Nos minutos finais que antecedem a eleição do segundo turno, o governador Beto Richa inverteu os sinais para declarar seu voto em Rafael Greca. Seu apoio ao ex-prefeito sempre foi um segredo de Polichinelo, mas até o início da semana ele preferia manter uma posição de magistrado – evitava se manifestar sobre suas preferências, assim como os candidatos do seu coração não o mencionavam para evitar a se verem contaminados pela rejeição.
Eis, no entanto, que, não mais do que de repente, Richa se mostra irado com os ataques que recebeu nos últimos dias do candidato Ney Leprevost, a quem chamou de “oportunista”. Mostrou-se também admirado com o fato de Ney ser do PSD, partido que supunha compor sua base, presidido no estado pelo seu ex-chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, e com diretório em Curitiba comandado pelo atual secretário de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Jr.
“Eles não me avisaram que haviam rompido comigo”, lamentou Richa, descobrindo que seu governo estava minado por quinta-colunas. Demitirá Ratinho depois da eleição? – fica a pergunta. As mesmas queixas não pesam sobre Greca e seus apoiadores – o que significa que ao governador interessa mesmo é a vitória dos que se lhe mostram mais fiéis e respeitosos.
O nervosismo do governador não é sem razão. É humanamente natural para quem se vê acossado por greves do funcionalismo, ocupação de escolas, morte de estudante, resistências à aprovação na Assembleia de projetos propondo a suspensão de reajustes salariais, promoções e progressões. Todas as situações são desgastantes perante a maioria da população.
Diante disto, passa a ser também humanamente compreensível que Richa se dê a improvisos verbais fora das melodiosas partituras musicais que os assessores costumam lhe entregar. Chegou a atacar a OAB, a quem acusou de ter rejeitado seu pedido para mediar as negociações para a desocupação das escolas e mereceu imediata resposta: a OAB nega ter recebido qualquer pedido, embora confirme seu empenho em colaborar.
Mas como diria o imperador Júlio Cesar quando estava prestes a atravessar o Rubicão, “alea jacta est” – a sorte está lançada. Se Greca ganhar a eleição, Richa poderá cantar a vitória como sua, apesar de todos os pesares.
Ufa! 1
O Órgão Especial do Tribunal de Justiça (TJ) começa a julgar Ezequias “da sogra” Moreira, secretário do Cerimonial, no próximo dia 21 de novembro. Ufa! Foi um longo caminho para se chegar a este ponto: a partir de 2007 o processo de que Ezequias é réu, acusado de peculato por embolsar meio milhão de reais que a Assembleia pagou à sogra funcionária fantasma, tramitou na primeira instância (5ª Vara Criminal) até a véspera da sentença, em 2013.
Ufa! 2
Diante da iminente condenação, o réu ganhou foro privilegiado quando o governador Beto Richa o tirou de uma diretoria da Sanepar e o nomeou secretário de Estado. Com isto, a ação passou a tramitar (dois anos depois, somente em 2015) na segunda instância, isto é, no TJ, que recebeu pronta toda a instrução, com provas e testemunhos. Ainda assim, o relator do caso no TJ, desembargador Luiz Carlos Xavier, levou outros dois anos para encaminhar a ação para julgamento pelo Órgão Especial, o que aconteceu nesta terça, 25.
Ufa! 3
Agora vai? Não se sabe! O processo chega ao OE praticamente às vésperas do recesso judiciário. Depois, ele pode ser submetido a inúmeros pedidos de vista (são 25 os desembargadores do colegiado com esta prerrogativa). Resumo da ópera: tudo leva à (quase) certeza de que a prescrição vai acontecer antes do julgamento.
Gauchesco
Gustavo Fruet fracassou na tentativa de reeleição à prefeitura. Mas sua assessoria jurídica, encabeçada pelo advogado Luiz Fernando Pereira, ganhou todas as ações na campanha dele. Neste segundo turno Pereira voou para Porto Alegre, onde presta assessoria para o tucano Nelson Marchezan Jr., líder nas pesquisas de lá.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada