O deputado Enio Verri, do PT, foi oficializado ontem como líder da bancada de oposição na Assembleia. Terá uma tropa pequena para comandar: além dos seis deputados do próprio partido, contará com outra meia dúzia de parlamentares que preferiu não aderir (ainda) ao governismo. Com a experiência de quem foi secretário de Planejamento durante o último mandato de Requião, conhece bem a realidade estadual e os meandros da administração pública. Portanto, presume-se que reúna as condições para fazer, como diz, "oposição qualificada" ao governo de Beto Richa.
Do outro lado está o deputado Ademar Traiano, do PSDB, respondendo pela liderança do governo. Embora sem a mesma experiência administrativa de Verri, o tucano terá a seu favor dois requisitos básicos para conquistar a simpatia e a obediência do seu exército: primeiro, o fácil acesso às informações do governo para abastecer seu arsenal de ataque e defesa; segundo, a natural disposição dos parlamentares de servir ao governo, não importa qual.
Era o que se via, por exemplo, ao tempo em que o deputado Luiz Cláudio Romanelli foi líder de Requião: conseguia aprovar quase tudo o que era proposto pelo governo e rejeitar o que não interessava. Mas nem Romanelli resistiu à misteriosa e fatal atração que os governos costumam exercer tanto que virou secretário do Trabalho para servir ao mesmo grupo político que no passado combatia.
Enio Verri não poderá se mirar-se tanto nos exemplos do passado, quando Romanelli dividia o campo com os combativos deputados Valdir Rossoni (hoje presidente da Assembleia) e Élio Rusch. O cenário era diferente: os governos estadual e federal eram do mesmo estrato. PT e PMDB eram aliados tanto no Paraná quanto no Planalto.
Agora não: o Paraná é tucano como Traiano e o Planalto é petista como Verri. E, então, o novo líder da oposição já tem à sua frente uma primeira dificuldade: ele é dos que defendem que o salário mínimo nacional deve ser limitado aos R$ 545,00 proposto por Dilma; é contra os R$ 580,00 reivindicados pelos sindicalistas. Mas dentro de alguns dias ou semanas, chegará à Assembleia projeto de Richa (que está sendo negociado por Romanelli) que elevará o piso regional para perto de R$ 800,00, com aumento acima da inflação.
Verri será contra ou a favor desse aumento? E Traiano será a favor, quando, no passado, ele dizia que a criação do piso salarial regional era uma "ingerência de Requião na iniciativa privada". Haja oposição (e situação) qualificada.
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Olho vivo
Hora do lanche 1
Notícia disponível no site do Tribunal de Justiça: "De iniciativa do presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, desembargador Miguel Kfouri Neto, às segundas-feiras, haverá no TJ o lanche da cúpula diretiva com um grupo de desembargadores. Para isso, pela ordem de antiguidade, os 120 desembargadores foram divididos em cinco grupos e, a cada segunda-feira, os cinco primeiros de cada grupo participarão do lanche, a partir das 17 horas."
Hora do lanche 2
Prossegue a notícia: "O objetivo do encontro é estabelecer diálogo aberto com os dirigentes, que ouvem sugestões sobre o andamento dos trabalhos da administração. A oportunidade é valiosa, também, para salutar troca de ideias. Na segunda-feira ocorreu a primeira reunião. Diversos desembargadores se pronunciaram e puderam ouvir do presidente e demais dirigentes as explicações solicitadas. Todos elogiaram a iniciativa, que concretiza o ideal de uma gestão aberta e democrática."
Na pauta
Por falar em Tribunal de Justiça: o CNJ agendou para a próxima terça-feira o julgamento do Processo 9.574/2011 que questiona a legalidade da eleição do desembargador Miguel Kfouri Neto para a presidência. A representação enviada ao conselho argumenta que a cúpula dos tribunais deve ser constituída pelos mais antigos membros do colegiado condição que Kfouri, 55.º da lista, não preencheria. Eleito em novembro e empossado no início do mês, o novo presidente viajou a Brasília anteontem para cumprir "extensa agenda de compromissos oficiais". Nota divulgada pelo TJ não esclarece se os compromissos incluem contatos no CNJ.
(e)Letivo
Presidente da Câmara e do PSDB curitibanos, o vereador João Cláudio Derosso fez parte, ontem, da comitiva do prefeito Luciano Ducci a escolas municipais no primeiro dia do ano letivo. Faz parte da estratégia política: aparecer sempre junto pode credenciá-lo a ser vice na chapa de reeleição do prefeito, que é do PSB. Com isso, Derosso pretende encurtar o campo em que se move Gustavo Fruet, tucano como ele, para ser o candidato do partido à prefeitura em 2012.
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