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Vamos resumir uma história que se desenrolou no Paraná nos anos de 2006 e 2007 e que acabou em tragédia: militantes da Via Campesina e do MST tomaram a Fazenda Syngenta, no Oeste, em protesto, segundo eles, pelo plantio experimental de transgênicos que a multinacional fazia lá. Requião tomou partido: protegeu e aplaudiu os invasores, pois também lutava contra os transgênicos. Evitou cumprir a ordem judicial de despejo e, ao contrário, tentou desapropriar a terra para destiná-la a pesquisas com agricultura orgânica. O modo de agir do governador produziu resultados: duas mortes – a de um funcionário da Fundação UFPR e a de um segurança contratado pela Syngenta.

Todo o discurso que embalou a desastrada ação (ou falta de) do governo estadual no episódio esteve centralizado na luta contra o avanço das lavouras transgênicas. Pregava-se que o Paraná deveria se manter como área livre de produtos modificados e que não deveria se curvar aos interesses das multinacionais do setor, dentre as quais a Syngenta e a Monsanto.

Nessa briga, Requião e o MST formaram uma parceria perfeita. Ambos estavam irmanados nas mesmas causas – a luta pela reforma agrária, contra o agronegócio e contra os transgênicos. As tradicionais manifestações de simpatia um pelo outro se multiplicaram no período. Até que, sábado, Requião foi a Sarandi, no Rio Grande do Sul, como convidado de honra nas comemorações do 25º aniversário de criação do MST.

Foi neste momento que o governador do Paraná constatou que até o MST está se distanciando dos antigos ideais e aderindo ao agronegócio e aos transgênicos.

Ironia do destino: sem-terra agora plantam

A Fazenda Novo Sarandi, um dos assentamentos-símbolo do MST, foi o palco das comemorações. Requião foi um dos chamados a falar. Desfiou os velhos elogios e conclamou o MST a continuar lutando contra o neoliberalismo, o agronegócio e as transnacionais... mas nenhuma palavra mais contra os transgênicos.

Compreensível: ali bem próximo do palanque verdejavam os milhares de hectares da soja transgênica recém-plantada pelos ex-sem-terra do assentamento, com a imprescindível utilização maciça do herbicida Roundup Ready que compram da Monsanto. E por que fazem isso: porque a semente orgânica que o Paraná lhes vende é muito cara!

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Olho Vivo

Londrina 1

O TRE vai confirmar só amanhã a realização do terceiro turno em Londrina, com possível definição da data em que Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Barbosa Neto (PDT) vão se enfrentar nas urnas. Mas antes mesmo que isto se confirme, advogados se movimentam para impedir que a nova eleição se realize.

Londrina 2

O deputado Antonio Belinati (PP), que teve seu registro de candidato cassado dois dias após ter saído vitorioso no segundo turno, defende que o TRE só poderá tomar esta decisão após julgado o recurso que impetrou junto ao STF. Belinati espera que o Supremo confirme seu direito de assumir a prefeitura – logo, segundo seus advogados, seria uma imprudência, antes disso, promover uma nova eleição.

Londrina 3

Já o deputado Luiz Carlos Hauly anuncia que recorrerá novamente ao TSE para que este reconheça o direito de ser diplomado e empossado prefeito, já que ficou em segundo lugar na disputa de outubro. No seu entendimento, não há razão legal para chamar o eleitorado para votar de novo.

Londrina 4

O único que quer ficar longe dos tribunais é Barbosa Neto, fazendo figa em favor do terceiro turno. Torce para que o TSE negue o recurso de Hauly e, com dificuldades, dissimula estar a favor de Belinati. Afinal, sua esperança de vitória repousa em herdar os votos de Belinati para ganhar de Hauly.

Alvaro candidato

O senador Alvaro Dias (PSDB) se dispõe a ser candidato à presidência do Senado, mesmo sem possibilidades de vitória. Ele levará a Brasília, esta semana, a idéia de que a oposição não pode se alinhar a nenhuma das duas candidaturas já postas – a de Tião Viana (PT) e a de José Sarney (PMDB) – pois a vitória de qualquer delas, no seu entendimento, selaria definitivamente o atrelamento do Congresso a Lula. "Os dois candidatos fazem o jogo do governo", afirma, e votar em qualquer um deles não combina com a postura oposicionista. Se as bancadas de oposição concordarem com sua análise, Alvaro se diz disposto a representá-las como candidato. Já o irmão Osmar (PDT) anunciou que ele e os demais quatro senadores de sua bancada votarão em Tião Viana, com quem estão comprometidos desde dezembro.

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