A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Ministério Público Estadual vão investigar possível manipulação nas negociações de papéis da Sanepar na Bolsa de Valores de São Paulo. Na última quarta-feira (12), as ações da companhia foram retiradas do leilão em razão da expressiva baixa na cotação. Poucas horas após a abertura do pregão, a queda chegou a 5,7%; logo depois voltaram a ser negociadas, mas no fim a desvalorização ficou ainda maior, em 8,3%.
CVM e MP foram convidados a se debruçar sobre as origens das oscilações desde que a Sanepar promoveu uma “reavaliação dos seus ativos” que valorizaram seu patrimônio em 26%. Antes da reavaliação, investidores encheram as burras com ações baratas, que, logo em seguida, lhes renderam grandes lucros.
Salvo grandes cataclismos, como os que ocorreram na Petrobras e que por meses afundaram suas ações, são raras as baixas na proporção das experimentadas pela Sanepar no dia 12. O “mercado” encontrou rápida explicação para o problema: é que a Agência Reguladora do Paraná (Agepar) dividiu em oito anos o aumento de 26% nas tarifas para refletir a valorização do patrimônio. Os acionistas privados queriam que o parcelamento se desse em no máximo quatro anos para auferir dividendos mais polpudos na metade do tempo.
Não conseguiram. Problema deles. Põem seu dinheiro na bolsa sabendo do risco de perder ou de não ganhar o que esperam. Aparentemente, o povo em geral consumidor dos serviços da Sanepar não teria nada a ver com o prejuízo deles. Mas, indiretamente, é ele quem vai pagar o pato.
Neste primeiro ano de vigência do aumento, o consumidor vai amargar com uma alta de 8,5% e nos próximos sete com reajustes sucessivos de 2,1%, em valores sempre corrigidos pela taxa oficial de juros. A estes aumentos decretados em favor dos acionistas que em janeiro e fevereiro se locupletaram com ações a baixo preço, devem se somar os reajustes anuais normais. Por exemplo: se em 2018 o reajuste “normal” for de 8%, a ele será acrescentada aquela parcela mínima de 2,1%, totalizando pelo menos 10%.
Sem contar que a lucratividade da Sanepar também vai aumentar por outras razões que atingirão o lombo dos mais pobres: a tarifa social cairá de 10 mil litros/mês para 5 mil. Consumidores que usavam até 10mil litros por mês pagavam R$ 9,90; a partir agora, quem passar de 5 mil litros/mês pagará R$ 46,00.
Os acionistas festejam, apesar de, vez ou outra, seus investimentos não renderem tanto quanto gostariam.
Na defesa 1
Advogados de Osmar Dias detectaram vários “furos” e esperam já nos próximos dias ingressar com pedido de arquivamento sumário da delação em que o ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis, diz ter repassado R$ 500 mil diretamente, em caixa 2, ao então candidato ao governo paranaense na eleição de 2010. Planilhas do departamento de propinas da empreiteira, de fato indicam uma doação naquele valor e no mesmo mês (setembro) citado pelo delator, mas ao diretório nacional do PDT e de forma legal.
Na defesa 2
Segundo os advogados, tratava-se de uma doação oficial e não de caixa 2, ao contrário do que disse o delator, e nem foi negociada por Osmar mas pelo presidente do PDT, Carlos Lupi. Foi depositada na conta do diretório nacional do partido (Banco co Brasil, agência 1257, c/c 33.311-5), posteriormente repassada à campanha de Osmar Dias e registrada em conta específica do seu comitê financeiro. O valor fez parte de um total de R$ 5 milhões transferidos e registrados pelo partido como contribuições legais.
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