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Olho vivo

A missão

O secretário do Planejamento, Cassio Taniguchi, vai falar hoje na Assembleia sobre o projeto do governo de criar a agência reguladora estadual, cuja atuação se estenderá aos serviços de saneamento e energia. A missão de Cassio será a de convencer os deputados da oposição de que a agência não será mero instrumento de facilitação de privatizações de estatais. O deputado petista Elton Welter, por exemplo, não consegue entender porque serviços públicos prestados pelo governo precisam de regulação – a menos que alguém pretenda privatizá-los no futuro.

Esclarecimentos 1

Aguarda-se para hoje que o presidente da Câmara Municipal, João Claúdio Derosso, fale (e convença o distinto público de sua inocência) sobre as denúncias que pesam contra ele. Segundo se informa, seu pronunciamento será "técnico". Ontem, dia do retorno às atividades após o recesso de julho, Derosso não compareceu à Casa. Ficou distante da turba de manifestantes que quis invadir o plenário. A presença do prefeito, tradicional na reabertura dos trabalhos, também foi suspensa. Aliás, a própria sessão foi suspensa logo depois de iniciada.

Esclarecimentos 2

É claro que o pronunciamento de Derosso catalizará todas as atenções, mas enquanto estiver falando passará de mão em mão, à cata de assinaturas, um requerimento para que se crie uma comissão interna de controle, formada por representantes de todos os partidos. Atualmente, os atos da Câmara (prestações de contas, por exemplo) só são de conhecimento da presidência e da primeira-secretaria. Os demais vereadores de nada tomam conhecimento.

Convocações

Líder do PSDB no Senado, o senador Alvaro Dias marcou o primeiro dia pós-recesso com o anúncio de convocação de cinco ministros para que prestem informações sobre denúncias de corrupção que envolvem as respectivas pastas. Além do ministro dos Transportes, Alvaro quer que sejam ouvidos também os ministros da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário, das Minas e Energia e das Cidades.

A política é mesmo muito dinâmica. Todo dia uma surpresa. A última partiu do deputado Valdir Rossoni que, entre sorrisos maliciosos, deixou transparecer que guarda no peito um recôndito desejo: o de se candidatar a prefeito de Curitiba, pelo PSDB. A primeira providência ele já tomou ao transferir o título de eleitor de Bituruna – município agora governado pelo filho Rodrigo Rossoni – para a capital.

Com raros intervalos, em quase meio século, Curitiba sempre teve prefeitos engenheiros ou arquitetos, como Lerner, Greca, Taniguchi e Richa. A sequência foi quebrada por Luciano Ducci, o atual alcaide, médico pediatra. "Tá na hora da cidade ter um prefeito matemático", brinca Rossoni, diplomado na matéria pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Em nenhum momento, porém, afirma que a mudança de domicílio eleitoral se deva a esse suposto projeto político. Como mora em Curitiba, Rossoni justifica, não quer ter a obrigação de viajar a Bituruna apenas para votar: preferirá ficar na capital pela simples razão de, com isso, poder levar o neto de cinco anos a se familiarizar com a urna eletrônica.

Pelo sim, pelo não, porém... não custa lembrar que não faz muito tempo o deputado Valdir Rossoni, vice-presidente estadual do PSDB, era uma das poucas vozes que se dirigiam ao governador Beto Richa para demovê-lo da ideia de levar o partido a apoiar a reeleição de Luciano Ducci, do PSB, em detrimento de candidatura própria própria da legenda, no caso, a do ex-deputado Gustavo Fruet.

Seus esforços não foram suficientes para evitar que Fruet – cansado da indefinição de Richa em seu favor – deixasse o ninho tucano. Rossoni estaria pensando, então, em ocupar o vácuo que Gustavo Fruet deixou no partido? É uma hipótese que não deve ser de pronto descartada. A dúvida que fica é se Beto Richa teria sido consultado por Rossoni.

É tudo hipótese, mas se o presidente da Assembleia – hoje personalidade notória e de prestígio na política paranaense – de fato levar avante o suposto plano, certamente causaria grande estrago à candidatura de Luciano Ducci, dependente do apoio (e dos cinco minutos de televisão) que o PSDB lhe garantiria. Por en­­­quanto, porém, é preferível olhar com boa dose de desconfiança as insinuações de Ros­­soni, traídas por certo enigmático olhar maroto.

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