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Nos corredores

Sundown

O advogado José Carlos Cal Garcia Filho passou o fim de semana no Uruguai, reunido com os empresários Izidoro Rozenblum Trosman e o filho Rolando Rozenblum Elpern. Os dirigentes do grupo Sundown estão foragidos do Brasil desde o ano passado. Eles devem ter a condenação por crime de corrupção revogada nos próximos dias, graças à anulação das provas conseguidas durante dois anos de escutas telefônicas na antiga sede da fabricante de bicicletas e motos, em São José dos Pinhais. No encontro, advogado e clientes decidiriam sobre um possível retorno dos dois ao Brasil.

Água fria

Os planos do paranaense Osmar Serraglio (PMDB) de concorrer à presidência da Câmara dos Deputados ficaram mais murchos. Principal rival do parlamentar, o paulista Michel Temer teria conseguido aval definitivo de Lula na semana passada. A cinco meses e meio das eleições, o presidente teria deixado claro que quer Tião Viana (PT-AC) no comando do Senado e Temer na Câmara. A estratégia é manter a aliança PT-PMDB firme até 2010. Serraglio, que presidiu a CPI dos Correios, é identificado como alguém próximo demais à oposição.

Coordenador

Em período de eleições municipais, pouco se fala em Brasília em mudança na coordenação da bancada paranaense no Congresso Nacional. No ano passado, os 33 deputados e senadores do estado se comprometeram a trocar de líder a cada ano. Se cumprirem o prometido, a escolha deve ocorrer em meados de outubro. Não se sabe se o atual coordenador, Dilceu Sperafico (PP), quer permanecer no cargo. Entre outras funções, o representante age em nome da bancada durante a formulação do orçamento anual da União.

Um figurão da política nacional garante: o PSDB tem grandes chances de disputar a próxima eleição presidencial com chapa pura. O inusitado é que o DEM estaria disposto a patrocinar a idéia, desde que o governador de São Paulo, José Serra, encabeçasse a dobradinha. O acordo, segundo a fonte, começou a ser costurado há seis dias, em Curitiba.

As conversas reservadas sobre 2010 dominaram a reunião de caciques tucanos, do PPS e do antigo PFL no jantar de apoio à reeleição de Beto Richa. Estrategicamente, o ex-presidente do DEM, Jorge Bornhausen, deixou escapar que apoiaria sem problemas uma dobradinha com nomes do PSDB. Mesmo sem mandato no momento, o ex-senador continua dando as cartas no partido, principal aliado dos tucanos.

Mais do que selar um acordo antecipado, Bornhausen tenta fazer a sua parte para acabar com a eterna disputa entre Serra e Aécio Neves. A idéia é resolver logo a questão e começar a juntar forças para encarar uma dupla que deve ser selecionada a dedo pelo presidente Lula. A escolha pelo governador de São Paulo, em detrimento ao mineiro, seria mais cômoda.

Na leitura da maioria dos líderes da oposição, Serra é o nome da vez por conseguir unificar eleitores do eixo Sul-Sudeste. Aécio, apesar do "pedigree" Neves, desponta como uma opção mais arriscada. O melhor seria que ele aceitasse a Vice-Presidência e esperasse por 2014.

A pressa, por outro lado, reflete a angústia da oposição. Pesquisa após pesquisa, Lula chega a patamares de aprovação "nunca antes imaginados na história deste país". Além disso, o presidente já fez seus planos para a sucessão e faz questão de executá-los com disciplina.

Lula não esconde de ninguém que quer deixar sua cadeira para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Nos últimos meses, também tem deixado claro que quer reforçar a aliança com o PMDB. O preferido de Lula para o posto está na ponta da língua – o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).

Apesar de Serra e Aécio despontarem com mais força do que qualquer adversário nas sondagens para 2010, o presidente tem demonstrado seu toque de Midas em campanhas municipais por todo Brasil. Nas 26 capitais em disputa, o PSDB só tem vida fácil em Curitiba. Também por isso a cidade agrupou tantos oposicionistas na semana passada.

Os bons números de Beto Richa são um raríssimo oásis para tucanos e democratas. Alguns deles – poucos – já se deram conta da miragem. A maioria, no entanto, não faz muita questão de enxergar o tamanho do deserto que será necessário percorrer para retomar o Palácio do Planalto.

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