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Os preparativos e o próprio interrogatório de Lula perante o juiz Sergio Moro na tarde desta quarta-feira (10) não foram motivo suficiente para paralisar nos últimos dias a movimentação nos bastidores políticos do Paraná. Os potenciais candidatos ao governo do estado em 2018 mantiveram a animação visando a marcar seus territórios e amarrar pontas que ainda consideram soltas.

Quem se apresentou mais desenvolto nesta tarefa foi Ratinho Jr. Se até há pouco tempo evitava definir publicamente quais seria suas reais pretensões, agora as revela com clareza: quer mesmo disputar o Palácio Iguaçu, encabeçando uma chapa que dá vaga à candidatura de Beto Richa ao Senado. E, como se não bastasse, dá ainda ao governador a prerrogativa de escolher um nome para ser o candidato a vice.

Presidente do PSD estadual e líder informal do PSC – partidos que reúnem decisiva bancada de 13 deputados na Assembleia –, Ratinho Jr. passou a se achar politicamente vitaminado com a decisão do seu virtual adversário na eleição, o ex-senador Osmar Dias, de não se vergar à pressão de partidários de Beto Richa que insistem em atraí-lo para grupo. Convidaram-no a se desfiliar do PDT e aderir ao PSB (“puxadinho” do PSDB estadual) para fazê-lo cabeça de chapa.

Além de sorrisos e apertos de mão, Osmar nada mais deu em troca ao emissário de Richa, o líder do governo na Assembleia, deputado Luiz Claudio Romanelli, neo-socialista desde que deixou o PMDB há alguns meses.

Três tentações foram propostas a Osmar: o reino seria seu se, como candidato ao governo, aceitasse o apoio da máquina, toda a estrutura necessária e ainda com liberdade para apoiar o irmão Alvaro Dias, candidato à Presidência da República. Isto é, não precisaria subir num palanque em que estivesse presente o eventual candidato tucano ao Palácio do Planalto.

Vácuo?

Sem a resposta de Osmar, Ratinho Jr. se lembrou da velha cartilha de alfabetização que ensinava a formação de sílabas com frases do tipo “Ivo viu a uva”. Com base na falta de resposta de Osmar Dias – que só discutirá alianças após a reforma política –, Ratinho Jr. entendeu que se criara um vácuo que ele poderia ocupar. E inverteu as posições: ofereceu-se para encabeçar a chapa garantindo posições privilegiadas para o tucanato, incluindo (principalmente) a de candidato a senador para Beto Richa.

Deputado estadual eleito com quase 300 mil votos em 2014, Ratinho assumiu a secretaria de Desenvolvimento Urbano, estratégica pasta que lhe oferece capilaridade para conversar e distribuir benefícios para os 399 prefeitos municipais. Só isso, no entanto, não o faz candidato natural ao governo. Mas ele dispõe de outras condições pessoais e familiares para encarar o desafio: ele e seu pai (o rico apresentador Ratinho) são donos da rede Massa, a segunda cadeia de televisões do estado – acrescida agora com a concessão de uma nova emissora, em Francisco Beltrão –, e vem sendo bafejado pelo apoio explícito do ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD. E não apenas diretamente no plano político: contratou por alto cachê o apresentador Ratinho par ser o garoto-propaganda dos anúncios publicitários dos Correios, estatal que lhe é subordinada.

Daqui até a data das definições, muita água passará debaixo da ponte. A começar sobre se Richa fica ou não até o fim do mandato de governador. Se permanecer, praticamente será sepultada a condição de Cida Borgheti, do PP, de concorrer ao governo. Sua força principal estaria na chance de se tornar titular do governo do estado nos nove últimos meses caso Richa renunciasse para se lançar ao Senado. Essa incerteza,porém, ainda terá de ser vencida.

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