Nos corredores
Sempre carnaval
O Senado entra na semana de carnaval sem ter votado sequer um projeto desde que o começo dos trabalhos no Congresso Nacional, no dia 1º de fevereiro. A Casa permaneceu emperrada por causa da briga pelo comando das comissões permanentes e por cargos na Mesa Diretora. Ainda assim, os parlamentares receberam salários e verba indenizatória normalmente. Em um mês sem votações, os gastos nesses dois quesitos ficaram em R$ 2,5 milhões.
Êxodo japonês
O deputado federal Hidekazu Takayama (PSC) recebeu na semana passada uma carta do embaixador japonês, Ken Shimanouchi, sobre a situação dos brasileiros que vivem no Japão e são afetados pela crise financeira mundial. Shimanouchi disse que o governo japonês trabalha desde janeiro com um pacote específico para estrangeiros, que prevê melhorias nas condições de moradia, educação e trabalho. O retorno dos imigrantes brasileiros, que sofrem com as demissões em massa no país asiático, afeta principalmente o Norte do Paraná.
A trajetória política de Alvaro Dias completa quatro décadas em 2009. Pelo longo caminho, 11 eleições disputadas, com oito vitórias e três derrotas. Um aproveitamento de 72% que o senador do PSDB pretende colocar à prova mais uma vez em 2010.
A história começa com um simples mandato de vereador de Londrina, em 1969. Aos 23 anos, ele foi o terceiro mais votado em um pleito que também revelou o hoje deputado estadual Antonio Belinati (PP). Empolgados, ambos disputaram a eleição seguinte para prefeito da cidade, mas foram derrotados por José Richa.
Depois disso, Alvaro teve uma ascensão meteórica. Foi deputado estadual (1971-1974) e deputado federal (1974-1978). Na reeleição para a Câmara, em 1978, fez a maior votação da história do Paraná para o cargo, feito que equivaleria atualmente a 600 mil votos.
Em 1982, venceu a disputa ao Senado contra Ney Braga, principal líder político do estado desde os anos 50. Quatro anos depois, emendou mais uma façanha e conseguiu eleger-se governador com 74% dos votos válidos. A máquina de vitórias, porém, começou a dar sinais de cansaço em 1994.
Nesse ano, Alvaro foi derrotado por Jaime Lerner no primeiro turno da eleição para governador. Fez 38% dos votos válidos contra 54% do rival. O revés provocou oito anos seguidos sem mandato único período ao longo dos 40 anos de carreira.
O retorno ocorreu em 1998, com a segunda eleição para o Senado. Fortalecido outra vez, Alvaro era o favorito na disputa contra Roberto Requião pelo governo do estado, em 2002. Liderava as pesquisas até cinco dias antes da votação do segundo turno.
"Perdi com um gol de mão do Lula aos 47 do segundo tempo", lembra, ao falar do empurrãozinho do presidente na reta final da campanha do peemedebista. Veio por último a reeleição para o Senado, em 2006, em uma apertada briga com a então desconhecida Gleisi Hoffmann (PT). O resultado gerou desgaste e uma dúvida será esse o começo do fim?
Aos 63 anos, Alvaro garante que não e quer porque quer ser candidato a governador em 2010. A estratégia da pré-campanha já está até montada surfar na onda de antecipação da disputa presidencial. Para o senador, quanto antes forem definidos os nomes, mais chances de vitória.
O antes de Alvaro tem data marcada. Ele desistiu de brigar pelas prévias e defende que uma pesquisa a ser realizada em julho defina quem será o candidato tucano no Paraná. Para moralizar a ideia e não gerar suspeitas, diz que o estudo deve ficar nas mãos do diretório nacional do partido.
O plano de Alvaro é obviamente uma maneira de barrar a candidatura de Beto Richa. Afinal, não há como o prefeito anunciar que pretende largar o segundo mandato com apenas seis meses de trabalho. Por mais popular que seja, não haveria como amenizar o desgaste eleitoral desse abandono.
Não há nada, por enquanto, que indique que os planos de Alvaro darão certo. Até porque ainda há o problema com o irmão Osmar Dias (PDT) a ser resolvido ambos garantem que não haverá uma disputa em família em qualquer hipótese. Na política, porém, é sempre sensato levar a experiência em conta.
Com quatro décadas de disputas eleitorais nas costas, Alvaro não pode ser simplesmente considerado carta fora do baralho. Com mandato até 2015 no Congresso, ele é o nome que tem menos a perder no ano que vem. Seria um coringa na montagem de qualquer cenário. O que resta saber é se o eleitor paranaense, depois de tanto tempo de jogo, não estaria mais propenso a descartá-lo.
agoncalves@gazetadopovo.com.br
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