Enquanto no Congresso parlamentares batem cabeça para fazer a melhor – para eles! – reforma política, no Paraná o ambiente é de espera. Não dá para arrumar as peças do xadrez sucessório do estado sem, antes, se saber com que regras jogar. Daí, o que se vê são pré-candidatos apenas se esforçando para mostrar a “cara” para que ninguém esqueça de que estão continuamente no aquecimento para entrar na disputa que lhes afigurar possível.
As regras em discussão do Congresso, de fato, influenciam pesadamente o cenário estadual – sobretudo por seus efeitos paralisantes. Não há decisões passíveis de serem tomadas senão depois de sacramentadas todas as normas sob as quais devem transcorrer as campanhas de 2018.
Quem vai arcar com os gastos? Um envergonhado fundo alimentado por fartas verbas públicas? Ou terão os candidatos de recorrer a bingos e sorteios, como já chegou a ser sugerido pelo relator da reforma política, o deputado Vicente Cândido, do PT paulista? Ou ainda terão, como nas eleições de 2016, de passar a sacolinha entre amigos pessoas físicas para arrecadar trocados insuficientes para cobrir as despesas? Haverá alguma brecha para que, de novo, as empresas possam fazer doações? Que empresas estariam dispostas a tanto depois do que viram acontecer na Lava Jato?
Vai ser possível fazer coligações? Essa é uma outra dúvida ainda não resolvida pelo Congresso. A proposta é acabar com essa possibilidade. Se isso acontecer, como sobreviverão os pequenos partidos, cujo papel principal era o de “alugar” seu tempo de televisão para as grandes legendas e, em troca, receber montantes representados por verbas escusas, cargos futuros ou participação em nacos do poder?
E se for adotado o distritão no lugar das eleições proporcionais? Como consequência, estaria implantado um sistema em que legendas partidárias quase nada valem e instituído outro em que prevalecerão as regras do “cada um por si e os outros que se danem”? Pelo distritão, serão eleitos os deputados que, pela ordem, obtiverem as maiores votações, contrariamente ao que existe hoje em que se conta o número de votos dados aos partidos ou às coligações para, proporcionalmente, serem definidos os eleitos.
O distritão até pode corrigir alguns defeitos da proporcionalidade, dentre os quais o de serem eleitos candidatos inexpressivos apenas porque foram “puxados” pelos votos dados às coligações a que pertencem ou por terem tido a fortuna de ser beneficiados por um campeão de votos – caso clássico de Tiririca, eleito deputado federal com 1 milhão de votos, mas que fez bancada com parlamentares que não atingiram 20 mil votos. Entretanto, esses “inexpressivos” impediram que políticos de maior experiência e bons serviços prestados mantivessem seus mandatos.
Enfim, são tantas as pendências que precisam ser resolvidas até o início de outubro próximo – prazo fatal para que as novas leis tenham vigência para a eleição do ano que vem – que não se dá espaço às tratativas político-partidárias que já deveriam estar em curso para a montagem das campanhas, como quase sempre aconteceu em tempos passados.
Enquanto isso, os principais protagonistas da política paranaense, com ambições para 2018, fazem apenas o que podem. O secretário Ratinho Jr. (PSD) passa os dias entregando pequenas obras nos municípios. Osmar Dias (PDT) frequenta feiras e eventos relacionados à agropecuária, seu público cativo. No PMDB, Roberto Requião (que ainda não sabe se quer continuar senador ou se pretende voltar ao Palácio Iguaçu) empenha-se para se defender da ameaça de expulsão do partido. Enquanto isso usa o que tem de melhor: a fala agressiva. O prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestre Filho (PPS), buscar entranhar-se no nicho de uma aspiração popular mais forte – o nicho dos eleitores que querem o “novo”.
O resto virá só depois das regras definidas.
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