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Se a eleição para presidente da República fosse hoje, sabe quem seria o eleito? Lula! Ele nem é candidato, mas a resposta espontânea dos entrevistados pela pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem, aponta que ele ganharia o pleito folgadamente, com 51% dos votos. José Serra apareceria em segundo, com 18,4% e, em terceiro, Dilma Roussef, que faria 11,6%.

Com índice tão exuberante de eleitores que gostariam que Lula continuasse na Presidência, por que, então, a candidata que ele apoia fica tão distante do adversário Serra? A explicação é uma só: Lula é Lula e Dilma é Dilma. Ou seja, na hora de fazer o povo acompanhar sua preferência, o prestígio de Lula não demonstra tanta eficiência.

E, então, o resultado da eleição, fosse ela realizada hoje, de acordo com a pesquisa estimulada (aquela em que o entrevistado tem de optar por uma lista pré-fixada de nomes), Serra chegaria ao Planalto com 39,9% dos votos. Dilma (que já teve 23% em sondagem anterior do mesmo instituto) seria agora votada por 19% dos eleitores. Heloisa Helena e Marina Silva fariam, respectivamente, 9,7% e 4,8%.

Tem um detalhe: segundo o CNT/Sensus, 21% dos brasileiros votariam num candidato indicado por Lula, fosse quem fosse. Assim, com muito otimismo, o verdadeiro potencial pessoal de Dilma Roussef, descontada a transferência de Lula, não passaria muito de 15%.

Se um quinto (21%) dos eleitores está disposto a seguir a recomendação do presidente, curiosamente outro quinto (20,3%) diz que se recusaria a votar num candidato indicado por ele. Logo, parece, na prática, que a influência de Lula teria peso nulo na escolha final do próximo presidente. Favorece de um lado, mas, de outro, tira votos na mesma proporção. A soma é zero.

Mais um detalhe: o índice de 19% obtido por Dilma é nacional. No Norte e no Nordeste, por exemplo, ela ultrapassa folgadamente a média de 23% – mas no Sudeste e no Sul (o que inclui o Paraná) seu desempenho chega a despencar para 15%.

A distância é muito grande em relação ao favorito Serra. Para superá-la, Dilma só pode contar mesmo com uma campanha muito bem feita, com a permanência em grau elevado de satisfação do povo com o governo, com maior conhecimento de seu nome e com uma postura pessoal mais palatável para o distinto público. São condicionantes importantes, não muito fáceis de atingir.

Mais do que tais condicionantes para alavancar a candidatura de Dilma, há outra na qual o presidente Lula está pessoalmente envolvido. Ele quer que ela seja protegida por um forte aparato de apoios regionais, capazes de melhorar a performance de sua candidata. Caso contrário, reduzem-se consideravelmente as suas possibilidades de sair do patamar em que se encontra.

É esta realidade que explica o esforço do presidente para achar aliados nos estados. No caso do Paraná, a preferência notória, até por falta de opção, recaiu sobre o senador Osmar Dias, do PDT, e, suplementarmente, no PMDB de Requião.

Trata-se de um problemão para Osmar, pois a pergunta que precisa ser respondida, à luz da pesquisa CNT/Sensus e da aliança que está sendo montada, é uma só: o que ele vai ganhar com o apoio que der a Dilma Roussef? Acordo bom é aquele em que os dois lados ganham.

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