Teria sido mais aconselhável que a posse de Beto Richa como governador do estado tivesse se dado já no dia seguinte ao da eleição de 3 de outubro. Nesse caso, o Paraná teria hoje um só governador e não um segundo para dividir o poder com o atual, Orlando Pessuti.

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Há sinais dessa pretensão: o deputado designado por Richa para liderar a futura bancada situacionista na Assembleia Legislativa, o tucano Ademar Traiano, já articula seus pares para barrar projetos encaminhados à apreciação do Legislativo por Pessuti.

E fala grosso também em relação a outras iniciativas tomadas pelo atual governo que não necessitem de aprovação da Assembleia. Por exemplo: contratos firmados agora poderão ser rompidos pelo futuro governo – método, aliás, aprendido com Roberto Requião, que tentou coisa semelhante em contratos assinados por Jaime Lerner, sem sucesso.

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Estão na lista negra de Traiano – que diz falar em nome de Beto Richa – até mesmo atos inexistentes, como a suposta renovação de um contrato que já teria sido firmada pela Para­napre­vidência com a Caixa Econômica para gerir a folha de pagamento de aposentados e pensionistas. Pessuti nega ter assinado qualquer contrato nem fixou valores – apenas iniciou a negociação com a Caixa porque foi procurado pelo banco e porque o contrato vigente está em vias de acabar.

Mas isso até seria o de menos se da lista não constasse também o plano de não deixar que seja votado na Assembleia o projeto que cria a Defensoria Pública – organismo previsto nas constituições federal e estadual desde 1988 para garantir assistência jurídica para pessoas necessitadas. Nesses 21 anos, dos quais 19 governados por Jaime Lerner e Requião, a Defensoria não foi criada. Traiano acha que o projeto deve esperar Beto Richa, assim como as centenas de presidiários e famílias carentes que precisam de advogados gratuitos.

Contratar projetos para obras importantes, como a rodovia interportos, também não pode. É assunto que só deve ser tratado pelo governador futuro, segundo o deputado porta-voz da administração paralela. Algo parecido com o projeto de construção do metrô de Curitiba, deixado por Cassio Taniguchi para Beto; de Beto para Beto; de Beto para Luciano Ducci; e provavelmente de Ducci para quem o suceder, que até pode ser o próprio Ducci.

Pessuti reage à tentativa do sucessor – ou de seus representantes – de reduzi-lo à condição de encarregado apenas de apagar a luz do palácio. Além de deixar claro que vai exercer seu mandato na plenitude que as leis lhe conferem, diz: "não pretendo avançar no governo de Beto Richa, mas também não admito que Beto avance no meu."

Em entrevista a uma emissora de rádio na sexta-feira, Pessuti reagiu à brincadeira de outro deputado do grupo de Beto Richa, seu possível chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni. Ele classificou o governador atual de "exterminador do futuro". Em resposta, Pessuti achou outra auto-definição: "Sou um desatador de nós; um arrumador do presente e um preparador do futuro."

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Tudo exagero. Ele é apenas governador. Até a hora de transmitir o cargo para o outro.

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Olho vivo

O fim...

Quando os ponteiros se encontrarem às 24 horas de hoje, nenhum grama de lixo poderá entrar no aterro sanitário do Caximba. É que, a partir da zero hora desta segunda-feira, dia 1.º, passa a vigir a determinação judicial que mandou a prefeitura de Curitiba fechá-lo definitivamente em razão do seu esgotamento e dos danos ambientais que causou ao longo dos últimos 20 anos. Com isso, as 2,5 mil toneladas diárias de lixo de 19 cidades metropolitanas serão depositadas em dois novos aterros, um em Fazenda Rio Grande (Estre) e outro na CIC (Essencis).

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... os espasmos...

Enquanto se toma esta solução paliativa, permanecem os espasmos jurídicos em direção à solução proposta como definitiva – a implantação da usina de industrialização. Em uma semana, duas decisões judiciais foram tomadas para corrigir as irregularidades cometidas ao longo do processo de concorrência da prefeitura de Curitiba para escolha da empresa que seria responsável pela construção e operação da usina.

... e a volta

Na primeira, o TJ determinou que fosse acatado o parecer do Tribunal de Contas que apontou erros na pontuação para habilitar as concorrentes. Com isso, o consórcio Recipar (anunciado como vencedor), foi desclassificado. O 2.º lugar, consórcio Paraná Ambiental, teve o mesmo destino. O 3.º lugar, da construtora Tibagi, também ficou fora. Sobrou a 4.ª colocada, a Cavo. Mas em outra decisão, no fim da tarde de sexta-feira, voltou a garantir o seu direito de se manter na disputa.