Mesquita e Tortato não teriam boas relações. Por isso a intenção do secretário de tirá-lo do cargo.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Deputados estaduais relatam à coluna que o secretário de Segurança do Paraná, Wagner Mesquita, age – não tanto na surdina – para tirar do comando da Polícia Militar o coronel Mauricio Tortato. Quer aproveitar o fato de que no próximo dia 13 de agosto Tortato alcança o tempo para a reforma (aposentadoria, no jargão militar). Entretanto, esse não é fator determinante para a saída dele do comando. Se ainda estiver no exercício, a data fatal pode ser adiada se o governador Beto Richa (PSDB) quiser mantê-lo no posto.

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OUTRO LADO: Veja o que disseram a Sesp e a PMPR sobre o assunto

As relações de Mesquita com Tortato, porém, não são boas. Os dois não sentam à mesma mesa para tratar de assuntos que digam respeito à segurança pública. O coronel, normalmente, prefere despachar e se entender diretamente com o 3.º andar do Palácio Iguaçu. Sentindo o vácuo no seu quintal, o secretário quer preenchê-lo com um outro coronel mais maleável e mais sensível politicamente do que tem sido o atual comandante.

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Por isso, como sabe que o governador não tem, pessoalmente, a intenção de tirar Maurício Tortato do comando da PMPR, o secretário estaria agindo para criar um fato político, acreditando que alguns deputados aceitem a incumbência de levar até Richa argumentos que o levem a considerar a substituição. Os deputados que foram procurados por Mesquita e avisaram a coluna pediram sigilo da fonte.

Um dos sintomas que levam à interpretação de que o secretário atua no sentido de desprestigiar a PMPR estaria na desproporção dos repasses dos fundos rotativos: a Polícia Civil, embora tenha um efetivo muito menor, recebe muito mais. Para a Polícia Civil, foram destinados R$ 19 milhões, enquanto que para a PM apenas R$ 7 milhões.

Oficiais da Polícia Militar, também ouvidos pela coluna, lamentam que a corporação esteja sendo levada à instabilidade. Há fortes correntes internas que defendem a permanência de Tortato no comando e também agem junto ao governador para que ele não aprove a substituição.

Em nota, Sesp nega crise com o comando da PM

“A Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária nega qualquer discriminação e crise com o comando da Polícia Militar do Paraná. O trabalho conjunto das polícias Militar e Civil é de extrema importância para a política de segurança pública. Todos os assuntos são tratados de forma institucional com foco na Segurança Pública do estado.

Não há que se falar em desprestígio à Polícia Militar. Basta ver que estão sendo adquiridas mais de 1.000 viaturas para a PM e 200 para a Polícia Civil. Foram comprados armamentos modernos, como as 900 pistolas Glock para o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e 350 fuzis para a PM, enquanto que para a Civil foram 200 Glock destinadas às unidades de elite. A Sesp está em processo de compra de mais 3.000 pistolas Glock para equipar ainda mais as duas polícias.

O plano montado pela Sesp para firmar empréstimo com o BID prevê uma série de investimentos para todas as instituições vinculadas à pasta. Com relação à PM, estão previstas a construção da sede do Bope, do 5º Comando Regional em Cascavel, do Batalhão de Patrulha Escolar e Comunitária (BPEC) em Curitiba, do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) em Marechal Cândido Rondon, do 9º Grupamento do Corpo de Bombeiros, da Escola de Bombeiros e ainda reformas do 13º Batalhão em Curitiba e na Academia do Guatupê, além da capacitação de mais de 6.000 policiais em policiamento comunitário e aquisição de viaturas. Assim como, obviamente, há investimentos significativos para a Polícia Civil, além da Polícia Científica e Departamento Penitenciário.

Com relação ao Fundo Rotativo das duas polícias, a proporção estabelecida na Proposta Orçamentária de 2017 é de 57% para a Civil e 42% para a Militar. Entre os gastos da Civil com o Fundo Rotativo está, por exemplo, o custeio e manutenção de 9 mil presos, custodiados provisoriamente nas delegacias enquanto as 14 novas unidades prisionais estão em construção.”

Tortato: “relação cordial e respeito mútuo” com a Sesp

“Em relação à matéria veiculada a respeito de mudanças no Comando da Polícia Militar do Estado do Paraná (PMPR), na condição de Comandante-Geral da Corporação, cumpro o dever de esclarecer que as relações entre a Polícia Militar e a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) operam-se com base na cordialidade, no respeito mútuo e na observância de legítimos fundamentos institucionais.

O mais importante é que a Polícia Militar, independentemente de eventuais mudanças no Comando-Geral da Corporação, continuará a respeitar e honrar o seu compromisso para com a sociedade paranaense como principal braço do Estado, a preservar a ordem pública, cumprindo com o seu mister de salvar vidas, proteger o cidadão, cumprir e fazer cumprir a lei e combater o crime.”

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