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Você tinha alguma dúvida? O inquérito concluído pela Polícia Civil acerca do tiroteio do dia 21 de outubro na Fazenda Syngenta aponta só os seguranças e nenhum sem-terra pelas duas mortes ocorridas – de um segurança e de um sem-terra.

O inquérito foi considerado incompleto e tecnicamente imperfeito. Só por essas razões deverá chegar à Justiça desacreditado e insuficiente para condenar os culpados. Mas esse nem é o maior problema. O problema maior são os indícios de que ele foi elaborado sob uma visão intencionalmente parcial, segundo acusou da tribuna, ontem, o deputado estadual Élio Rusch.

O dono da empresa de segurança e seus empregados foram indiciados por homicídio e formação de quadrilha, ao passo que, entre os militantes do MST, apenas o líder sem-terra Celso Ribeiro foi citado – mas não por homicídio e sim por tentativa de invasão de propriedade particular.

Lembre-se que duas pessoas morreram no confronto – além do sem-terra Valmir Mota de Oliveira, pereceu também o segurança Fábio Ferreira. Os seguranças foram acusados pelo assassinato do sem-terra, mas o grupo do MST não foi responsabilizado pelo homicídio do segurança.

As conclusões policiais parecem seguir orientação superior. Desde os primeiros momentos que se sucederam ao episódio trágico, o governo estadual – e o próprio governador Roberto Requião – assumiu clara defesa dos invasores e explícita condenação do outro lado, muito embora não contasse com elementos de convicção suficientes para definir qualquer posição. Aliás, nem era mesmo seu papel assumir posição alguma – a não ser a de determinar rigorosamente que as investigações fossem rápidas, sérias e imparciais.

Trilha-se um caminho muito perigoso no Paraná. Quando a polícia é colocada a serviço de ideologias e interesses políticos, chega-se muito perto de um estado totalitário – e aí sobrevém o medo, a insegurança e a violência.

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A travessia do ferryboat

A empresa F. Andreis, que opera o serviço de ferryboats na Baía de Guaratuba, ganhou mais 180 dias para explorar a travessia, contados a partir do dia 22 de outubro passado, segundo consta do contrato 094/2007, assinado com o DER, "devidamente autorizado pelo Senhor Governador do Estado, em 07/11/2007".

Essa história tem um começo: o contrato original com a F. Andreis terminou em outubro de 2006. O DER pediu a Requião para prorrogá-lo por mais um ano, sem licitação. Requião não autorizou: mandou abrir nova concorrência. Que só veio a ser aberta quase um ano depois, em agosto de 2007.

O edital, porém, era tão claramente direcionado para manter a mesma F. Andreis na exploração do serviço, que duas outras concorrentes conseguiram anular a licitação. O DER prometeu abrir outra no mês seguinte. Não só não abriu como simplesmente conseguiu prorrogar o contrato, o que permitirá à F. Andreis explorar a travessia por mais uma rendosa temporada de verão, muito embora suas embarcações estejam condenadas pela Marinha por razões de segurança.

Resumo: Requião queria nova concorrência. O DER não queria. Requião pode menos que o DER?

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Olho vivo

Tribunal 1 – A diretora do Colégio Estadual do Paraná, Madselva Feiges, continua firme no cargo. O secretário da Educação, Maurício Requião, ignora a insatisfação dos alunos, pais e professores, ao mesmo tempo em que pune os que se encorajam a criticar a atuação da diretora. Do Diário Oficial do último dia 11 consta a abertura de processo disciplinar contra mais dois professores, Maria Luiza Diniz Lacerda e Denílson Schena.

Tribunal 2 – Em tribunal sumário, eles foram condenados à pena de suspensão por 30 dias (com perda de salário) pelas seguintes acusações: 1) falta de urbanidade por constranger os professores do ensino profissionalizante fazendo críticas aos resultados obtidos pelos alunos, sem qualquer embasamento técnico para fazê-lo; 2) revelar aos alunos medidas de caráter administrativo referente à situação funcional de servidores gerando críticas infundadas à administração do colégio; 3) falta de observância de normas legais e regulamentares ao tumultuarem o ambiente escolar entre os dias 6 e 9 de novembro de 2007, impedindo que as aulas transcorressem dentro da normalidade.

Dossiê à vista – O PMDB de Maringá vai lançar como candidato a prefeito o ex-petista João Ivo Calefi. Para convencer Requião a não apoiar a candidatura de Enio Verri, do PT, que é secretário estadual do Planejamento, os peemedebistas vão jogar pesado: encaminharão ao governador um dossiê mostrando que Verri tornou-se sócio oculto de uma cooperativa de crédito e de uma imobiliária de Maringá quando era secretário da Fazenda na gestão do falecido prefeito João Cláudio, também do PT.

Aproximação – O deputado Ney Leprevost foi visto entrando tenso e saindo sorridente do escritório de Gleisi Hoffman no Edifício Itália, terça-feira. Assunto? Pode ter sido uma bem-sucedida aproximação do parlamentar do PP da campanha da candidata do PT à prefeitura de Curitiba.

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"Isso é para amolecer o coração duro dos patrões."

Do deputado Luiz Cláudio Romanelli, dirigindo-se aos jornalistas que cobrem as sessões da assembléia legislativa, para justificar a emenda ao orçamento que apresentou propondo destinar mais R$ 30 milhões para os veículos de comunicação no ano que vem.

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