A acirrada polarização entre os candidatos Gustavo Fruet (PDT) e Rafael Greca (PMN) na disputa pela prefeitura de Curitiba deste ano já produziu uma boa safra de petardos mútuos. Rafael não perde oportunidade para criticar a escassez de obras da gestão de Fruet; este, por sua vez, classifica o adversário de ser demagogo o suficiente para oferecer ao povo “terrenos na lua”.
Até a semana passada, a troca de críticas ficava no terreno político e administrativo, mas desde esta segunda-feira (15) os petardos disparados por ambos miraram regiões abaixo da cintura. Coisas, digamos mais pessoais, mas com teores capazes de criar constrangimentos político-eleitorais para os dois.
A turma de Fruet atribui a Rafael Greca a divulgação de uma denúncia – publicada na Folha de S.Paulo – de que a primeira-dama municipal e presidente da Fundação de Ação Social (FAS), Marcia Fruet, seria funcionária-fantasma de uma estatal federal. Um edital da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) incluiu o nome de Marcia entre seis servidores que não comparecem ao trabalho.
Pedindo água 1
Para quem afirmava que o Paraná era um dos poucos estados – se não o único – que tinha feito “a lição de casa” e que suas contas estavam equilibradas, o novo “pacotaço” tributário encaminhado à Assembleia ontem é um rotundo desmentido. A derrama fiscal atingirá agora até quem usa água não tratada (de rios, por exemplo, para irrigação agrícola). A intenção é arrecadar mais R$ 100 milhões.
Pedindo água 2
Polêmico, também, é o cheque em branco que o governo pede à Assembleia. Quando aprovado o novo pacote, o Executivo já não precisará de autorização parlamentar para vender ações das estatais, como Copel e Sanepar – as duas joias da coroa. Por falar nisso: passados oito meses de 2016, em que pé está o cumprimento da promessa de investir R$ 6,5 bilhões este ano?
Marcia respondeu: desde 2011 encontra-se em licença sem vencimentos, renovada anualmente de acordo com as normas de gerência de recursos humanos da ABDI. Assegura que sua situação é absolutamente regular – só não há explicações sobre o porque de seu nome ter aparecido na lista.
Já o petardo de Fruet contra Rafael é mais pesado. Não propriamente do prefeito, mas de seu secretário de Governo, Ricardo Mac Donald Ghisi, que, na condição de cidadão comum, protocolou ação na Justiça para cassar a aposentadoria de R$ 12 mil mensais que Rafael ganha da prefeitura.
Mac Donald descobriu que em 2011 o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB), num ato de generosidade, pôs Rafael à disposição do Senado por dois anos seguidos, mas com salários pagos pelo Ippuc, órgão municipal do qual Greca era ainda servidor na ativa, contrariando leis que só permitem cessões de servidores para outros entes públicos sem vencimentos ou mediante ressarcimento a cargo do órgão de destino.
O Senado não confirmou o cumprimento de expediente regular de Greca, nem mesmo no gabinete do senador Roberto Requião (PMDB), de quem ele se dizia assessor.
O argumento jurídico é que estes dois anos de afastamento não deveriam contar para a aposentadoria que, em seguida, Rafael obteve. Logo, não só a aposentadoria deve ser cassada como também devolvidos aos cofres públicos os quase R$ 300 mil que Rafael teria ganho indevidamente. A medida atingiria também seu aliado Luciano Ducci por ter autorizado o afastamento de forma irregular, com juros e correção monetária, claro.
Até o fim da tarde de ontem não se conhecia resposta de Rafael.
Se a campanha começa assim, com que mais o eleitor se surpreenderá até dois de outubro?