Passado o carnaval, lembrados nesta quarta-feira que não passamos de cinzas e que agora efetivamente começa o ano de 2016, é hora de lembrar as resoluções que firmamos e botar mãos à obra para realizá-las. Isso vale para cada um individualmente e também para os governos – sempre pródigos em acenar com promessas que dificilmente cumprem.
No Paraná, por exemplo, a promessa mais retumbante – depois da derrama fiscal e do assalto à previdência dos servidores – resumiu-se em uma frase: “o melhor está por vir”. A afirmação tem um certo tom de consolo para quem se viu forçado a pagar IPVA 40% mais caro e ICMS 50% mais alto.
O “melhor está por vir” foi dito logo após o início do pior, quando o governo estadual viu que era hora de botar ordem nas suas bagunçadas e deficitárias contas públicas. Dizia que, feito o ajuste fiscal à custa do contribuinte, o governo ganharia condições de compensar o sacrifício popular com melhores serviços e muitos investimentos.
No começo do ano, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, anunciou que já não havia contas atrasadas a pagar e que, com o orçamento de 2016 já devidamente vitaminado, sobrariam R$ 6,8 bilhões para investimentos, fora outros R$ 1,5 bilhão em obras previstas pela Sanepar e Copel. O Paraná, jactou-se na ocasião o governador Beto Richa, seria o único estado do país com contas saneadas e apto a fazer a máquina funcionar a todo vapor. Textualmente: “Vamos começar o ano zerados. Prontos para começarmos os investimentos. Em 2016, ninguém no país vai investir como o Paraná”.
Vieram, então, as promessas: empenhar 34% dos recursos orçamentários em educação (quatro pontos porcentuais a mais do que exige a Constituição); cumprir fielmente os 12% de destinação à saúde; honrar os compromissos firmados com o funcionalismo público; aumentar o efetivo policial; e assim por diante.
São promessas, digamos, intangíveis, nem sempre sentidas pela população, pois nem sempre também o aumento de recursos corresponde a melhorias efetivas. Por exemplo: o crescimento das verbas para a educação garante que o Paraná vai subir de posição nas avaliações nacionais de qualidade do ensino, como o Enem e o Ideb? Eis uma incógnita, mais dependente de boas políticas e de boa gestão do que propriamente de verbas. Se o estado decair nessas avaliações, será justo dizer que houve desperdício?
Pode-se garantir que, com mais policiais, vão decair os índices de criminalidade se não houver uma correspondente boa política de segurança pública? Curitiba deixará de figurar entre as 50 cidades mais violentas do mundo?
Agora, com obras físicas, visíveis, é mais fácil ao povo medir a operosidade do governo. Então, vejamos o que Richa pretende fazer em 2016 com parte da “sobra” de R$ 6,8 bilhões, conforme anunciado oficialmente. É bom guardar esta listinha – parte de uma relação de 31 obras consideradas prioritárias – para conferir até o fim do ano:
• Duplicação da PR-466 (Guarapuava-Palmeirinha).
• Duplicação da PR-092, entre Siqueira Campos e Joaquim Távora, no Norte Pioneiro.
• Duplicação da PR-280, trecho Francisco Beltrão-Pato Branco.
• Implantação dos corredores de Castro, Londrina, Marmeleiro e Umuarama.
• No Porto de Paranaguá, serão reformados berços e feita a remodelagem do cais.
• Com outro R$ 1,5 bilhão, a Copel e a Sanepar vão gerar e transmitir mais energia, melhorar as telecomunicações, ampliar a rede de esgotos e o abastecimento de água.
Otimismo não falta. Serão tantos investimentos que o Ipardes até já calculou que a massa salarial do Paraná vai ter um incremento de 1,7%. E que o PIB estadual, ao contrário do nacional e dos outros estados, será positivo.
Que os anjos digam amém. E feliz Ano Novo!
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