.
Em razão de tais “bondades”, a longevidade dos fundos da Paranaprevidência caiu significativamente desde então. Segundo calcula o administrador Renato Follador, o técnico que concebeu o modelo paranaense nos anos 90, a longevidade dos fundos se reduziu dos 75 anos projetados para cerca de 40 ou 50 anos.
Anteontem ele esteve na Assembleia e aprovou genericamente o teor do projeto – mas advertiu que a “vida útil” dos fundos, em razão da apropriação de parte deles pelo Tesouro, cairá para, digamos, razoáveis 30 anos. Isto é, vão garantir a aposentadoria média de quem estiver ingressando agora no serviço público. Não mais do que isto.
Portanto, ele defende, (1) que o ideal seria submeter o projeto estadual à aprovação do Ministério da Previdência antes de votá-lo na Assembleia; e (2) que ele tramitasse concomitantemente com outro projeto criando um sistema de previdência complementar. Com a primeira providência, o estado pode evitar cair em alguma ilegalidade; com a segunda, pode duplicar a longevidade do sistema e garantir a aposentadoria dos futuros servidores.
A pressa é tanta, no entanto, que o governo está atropelando passos essenciais. E corre sério risco de se dar muito mal.
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