Os três principais pré-candidatos: Osmar Dias (à esq.), Cida Borghetti (ao centro) e Ratinho Jr.| Foto: Montagem: Albari Rosa e Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Quando se pensa na sucessão ao governo estadual, vê-se que chegamos ao fim de 2017 exatamente com o mesmo cenário que havia no início do ano. E que, tudo indica, continuará sem mudanças no mínimo durante os primeiros três meses de 2018, isto é, sem perspectivas de alteração substancial no quadro em curto prazo.

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Doze meses atrás, eram três os já há tempos previamente conhecidos candidatos do distinto público: Osmar Dias (PDT), Ratinho Jr. (PSD) e Cida Borghetti (PP). A única novidade com nome e endereço só apareceu em meados do ano quando o prefeito de Guarapuava, o ex-deputado Cesar Silvestri Filho, foi incluído pelo PPS entre os pretendentes ao Palácio Iguaçu.

O fato mais evidente que este cenário evoca é a paralisia política de que foi tomado o Paraná, não só circunscrita aos 365 dias de 2017, mas já há décadas. Basicamente, os nomes colocados são os mesmos que, direta ou indiretamente, ora como aliados ora como adversários, apresentam-se já há muito no mesmo palco e para a mesma plateia.

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Não que devamos nos surpreender, suspeitando que o fenômeno da não renovação seria exclusividade do Paraná. Dá-se o mesmo em relação ao Brasil e em praticamente todos os estados. Vez ou outra vê-se um “João Dória”, mas logo se descobre que ele é apenas mais um que veste o mesmo figurino. As modernas técnicas de marketing e o uso intensivo das redes sociais apenas trataram de dar colorido recente ao antigo “modelito”.

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Nem mesmo o esforço que alguns candidatos fazem ao empunhar a certidão de nascimento é suficiente para lhes tirar a craca da antiguidade. A certidão, de fato, os apresenta como biologicamente jovens, abaixo dos 40 anos – mas não necessariamente o documento fornecido pelo cartório representa um atestado que são dotados de qualidades do politicamente “novo”.

Mas é o que temos.

Por isso, o desenrolar dos próximos passos, ao longo dos seis meses que antecedem as convenções partidárias nas quais são definitivamente consagrados os candidatos, o que mais se verá é a movimentação de arranjos entre os partidos e grupos políticos, todos atrás do maior tempo de propaganda eleitoral, dos melhores nacos dos fundos de financiamento de campanhas e das mais amplas possibilidades de conquistar cabos eleitorais no maior número possível de municípios.

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Apesar dos discursos em sentido contrário, nos quais todos tentam dar sentido programático e doutrinário às alianças que arquitetam, de modo geral elas não conseguem se desvincular do caráter fisiológico e oportunista dos envolvidos nos estratagemas.

Exemplo disso foi o “namoro” que por 11 meses tentou aproximar o candidato do PDT, Osmar Dias, do grupo adversário liderado pelo governador Beto Richa, do PSDB. A “isca” lançada era filiar Osmar ao PSB para colocá-lo como membro do mesmo grupo político do governador. Ele passaria a contar com mais tempo de propaganda na TV, além de se beneficiar do poder da máquina e de estrutura de campanha – coisas que o minúsculo PDT paranaense não oferece. As vantagens seriam concedidas visando a evitar uma eventual oposição que pudesse pôr em xeque o projeto de Richa de conquistar uma cadeira no Senado. Isto é, todos os candidatos a governador – Osmar, Ratinho Jr. e Cida Borghetti – seriam situacionistas.

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Assim, porém, que murchou esta tentativa de trazer Osmar Dias para a situação, apresentou-se para cobrir o vácuo o senador Roberto Requião, do PMDB, que chegou a anunciar uma aliança, bem depressa abortada em razão da má repercussão que causou entre os antigos aliados de Osmar – que logo sacou a máxima de que é melhor ficar só do que mal acompanhado. Nos dois casos.

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Sabe-se lá como Osmar Dias vai se virar, já que anunciou sua decisão de permanecer no PDT e de nem mesmo se filiar ao Podemos, partido pelo qual seu irmão, o senador Alvaro Dias, faz campanha para a presidência da República.

O que se sabe é que são hoje cada vez mais visíveis os sinais de que para Beto Richa e seu grupo a melhor alternativa é abraçar a candidatura de Cida Borghetti, sem desprezar, porém, a popularidade de Ratinho Jr.

É impossível, todavia, desconhecer que, com Cida Borghetti no governo durante os seis meses que antecedem a eleição, com a caneta na mão direita e o marido Ricardo Barros na esquerda, é melhor não contrariar. Ou, mais prudente ainda, o melhor é fazer uma aliança por mais branca que possa parecer.

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Ratinho Jr. continuará na sua, percorrendo célere os municípios, de preferência os menores que mais agrados receberam quando de sua gestão à frente da Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Vai continuar pregando que ele é o “novo”, o homem certo para colocar o Paraná no rumo da inovação – embora, até agora, não tenha dado pistas sobre como fazer isso.

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Aos 36 anos de idade, Cesar Silvestri Filho, desde sua Guarapuava e dentro de um partido, o PPS, que tem até agora se colocado à margem dos arranjos, busca se apresentar como a grande e até agora única novidade da campanha que se avizinha. Mostra projetos diferentes que tem implantado no município e defende ideias mais definidas e não encontradas com a mesma intensidade e clareza no discurso de outros candidatos, como, por exemplo, a necessidade de o estado passar por uma profunda reforma administrativa, que proporcione enxugamento drástico da máquina e dos gastos. Se este programa será convincente para a massa de eleitores, nem ele sabe.