Cinco policiais militares assassinados e vários outros foram feridos durante o mês janeiro, em Curitiba e em outras cidades do Paraná. Londrina e municípios vizinhos, no último final de semana, foram abalados por dez homicídios sequenciais de civis logo após a morte de um dos PMs.
Moral dessa história trágica e triste para a corporação e para toda a sociedade: é lamentável que agentes da lei, que arriscam suas vidas para proteger a população da violência, caiam vítimas da mesma violência que combatem.
Há no ar um pesado clima de suspeição, alimentado dentro da própria corporação e por suas entidades de classe. O secretário da Segurança, Wagner Mesquita, foi rápido em montar uma força-tarefa para investigar as ocorrências na região de Londrina, embora, em aparente contradição, descarte que a sucessão de mortes de policiais seja obra de facções criminosas ou que policiais estariam revidando o assassinato de colegas.
Nada está provado. Nenhuma suspeita que leve taxativamente à dedução de que estamos diante de uma guerra de milícias veio a público até agora. A única coisa em comum que liga as mortes dos policiais é que, em todos os episódios, elas não ocorreram em situações de confronto. Os PMs estavam de folga e à paisana quando foram surpreendidos pelos assassinos.
Entretanto, há razões de sobra para que aconteça hoje, terça-feira, uma reunião em regime de urgência do Fórum das Entidades Representativas dos Policiais e Bombeiros Militares do Paraná. Seus dirigentes não estão convencidos da inexistência de liames entre as mortes dos policiais e a atuação de facções. E até consideraram precipitada a afirmação do secretário de Segurança de fazer a desvinculação.
Apesar dos frequentes desmentidos feitos pelo governo de que facções do tipo PCC (Primeiro Comando da Capital) dominariam as maiores unidades do sistema prisional do estado, as rebeliões ocorridas nos últimos tempos demonstram exatamente o contrário. Seus líderes costumam se mostrar como membros da organização criminosa, que teve sua origem em São Paulo nos anos 1990. E seria de dentro dos presídios que comandariam a “atividade” de seus “colaboradores” externos, praticando crimes de tráfico, extorsão, sequestros e assassinatos encomendados.
Temem os dirigentes do Fórum das Entidades Representativas dos Policiais que o suposto acirramento do clima de confronto – e que tem resultado no assassinato de policiais – seja decorrente de um erro político e estratégico do governo do estado que, em 2014, na tentativa de economizar recursos, tirou o Departamento Penitenciário (Depen) da Secretaria da Justiça e o colocou sob a tutela da Secretaria de Segurança.
Os líderes do Fórum resumem o problema numa frase: “quem prende não pode cuidar”. A pretendida economia agora cobra seu preço em vidas – vidas de policiais militares. Daí a urgência para que o Depen volte para o mesmo lugar de onde veio.
Olho vivo
Por 14 votos a 5, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça invalidou ontem uma lista sêxtupla que o Ministério Público Estadual submeteu para preenchimento de vaga de desembargador. Segundo a decisão, houve agressão ao princípio constitucional da impessoalidade, já que, ao elaborar a lista, o MP teria deixado evidente a intenção de “queimar” a candidatura do procurador Cid Vasques sob a alegação de que ele não representaria os interesses da instituição.
O Órgão Especial já havia concedido liminar no mesmo sentido no ano passado, mas ontem votou no mérito o mandado de segurança impetrado pelo advogado Rodrigo Xavier Leonardo em favor de Vasques. O MP pode recorrer, mas agora já são duas as vagas de desembargador que cabe à instituição indicar nomes para preenchê-las.
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