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Olho vivo

Pedágio 1

A secretaria dos Transportes (agora também de Logística) já fez duas reuniões com os concessionários de rodovias para buscar solução para o pedágio que atenda aos interesses dos usuários, das próprias empresas e do governo. Quatro outras longas reuniões técnicas internas também já aconteceram com o mesmo objetivo. Não há, até agora, nenhuma luz visível no fim do túnel.

Pedágio 2

O único avanço – ainda tênue – é a disposição manifestada pelo governo e pelas pedageiras para, mutuamente, desistirem das 140 ações judiciais que se movem reciprocamente. Se chegarem a um consenso sobre isso, a conversa terá mais chances de prosseguir e dar resultado.

O mundo dá voltas e recordar é preciso – dois lugares-comuns que, à vista das extraordinárias revelações trazidas a lume pela Polícia e pela Receita federais anteontem sobre malfeitorias no Porto de Paranaguá, são mais do que pertinentes. Os ditados provam que a sabedoria popular é infalível.

Vamos recordar para comprovar que o mundo realmente dá voltas contando a história de dois personagens: Luiz Antonio Fayet e o engenheiro Leopoldo Campos. Comecemos com Leopoldo: em setembro de 2007, ele ocupava há apenas três meses a diretoria-técnica do porto. Funcionário de carreira do DER, Campos fora nomeado para o cargo pelo então governador Roberto Requião. Era seu amigo pessoal e merecia, portanto, toda a sua confiança.

Cumpria o engenheiro sua função no porto quando começou a notar coisas estranhas, atitudes não republicanas por parte de outros diretores da autaquia. Coisas do tipo desvio de cargas e materiais; favorecimentos em licitações para dragagem, construções irregulares etc, etc, etc. Exatamente tudo quanto, agora, a Polícia Federal e a Receita comprovam!

Espantado com o que viu e sendo ele um funcionário "de confiança", escreveu um pequeno relatório e o encaminhou a Requião. Requião leu e pediu explicações ao irmão Eduardo, então superintende da Appa, que, em poucas horas repeliu energicamente as denúncias com outro relatório de 200 páginas. O relatório foi elaborado pelos próprios acusados.

As providências foram rápidas: Requião demitiu Leopoldo Campos já no dia seguinte. De volta à repartição de origem, no DER, perdeu as gratificações a que tinha direito e foi encarregado de contar as moscas que frequentavam os corredores – únicos lugares onde era permitida sua presença. O assédio moral que sofreu custou-lhe meses de depressão e remédios.

Dito isto, vem à mente outra pérola da sabedoria popular: a justiça tarda mas não falha. Tudo o que Leopoldo escreveu há mais de três anos não era fruto de uma mente perturbada, como quiseram, na época, atribuir-lhe. Eram verdades que, se devidamente apuradas, poderiam ter evitado que nos três anos seguintes os fatos denunciados persistissem.

A conclusão é uma só: o ex-governador Roberto Requião não tem o direito de afirmar que não sabia. Teria ele, hoje, mais direito de defender a honradez de todos que nomeou para dirigir o porto – como o faz no Twitter desde anteontem – se, à época, tivesse instaurado rigorosa sindicância. E, após tal investigação, concluísse pela inocência dos acusados. Logo, houve, aí, também, crime de responsabilidade – aquele atribuído aos gestores públicos que não cumprem suas obrigações constitucionais.

É bom recordar que as mesmas denúncias levadas a Requião foram também entregues por Leopoldo Campos ao Ministério Público Estadual. Dezenas de documentos comprobatórios chegaram aos promotores. Desconhecem-se medidas adotadas por este órgão.

Outros também sabiam

Mas não foi somente Leopoldo Campos que alertou autoridades sobre o caos moral que navegava nas ondas da Baía de Paranaguá. Outro que coleciona centenas (ou milhares!) de páginas de denúncias é o economista Luiz Antonio Fayet. Ex-deputado, ex-presidente do Banco do Brasil e, já há anos, membro do Conselho da Autoridade Portuária (CAP) de Paranaguá, Fayet produziu contundentes relatórios que dirigiu aos mais diversos órgãos: Tribunal de Contas da União, Antaq, Ministério dos Portos, ministérios públicos federal e estadual... Entre os destinatários de suas denúncias esteve também o presidente Lula.

Leopoldo e Fayet – para continuar na linha dos ditados populares – pregaram no deserto?

Tudo isso agora é coisa do passado. Corrigir o passado é necessário e a Justiça pode fazer a sua parte. Mas o futuro do Porto de Paranaguá depende de muito mais. E isso está nas mãos agora do governador Beto Richa e dos políticos parnanguaras que colocou para dirigir um dos maiores portos do mundo. Darão conta do recado ou, de novo, se ouvirão vozes pedindo a intervenção federal?

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