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Filmagens escondidas, grampos telefônicos e gravações de voz têm desgraçado a vida de muitos políticos no Brasil nos últimos tempos. Quase todos os casos guardam alguma relação com o Paraná, assim como é do Paraná o episódio de um governador tirado do cargo por ter caído na armadilha de um gravador rudimentar. Aconteceu em 1971 – ano ainda muito distante das modernas tecnologias hoje disponíveis.

Registros audiovisuais, como se sabe, mexem muito com a vida da República. O caso do mensalão, por exemplo, começou deste jeito, nos idos de 2005. Foram dois empresários paranaenses que filmaram o momento em que um funcionário dos Correios recebia pixuleco de R$ 3 mil para o PTB – um dos partidos que, segundo seu presidente, o ex-deputado Roberto Jefferson, eram pagos para apoiar o governo Lula. Também era do Paraná um “operador” do esquema, o deputado José Janene (PP), já falecido.

Registros audiovisuais, como se sabe, mexem muito com a vida da República.

A gravação foi o estopim da CPI dos Correios, que teve dois relatores paranaenses, os deputados Osmar Serraglio e Gustavo Fruet. Seu presidente era o senador Delcídio do Amaral. Da CPI resultou a Ação Penal 470, que condenou 25 réus à prisão. Lula não sabia de nada, mas até seu mais poderoso ministro, José Dirceu, da Casa Civil (que durante a ditadura se escondeu no Paraná, casou-se e aqui teve um filho), foi condenado e preso na companhia, dentre outros, do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Dez anos depois, quando deflagrada a Operação Lava Jato, descobriu-se que o esquema estava ainda ativo e mais sofisticado, envolvendo fortunas maiores para abastecer políticos, partidos, empreiteiros, lobistas etc. com dinheiro público. Já há vários condenados presos no Paraná após passarem pelos rigores do Ministério Público Federal do Paraná e do juiz paranaense Sergio Moro.

E agora temos o caso do senador Delcídio Amaral, gravado quando arquitetava a fuga do delator Nestor Cerveró para que este não contasse o que sabia a respeito dele. Se perder o mandato, Delcídio terá de embarcar um dia num voo para o Paraná.

Voltando ao caso (pré)histórico do Paraná: a “vítima” foi o governador Haroldo Leon Peres, nomeado pelos militares em janeiro de 1971, empossado em março e “renunciado” em novembro. Foram nove meses entre a glória e a desgraça – tudo porque um “avançado” gravadorzinho registrou o momento em que pedia propina ao empreiteiro paranaense Cecílio Almeida numa praia do Rio.

A gravação foi entregue aos generais do SNI. Poucos dias depois, Leon Peres se despedia tristemente do Palácio Iguaçu. E do Paraná.

Olho vivo

Bengala 1

O desembargador Clayton Camargo está a ponto de realizar seu sonho: ficar mais cinco anos na ativa e, aproveitando este período, voltar à presidência do Tribunal de Justiça, da qual foi afastado em 2013 em meio a denúncias. Acabou ganhando o direito de retornar ao gabinete de desembargador, mas, ao completar 70 anos em março próximo, teria de se aposentar compulsoriamente.

Bengala 2

Providencialmente, porém, na semana passada o Congresso derrubou o veto de Dilma e aprovou a Lei da Bengala, que fixa a compulsória aos 75 anos. Na Assembleia do Paraná, o deputado Fernando Scanavaca (PDT) ensaia um projeto para incluir o mesmo dispositivo na legislação estadual. Já conta com o apoio de vários colegas. É tudo quanto Camargo mais queria.

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